domingo, 4 de setembro de 2011

Solidão, sim ou não?

Hoje, em pleno domingo a tarde, resolvi parar um pouco com tudo o que fazia, com a física, com a química, com a biologia, com a matemática, até mesmo com o livro de contos (fantásticos ou maravilhosos? acredito que ambos, em todos os sentidos!) do Murilo Rubião, simplesmente para apreciar um pouco de alguns dos meus blogs preferidos, afinal, quase 6 meses sem ler ou comentar a maioria dos blogs destroi meu coração e minha mente!

Entrei no blog de uma pessoa super querida, que já considero uma amiga de longe, o blog Bicicleta de Krebs (www.bicicletadekrebs.blogspot.com). Além dos belos poemas, das belas poesias de sempre, deparei-me com um ótimo e também belo texto, falando de solidão, de início hesitei em compartilhar aqui no blog, mas, como é um tema profundo e que me encanta (sim, a solidão me encanta, na verdade, é meu refúgio, algo como refugiar-se em si mesmo e descobrir do que você é capaz, entrar em contato com o eu-interior…) resolvi que não poderia deixar passar em branco. Apenas lamento que o(a) autor(a) seja desconhecido, adoraria conhecê-lo(a)!

"Que me desculpem os desesperados, mas solidão é fundamental para viver.
Sem ela não me ouço, não ouso, não me fortaleço.

Sem ela me diluo, me disperso, me espelho nos outros, me esqueço.

Não penso solto, não mato dragões, não acalanto a criança apavorada em mim, não aquieto meus pavores, meu medo de ser só.

Sem ela sairei por aí, com olhos inquietos, caçando afeto, aceitando migalhas,
confundindo estar cercada por pessoas, com ter amigos.

Sem ela me manterei aturdida, ocupada, agendada só para driblar o tempo e não ter que me fazer companhia.

Sem ela trairei meus desejos, rirei sem achar graça, endossarei idéias tolas só para não ter que me recolher e

ouvir meus lamentos, meus sonhos adiados, meus dentes rangendo.

Sem ela, e não por causa dela, trocarei beijos tristes e acordarei vazia em leitos áridos.

Sem ela sairei de casa todos os dias e me afastarei de mim, me desconhecerei, me perderei.
Solidão é o lugar onde encontro a mim mesma, de onde observo um jardim secreto e por onde acesso o templo em mim.
Medo? Sim. Até entender que o monstro mora lá fora e o herói mora aqui dentro.

Encarar a solidão é coisa do herói em nós, transformá-la em quietude é coisa do sábio que podemos ser.
Num mundo superlotado, onde tudo é efêmero, voraz e veloz a solidão pode ser oásis e não deserto.
Num mundo tão estressado, imediatista, insatisfeito a solidão pode ser resgate e não desacerto.

Num mundo tão leviano, vulgar, que julga pelas aparências e endeusa espertalhões,
turbinados, bossais, a solidão pode ser proteção e não contágio.

Num mundo obcecado por juventude, sucesso, consumo a solidão pode ser liberdade e não fracasso.
Solidão é exercício, visitação.
É pausa, contemplação, observação.

É inspiração, conhecimento.

É pouso e também voo.

É quando a gente inventa um tempo e um lugar para cuidar da alma, da memória, dos sonhos;

quando a gente se retira da multidão e se faz companhia.

Preciso estar em mim para estar com outros.
Ninguém quer ser solitário, solto, desgarrado.

Desde que o homem é homem, ou ainda macaco, buscamos não ficar sozinhos.

Agrupamo-nos, protegemo- nos, evoluímos porque éramos um bando, uma comunidade.

Somos sociáveis, gregários.

Queremos amigos, amores.

Queremos laços, trocas, contato.

Queremos encontros, comunhão, companhia.

Queremos abraços, toques, afeto.
Mas, ainda assim, ouso dizer: é preciso aprender a estar só para se gostar e ser feliz.
O desafio é poder recolher-se para sair expandido.

É fazer luz na alma para conhecer os seus contornos,

clarear o caminho e esquecer o medo da própria sombra.
Ouse a solidão e fique em ótima companhia."

Autor desconhecido

Para não perder o costume, deixo aqui um curta-metragem, que além de outros debates (alguns muito polêmicos, inclusive), trata da solidão, mesmo que estejamos diante de uma multidão e de bons amigos…

Uma ótima semana a todos!

Um comentário:

  1. Solidão bem administrada é bálsamo; alimenta a alma tanto quanto estar cercado de quem a gente ama de verdade e que nos ama também. Belíssima essa prosa que é uma verdadeira poesia, Letícia. Meu abraço. Paz e bem.

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