terça-feira, 27 de setembro de 2011

Quase uma volta ao passado

Consequência de uma pausa...
Acredito que já há algum tempo não falo sobre mim, sobre minhas impressões, sobre meus olhares e, principalmente, sobre o vestibular. Acontece que quando criei o blog meu intuito era apenas desabafar, ter um local para poder derramar tudo o que eu pensava. Pessoas que tem mente hiperativa tal como eu sabem como é difícil manter controle em algumas situações, e eu precisava simplesmente despejar tudo o que me afligia, tudo o que perpassava pela minha mente, e assim também me desfazer de alguns conteúdos ocupando lugar no meu cérebro. Então, quando tudo começou, eu usava o blog simplesmente para mostrar um pouco de mim...entretanto, como eu tinha feito tudo num segundo de impulso, dei-me conta, depois, do quanto poderia ser perigoso falar sobre mim numa página que qualquer um poderia acessar e tirar informações que futuramente poderiam me prejudicar, diante desse receio diminui drasticamente os textos nos quais minhas impressões pessoais e minha vida eram expostas. Quem me acompanha há algum tempo sabe que eu falava bastante sobre mim, minha vida, minha família, não expunha tudo, nem totalmente, mas, de certa forma, era exposição. Depois, veio a célebre desculpa da falta de tempo, que também prejudicou o andamento do blog e facilitou a publicação de textos de outros autores. Enfim, acontece que hoje, me deu uma vontade enorme de escrever aqui, de dizer alguma coisa minha, que eu penso, que me pertence, e aqui estou...na verdade, não sei ao certo como sairá esse texto, porque na verdade, só sei da vontade de escrever, não sei o assunto da vontade, se é que me entendem...
Uma ideia começa a passar pela minha cabeça, acho, inclusive, que eu estou errada quanto à falta de tempo, no fundo, o que me "desprendeu" do blog foi ter iniciado sessões de terapia com uma psicóloga. Sei que muitos devem estar pensando que eu sou realmente louca, que eu tenho problemas mentais, que estou surtando, ou sei lá, mas, muitos desconhecem o fato de que terapia é uma coisa natural - acho até que se todos fizessem acompanhamento psicológico o mundo seria bem melhor, sem contar que é uma forma de auto-conhecimento, de melhorar a qualidade de vida. Desde o meu terceiro ano do ensino médio, quando as pressões começaram e a vida adulta começou a me chamar, algumas pessoas pediam ou davam dicas para que eu fizesse a terapia, e eu, com toda minha máscara de auto-controle, dona de si, dona da verdade e etc, sempre recusava, até que dei-me conta do quanto eu precisava de apoio, pena que foi só 2 anos depois que eu reconheci algumas das minhas fraquezas...E eis que aparece uma super psicóloga na minha vida, então, acho que no fim, eu atribuía ao blog a função de terapia, e, quando eu reconheci o poder de sessões terapêuticas "de verdade", profissional, "meio que abandonei" o blog, afinal, supostamente ele foi substituído por uma profissional qualificada...
A partir do momento em que eu descobri o poder da terapia, minha vida se transformou, lógico que tudo faz parte de um processo - que ainda está em andamento e é demorado - afinal, não é de um dia para o outro que ficamos conhecendo quem nós somos, e somos capazes de assimilar tudo para melhorar a qualidade de vida, as relações inter-pessoais, o modo como enxergamos as coisas e etc. E ainda descobri que a psicologia é uma área simplesmente magnífica, digna de ser estudada (como eu tenho feito na medida do possível, nas horas vagas e de lazer), diante disso sou a favor de que psicólogos tenham salários mais valorizados, e, imagina só se mais médicos trabalhassem em conjunto com psicólogos?!! Acredito que seria uma ótima forma de aperfeiçoar e até mesmo agilizar os tratamentos. Parto desse princípio até mesmo por experiência própria, visto que minha mãe, nutricionista, trabalha em conjunto com médicos e psicólogos, ajudando os obesos, os que estão com sobrepeso, os anoréxicos e bulímicos (não sei se é bulímicos o certo, bateu a dúvida...) a terem mais saúde e qualidade de vida. A psicologia é uma área que me encanta cada vez mais (confesso que só não encanta tanto quanto medicina...), e não me canso em dizer o que percebo todos os dias, que todos deveriam ter a oportunidade de ao menos experimentar uma sessão, principalmente se for um terapeuta corporal, porque mesmo nos olhando todos os dias através do espelho, podem ter certeza, não conhecemos nem um pouco do nosso corpo, e saibam, também, que nosso corpo diz muito sobre nós, sobre nossa personalidade.
Para àqueles que ainda acham que eu sou louca, confesso que só fui capaz de ir atrás de apoio psicológico depois de não aguentar mais, depois de perceber que eu não conseguia mais progredir sozinha, depois que eu praticamente surtei, chorando constantemente, diga-se de passagem. Então, talvez eu seja realmente louca, até mesmo porque, como dizem por aí "de louco todo mundo tem um pouco", a diferença é que eu estou tentando contornar minhas loucuras, pior são os que estão aí, resignados, achando-se superiores aos outros, enganando-se com a ideia de que conseguem tudo sozinhos...o que dura até que uma crise ocorra! E, acreditem, para mim não foi fácil reconhecer essa necessidade, reconhecer que precisava de ajuda, bem como não é fácil falar abertamente, para qualquer um ler, que faço sessões de terapia, fazer o quê né, minha personalidade, não dá para ser mudada, mas dá para ser aperfeiçoada, dá para me transformar cada vez mais num verdadeiro ser humano e, quem sabe, fazer a diferença em alguma situação, em algumas vidas, já que mudar o mundo é difícil (não impossível!).
Bom, devido a deterioração do tempo e a modificação do layout, nem sei mais se escrevi muito ou pouco, ou melhor, levando em consideração que eu sempre escrevo muito, acho que dessa vez foi até pouco. Não tenho esperanças de que através desse texto alguém se dê conta da necessidade e da importância que um psicólogo poderia ter em sua vida, acredito, inclusive, que muitos são equilibrados o bastante para conseguirem viver sem esse apoio. Escrevi apenas porque deu vontade, apenas para relatar algumas experiências, se ajudou alguém, fico feliz, se não foi dessa vez, fico feliz também, pois, apesar de tudo, consegui escrever hoje e nada mais fiz do que seguir minha intuição. Considero esse texto como uma volta ao passado, ao tempo em que eu abria a página em branco do blog e pensava: e então, sobre o que vou escrever hoje, o que tenho pra desabafar e me aliviar? Sabe aquele sentimento saudosista, aquela pequena coisa que acontece e te lembra algo do passado, aquela vontade de voltar no tempo...então, acho que isso aconteceu hoje...pode ser que seja a sensação de que agora, felizmente, meus sonhos estão perto de se tornarem realidade, se não fosse por isso, gostaria de voltar ao passado com a experiência de hoje...na real, quem nunca disse isso, não sofreu ou não passou por determinadas situações, não é mesmo?! De qualquer forma, estou me sentindo muito bem por ter deixado de lado um pouco os estudos e passado um tempinho por aqui, escrevendo, pensando, refletindo...
E, como de costume, deixo aqui uma música que há muito gostaria de ter compartilhado com vocês, espero que gostem tanto quanto eu, porque eu não me canso de ouvi-la! A letra é linda "de morrer", o som é perfeito, o artista faz um ótimo e belo trabalho também. Se alguém quiser mais indicações de Marcelo Jeneci só me mandar um e-mail que eu responderei e indicarei algumas músicas com o maior prazer, na verdade, hoje em dia nem se usa mais isso né, "só por no google" - nesse caso, "só por no you tube", hahaha Ah, e a música também me ajuda nos dias mais difíceis, como já disse, a letra é simplesmente perfeita...(tá, vou parar com a "tietagem", isso cansa os outros, principalmente quem não gosta!)
Tenham uma ótima semana, muito feliz, mesmo que um dia ou outro seja mais difícil...  ;)

domingo, 4 de setembro de 2011

Solidão, sim ou não?

Hoje, em pleno domingo a tarde, resolvi parar um pouco com tudo o que fazia, com a física, com a química, com a biologia, com a matemática, até mesmo com o livro de contos (fantásticos ou maravilhosos? acredito que ambos, em todos os sentidos!) do Murilo Rubião, simplesmente para apreciar um pouco de alguns dos meus blogs preferidos, afinal, quase 6 meses sem ler ou comentar a maioria dos blogs destroi meu coração e minha mente!

Entrei no blog de uma pessoa super querida, que já considero uma amiga de longe, o blog Bicicleta de Krebs (www.bicicletadekrebs.blogspot.com). Além dos belos poemas, das belas poesias de sempre, deparei-me com um ótimo e também belo texto, falando de solidão, de início hesitei em compartilhar aqui no blog, mas, como é um tema profundo e que me encanta (sim, a solidão me encanta, na verdade, é meu refúgio, algo como refugiar-se em si mesmo e descobrir do que você é capaz, entrar em contato com o eu-interior…) resolvi que não poderia deixar passar em branco. Apenas lamento que o(a) autor(a) seja desconhecido, adoraria conhecê-lo(a)!

"Que me desculpem os desesperados, mas solidão é fundamental para viver.
Sem ela não me ouço, não ouso, não me fortaleço.

Sem ela me diluo, me disperso, me espelho nos outros, me esqueço.

Não penso solto, não mato dragões, não acalanto a criança apavorada em mim, não aquieto meus pavores, meu medo de ser só.

Sem ela sairei por aí, com olhos inquietos, caçando afeto, aceitando migalhas,
confundindo estar cercada por pessoas, com ter amigos.

Sem ela me manterei aturdida, ocupada, agendada só para driblar o tempo e não ter que me fazer companhia.

Sem ela trairei meus desejos, rirei sem achar graça, endossarei idéias tolas só para não ter que me recolher e

ouvir meus lamentos, meus sonhos adiados, meus dentes rangendo.

Sem ela, e não por causa dela, trocarei beijos tristes e acordarei vazia em leitos áridos.

Sem ela sairei de casa todos os dias e me afastarei de mim, me desconhecerei, me perderei.
Solidão é o lugar onde encontro a mim mesma, de onde observo um jardim secreto e por onde acesso o templo em mim.
Medo? Sim. Até entender que o monstro mora lá fora e o herói mora aqui dentro.

Encarar a solidão é coisa do herói em nós, transformá-la em quietude é coisa do sábio que podemos ser.
Num mundo superlotado, onde tudo é efêmero, voraz e veloz a solidão pode ser oásis e não deserto.
Num mundo tão estressado, imediatista, insatisfeito a solidão pode ser resgate e não desacerto.

Num mundo tão leviano, vulgar, que julga pelas aparências e endeusa espertalhões,
turbinados, bossais, a solidão pode ser proteção e não contágio.

Num mundo obcecado por juventude, sucesso, consumo a solidão pode ser liberdade e não fracasso.
Solidão é exercício, visitação.
É pausa, contemplação, observação.

É inspiração, conhecimento.

É pouso e também voo.

É quando a gente inventa um tempo e um lugar para cuidar da alma, da memória, dos sonhos;

quando a gente se retira da multidão e se faz companhia.

Preciso estar em mim para estar com outros.
Ninguém quer ser solitário, solto, desgarrado.

Desde que o homem é homem, ou ainda macaco, buscamos não ficar sozinhos.

Agrupamo-nos, protegemo- nos, evoluímos porque éramos um bando, uma comunidade.

Somos sociáveis, gregários.

Queremos amigos, amores.

Queremos laços, trocas, contato.

Queremos encontros, comunhão, companhia.

Queremos abraços, toques, afeto.
Mas, ainda assim, ouso dizer: é preciso aprender a estar só para se gostar e ser feliz.
O desafio é poder recolher-se para sair expandido.

É fazer luz na alma para conhecer os seus contornos,

clarear o caminho e esquecer o medo da própria sombra.
Ouse a solidão e fique em ótima companhia."

Autor desconhecido

Para não perder o costume, deixo aqui um curta-metragem, que além de outros debates (alguns muito polêmicos, inclusive), trata da solidão, mesmo que estejamos diante de uma multidão e de bons amigos…

Uma ótima semana a todos!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ação e reação

Acordei com palpitações. Abri o olho, mas não conseguia enxergar, sinal de que ainda era noite. Passei levemente a mão pela testa, percebi que o suor gelado escorria até o travesseiro. Lembrei de Newton, lembrei da força da gravidade, qual seria a força da minha reação?

Ao menos o motivo de estar acordada àquela hora eu sabia, até mesmo porque, a resposta não saía da minha cabeça, ficava lá, me perturbando. Nada além da realidade. Sim, a realidade, que estava me transformando. Ou seria a vida em si? Ah, é tudo a mesma coisa! Ela exige tanto da gente, não é mesmo? Afinal, com quem estou conversando? Isso é uma conversa ou não passa de um monólogo interior? Nem mesmo consigo ouvir minha voz. Devo estar louca.

Um som começa a chegar aos meus ouvidos, percebo que a vibração da membrana timpânica move o osso martelo, que faz vibrar o osso bigorna que, por sua vez, faz vibrar o osso estribo, onde sua base se conecta a uma região da membrana da cóclea que comunica a vibração ao líquido coclear. O movimento desse líquido faz vibrar a membrana basiliar e as células sensoriais. É como se não sentisse mais nada. Esqueço tudo e fico a imaginar as ondas sonoras propagando-se pelo ar, será que estão na velocidade de 340m/s? Na verdade, gostaria de estar acompanhando as luzes em suas viagens pelo espaço, o vácuo parece-me aconchegante, pensando melhor, nem tanto, a pressão, ou sua ausência, nem sei mais do que estou falando...me destruiria de vez, aqui ainda tenho a chance de refletir antes de me definhar. Então elas aproximam-se dos meus ouvidos. Fecho os olhos e começo a sentir, apenas sentir.

Músicas dizem tanto e eu não consigo compreendê-las. Minha intuição diz que são sinais, luzes ao fim do túnel, mas que eu fui impedida de alcançar, algo me segura no meio do caminho. Não é uma corda de massa desprezível, e o atrito já é cinético, estou em alta velocidade. Algo me carrega para longe do fim. Se fosse num plano cartesiano diria que são retas concorrentes, no sentido conotativo, se é que faz algum sentido falar em conotação e denotação diante de tais circunstâncias.

O trem partiu. A aceleração dele foi maior que a minha. Permaneci estática, a força peso foi maior que minha força de vontade em seguir em frente. Fiquei. Sozinha. Com lágrimas nos olhos. Sentada no banco repleto de vitamina S, como diria minha mãe. Acontece que não sou mais criança, e agora, o que menos importa é a falta ou a presença de anticorpos e vitaminas no meu corpo. Impregnada com o cheiro de fritura dos pasteis de vento. E o vento, esse trazia até as minhas narinas as impurezas que os cigarros detêm. Continuo na estação. Perdida, ou a espera, quem sabe? Meu cristalino, totalmente delgado, enxergando o que tem mais distante de mim.

Os canais semicirculares do meu ouvido interno já não permitem a percepção da posição do meu corpo. Deitada sobre jornais, num chão gelado e úmido talvez. Percebo que não estou sozinha, há uma multidão a minha volta, alguns tentam me dar a mão de apoio, outros choram, uns passam correndo como se estivessem a correr da realidade, tem aqueles sorridentes que por dentro estão desmoronando, como também tem os que são felizes por benção de Deus, os falsos, insolentes e maus sempre existirão, portanto, prefiro abster-me de comentar sobre eles. De qualquer forma, alguém estava faltando naquele lugar. E Deus, sempre existirá? Quem é capaz de garantir que ele não nos abandonará?

Solidão. Dúvidas. Incertezas. Pressão. Investigação. Incapacidade. Realidade. Amor. Paz. Companheirismo. Amizade. Compaixão. Receio. Verdade. Falsidade. Família. Superiores. Divinos. Espírito Santo. Anjo da Guarda. Caminho. Dor. Alegria. Sofrimento. Loucura. Sanidade. Status. Capacidade. Lúcido. Opaco. Translúcido. Redenção. Salvação. Pecado. Oração. Deus. Proteção. Abrigo. Subjetivo. Obscuro. Delírio. Heterogêneo. Gênio. Normal. Animal. Luz. Onda. Vento. Andar. Observar. Viajar. Passado. Futuro. Ilusão. Sonho. Transtorno. Ansiedade. Consolo. Abraço. Sorte. Azar. Depressão. Vitória. Derrota. Frustração. Lágrima. Sensível. Narciso. Insensível. Fresta. Espaço. Opção. Escolha. Velocidade. Contemporâneo. Poesia. Música. Saúde. Mente. Corpo. Alma. Vocação. Intuição. Natural. Surreal. Invenção. Separação. União. Estrela. Chão. Palavras. Você. Eu. Nós. Banal. Tempo. Adiantado. Atrasado. Início. Meio. Fim. Morte. Vida. Trim-trim-trim, cortisol liberado, olhos semi-abertos, uma voz suave, “bom dia, acorda que já é hora!”. Cortina aberta, luz penetrante, pupila contraída, cobertor ao chão, lençol molhado, cabelo desgrenhado. Um novo dia começou. Ao longe ouve-se o barulho do trem. As crianças brincando na terra. A escola de música a todo vapor. Viu que se atrasou, os professores já chegaram. Vive em meio à sociedade, de ação e reação, seja na concretude seja na abstração. Realmente, o sonho acabou.