domingo, 29 de maio de 2011

O que há de errado com o homem?

Esse foi um dos meus melhores textos produzidos esse ano, então, pensei: "por que não compartilhar com o mundo?". Acredito que ele passa uma ideia e promove uma reflexão da qual todos nós sentimos necessidade. Afinal, quem não sonha em ser eternamente feliz?

Tema: O que há de errado com a felicidade?
Gênero: Artigo de Opinião
Trilha sonora: O que é, o que é? - Gonzaguinha

Diversas batalhas são travadas no decorrer do dia por inúmeras pessoas, que estão em busca da concretização dos sonhos e da conquista da felicidade. Dizem que a finalidade da vida é “ser feliz”, entretanto, alguns mal sabem como alcançar esse estado abstrato fortemente almejado e o quanto sua presença ou ausência é capaz de influenciar nossas vidas. Há quem se pergunta, inclusive, o que há de errado com a felicidade, pois eu acredito que a pergunta seria: o que há de errado com o homem?
 
O filme “Em busca da felicidade” é um exemplo da forma como muitos lidam com a falta de felicidade e até onde estão dispostos a ir para senti-la. Chris Gardner (Will Smith) é capaz de atropelar todas as dificuldades e obstáculos para conseguir uma vida digna a ele e, principalmente, ao filho. Essa história nos mostra claramente que a capacidade para encontrar a felicidade está dentro de cada um de nós e é relativa de um indivíduo a outro.

A relação do homem com a felicidade ultrapassa milênios. Desde os filósofos gregos que buscavam-na através da sabedoria, ao século XXI, no qual as concepções de vida a respeito da conquista da felicidade são as mais diversas possíveis. Desse modo, verificamos que esse sentimento não passa de um estado psicológico momentâneo regido por escolhas próprias. Ou seja, não é um sentimento eterno, se esvai com o tempo e conforme amadurecemos, mudemos de opinião ou encontremos algo que nos fará ainda mais felizes que dantes.

O fato de sentirmo-nos felizes está diretamente ligado às relações interpessoais que mantemos. As redes sociais, portanto, conquistaram um importante espaço no “precioso” tempo dos internautas. Não é à toa que empresas criam programas para motivarem e construírem um local de trabalho melhor e mais saudável, tudo fundamentado na idéia de proporcionar alegria aos funcionários que, em conseqüência, produzirão mais e com maior qualidade. Por outro lado, a internet e o meio midiático em geral, podem interferir drasticamente no modo de vida das pessoas. Através de propagandas publicitárias voltadas para “resolução de problemas” fácil e instantaneamente – tais como perca de peso rápida, transformação do corpo para se igualar a alguma famosa em uma semana, conquista de um grande amor – vendem ideais e padrões de consumo acrescentados da idéia de que de tal modo qualquer um poderá atingir um nível de felicidade plena. Creio que dessa forma conquistam “clientes” alienados e frustrados. É fundamental enxergarmos a felicidade naquilo que temos e não nos estereótipos impostos pelo “mundo”. A felicidade só será alcançada quando a pessoa estiver em harmonia consigo e com o mundo. Devemos ter a consciência de que muitos bens cruciais para sermos felizes não podem ser adquiridos em lojas, até mesmo porque, não possuem preço.

É claro que à medida que o homem evolui torna-se mais insaciável. A partir do momento em que os resultados desejados não são atingidos e a felicidade não se faz presente, a vivência torna-se uma tarefa complicada. Assim sendo, uma imperfeição no início dessa trajetória provoca caos quando percebe-se que a alegria não é completa e que a responsabilidade é individual. Nesse contexto de frustrações há chances de deturpações de valores que podem levar a transgressões, como uso de drogas e violência, alterando o bem estar social, afinal, vivemos em uma sociedade, na qual todos interferem no meio, independente da própria vontade e mesmo que o individualismo muitas vezes prevaleça sobre a coletividade.

Nada de errado há com a felicidade. São as atitudes inconscientes ou alteradas do homem que nos trazem essa falsa idéia. Acredito que a felicidade está no modo como decidimos enxergar a vida. Precisamos estar preparados para inúmeras adversidades e limitações. É devido a essa dificuldade em contornar obstáculos e visualizar o mundo com clareza que poucos realmente alcançam um estado de felicidade, sabedoria e sensação de bem estar.

sábado, 21 de maio de 2011

Um brilho no olhar

Consequência de uma pausa...
Tema: Os espaços urbanos das grandes cidades e a qualidade de vida.

Acordei atordoado, sequer soube reconhecer onde me encontrava. Não conseguia abrir meus olhos, nem me mexer, o que me deixou desesperado. Comecei a ouvir uns barulhos típicos de hospital e algumas vozes a minha volta, embora não soubesse distinguir as pessoas. Falavam em tom de preocupação e seriedade, imaginei que fossem médicos. Tentei me recordar como fui parar ali, mas, fui interrompido por uma visita.

Minha filha sentou ao meu lado e começou a conversar. Minha maior vontade era poder dizer o quanto a amava – há quanto tempo não dizia isso! - e perguntar o que estava acontecendo comigo. Sentia-me como uma criança indefesa, necessitada de colo e carinho. Percebi que ela se perguntava, com tristeza, como tudo tinha acontecido, como eu deixei chegar àquele ponto. Desse modo, fui recuperando minha memória a respeito de como estava agindo nos últimos anos.

Lembrei-me de quando a mãe dela ainda era viva e morávamos no interior de Goiás. Tínhamos nossa casa simples e confortável, conhecíamos todos os vizinhos e todas as semanas havia reuniões entre amigos. Não raro, no fim da tarde, sentávamos na porta de casa e ficávamos observando o movimento da cidade, que não era muito. Nos finais de semana íamos à fazenda, cavalgávamos e pescávamos. Também deixávamos que as crianças se esbaldassem na terra fofa. Incrível como todos se conheciam, se respeitavam, eram cordiais e estavam dispostos a ajudar uns aos outros. A cidade não tinha uma estrutura das melhores e estava longe de ser sinônimo de progresso, mas ainda assim proporcionava muita alegria aos moradores, ninguém queria se mudar. Entretanto, depois de receber uma ótima oferta de emprego, mudei junto de minha família para a capital.

Passamos a morar em apartamento, cercados por grades e câmeras de segurança. Os únicos que sabiam de nossa existência e rotina eram os porteiros, nem mesmo conhecíamos nossos vizinhos. Minha mulher começou a trabalhar e nossos filhos ficavam o dia inteiro por conta de empregados, escola e atividades extracurriculares. Quando chegava a noite queríamos apenas dormir e descansar. Não havia mais diálogo, muito menos família unida. Agora cada um tinha sua vida, sua rotina, seus amigos.

Após três anos morando em Goiânia senti os sinais da velhice se aproximando. Estava sempre cansado, sem fôlego, estressado, ansioso e dormindo pouco. O cigarro e a poluição faziam parte de mim e agravavam a situação do meu sistema respiratório. Tinha parado de caminhar e tornado um exímio sedentário.

Recordei-me, então, de um dos maiores sufoco pelo qual passei. O dia em que colidi com outro carro. Estava com muita pressa e com sono. Ao menos assumi a responsabilidade, o que não evitou xingamentos, desrespeito e quase agressão. Foi nesse dia que sofri meu primeiro enfarto. Dei-me conta de que esse não foi o único episódio em que me descontrolei. A briga no supermercado, a discussão com o síndico, as buzinadas no trânsito, o mau cheiro no prédio devido à grande quantidade de lixo, os empurrões na fila do banco, a briga com meu filho por causa das festas, bebidas e companhias, a morte da minha mulher e, por fim, o assalto.

De súbito lembrei-me porque estava na unidade intensiva. Fui assaltado e reagi, não esperava que ele fosse capaz de atirar em mim. Por um segundo acreditei que ainda estivesse no interior do estado e que fosse possível resolver os problemas apenas com uma conversa. Realmente, nossa vida tornou-se insignificante, assim como inúmeros valores foram deturpados e perdendo sentido.

Os médicos voltaram acompanhados dos meus filhos. O efeito do tratamento não estava sendo satisfatório. Para eles, era como se eu já estivesse morto. Percebi que eles choravam e se despediam de mim. Meu desejo era poder abraçá-los e pedir desculpas por todos os erros cometidos. Uma aflição terrível tomou conta de mim. Tinha que existir alguma forma de me expressar, de avisar que eu estava bem, que eu podia ouvi-los, que eu os amava e que me comprometia a mudar meu comportamento. Se fosse necessário, voltaríamos a ter nossa vida no interior – que saudade! Então, uma lágrima escorreu de meus olhos. Lembramos que Deus existia. O aviso foi dado. Sim, eu estava vivo. Sim, eu os amava. Sim, eu estava pronto para operar mudanças. Naquele momento, concentrava-me em poder abrir os olhos, renascer e enxergar o colorido da vida outra vez...

domingo, 15 de maio de 2011

Incondicionalmente, amigos!

Consequência de uma pausa...

Nas últimas semanas, não sei ao certo o porquê, senti-me abraçada e beijada, senti-me feliz, dando muitas risadas, senti-me cheia de saudades, senti-me uma pessoa melhor, senti-me amada, enfim, senti-me repleta de amigos. Agora, pensando melhor, senti que a amizade também pode ser um amor incondicional e eterno. Portanto, dedico tudo o que aqui escreverei a todos os meus amigos, os do dia-a-dia e os que por algum motivo estão longes, os virtuais-blogueiros, e, principalmente, os que estão para sempre no meu coração e ao meu lado, com os quais mantenho uma eterna amizade de amor incondicional. Antes, desculpem-me os outros, dedico "mais especialmente ainda" ao Pedro, com o qual tenho a amizade mais duradoura, afinal, uma amizade que inicia aos 3 anos de idade (naquela época pode ser que nem sabíamos o que era a amizade ao certo, porém, sempre estávamos juntos, brincando, nos divertindo e estudando -lógico! - ou seja, sempre estivemos em sintonia) e até hoje está firme e forte, merece toda a homenagem e uma dedicação especial!

Quando pequenos não compreendemos nossos sentimentos. Gostamos ou não. Queremos ou não. Fazemos ou não. Apenas seguimos nossos instintos, nosso coração. Logo, posso dizer que amizades que começam na infância, duram porque são autênticas, são de verdade, caso não durem, é porque conforme as pessoas vão crescendo, vão se amarrando às armadilhas que a vida nos prega e assim aprendem a mentir, enganar, sufocar, reprimir, esquecem-se de quem são e se perdem na busca pelo que almejam. Concordo com quem diz que para minha geração é mais fácil e prático manter contato, continuar com uma amizade, devido à ação da tecnologia desde quando nascemos, porém, até hoje existem as cartas e os telegramas que também podem ajudar, há bastante tempo existe o telefone, os "orelhões", e, quem é que não tem um celular hoje em dia? Acredito que para que as amizades se desfaçam nos dias atuais é porque simplesmente não há verdade e clareza nas relações, não há sintonia, não há coisas em comum, ou, há pessoas insensíveis que infelizmente interferem numa relação amiga que podia fazer bem ao grupo, ou par.

Certa vez, quando cursava a 7ª série do ensino fundamental, uma pessoa me disse que foi nessa época escolar que ela fez os melhores amigos, os que a acompanhava (até aquele dia da nossa conversa). Eu acreditei. Entretanto, não sabia que naquela época ainda não tinha maturidade o bastante para reconhecer quem eram os meus verdadeiros amigos, poucos dos que eu considerava como amigos para a vida inteira perduram, e, mesmo assim, algumas relações são feitas de pequenas conversas e poucos encontros, só que os sentimentos e as lembranças continuam vivos dentro de mim, e, disso, poucos sabem (agora, muitos sabem!). Contudo, diante de tudo o que já passei (pode não ser muita coisa para quem lê, mas para mim já estou ficando quase uma idosa, ainda mais com meu estilo de vida, haha) posso afirmar com toda a certeza de que as amizades feitas no ensino médio, durarão uma vida inteira. Ao entrar nessa nova etapa de vida, os jovens descobrem e escolhem quem serão as pessoas que farão parte das suas vidas daí para frente, se você parar e pensar, verá que a maioria dos seus amigos você conheceu enquanto jovem, na vida escolar, ou na faculdade, também. E, esses, com os quais você compartilhou inúmeros momentos, inúmeras experiências e sensações, são os que fazem parte da sua vida hoje em dia, se não for todos os dias, não importa, pois o que interessa é a cumplicidade, o amor e os laços que os unem. Portanto, as amizades que eu iniciei nos últimos 4 ou 5 anos, pode-se dizer que são aquelas que eu levarei comigo para onde for, para o resto da minha vida, porque elas são de suma importância para mim, são muito especiais, são únicas e muito verdadeiras - de todas as partes -, porque elas me trazem paz, harmonia, amor, carinho, afeto, alegria, cumplicidade, união, risadas, companheirismo, abraços, ombros, lágrimas, compartilhamento, aprendizado, sabedoria, exercícios, dicas -saudáveis e não saudáveis-, enfim, uma infinidade de sentimentos, de momentos, que me tornam uma pessoa melhor e, principalmente, um ser humano!

Quando adultos, muitos são os que se casam e se esquecem dos amigos. Lógico, a partir desse momento muitas coisas mudam, mas, acho que vale lembrar de quem já participou das nossas vidas, que deixaram suas marcas e, dessa forma, se fazem importantes. Na verdade, o que é feito do homem sem a amizade? Nunca se esqueçam de que os amigos também formam uma família, e, por mais clichê que seja, uma família que temos a oportunidade de escolher - ou não. Que se for bem escolhida, funcionará como àquela que Deus escolheu, com direito aos mais sublimes sentimentos e momentos compartilhados. Então, caros adultos, não se esqueçam daqueles que já passaram por suas vidas - ou passam -, deixam suas marcas e te ajudam a construir uma vida melhor. E, queridos amigos, eu prometo que do que depender de mim, ainda enquanto velhinhos, estaremos nos reunindo e lembrando de todas as experiências vividas juntos, pois essas, com certeza, ficarão para sempre em nossas memórias, com direito a guardar todas as emoções no coração, sem contar que não há Mal de Alzheimer que nos fará esquecer quem amamos (espero que vocês me amem assim como eu os amo!) e partilhamos! (Como percebem estou deixando aflorar meu lado direito do cérebro, e o lado esquerdo do resto do corpo).

Hoje em dia também existem os amigos virtuais. Quem disse que não é possível manter uma amizade através da internet? Eu e alguns amigos somos exemplos vivos de que amizades virtuais existem e resistem tão bem quanto amizades próximas, se não forem melhores do que algumas não separadas pela distância, rs. O problema é o medo, o receio de enganação, de mentiras, de ir parar num B.O. (não estou exagerando!), até mesmo porque a sociedade é feita de homens e homens, não é mesmo? Aí entra aquela questão de sabedoria, inteligência e experiência de vida para saber como escolher e manter as amizades virtuais certas, pois todos estão sujeitos à cair numa silada. De qualquer forma, "os bons ainda são maioria" e os amigos fazem parte de nossas vidas, sejam virtuais ou não. E o que é a distância perante fortes sentimentos amigáveis? Se não fosse a saudade e a falta do calor humano, a falta daquele abraço apertado e do cafuné carinhoso, das conversas olho no olho sem estar passível de uma falha da cam, a distância seria algo pequeno...

Enfim, acho que tudo o que aqui está escrito resume o papel dos meus amigos na minha vida. É uma síntese de fragmentos da minha vida real misturados à fragmentos do que é geral. Gostaria de salientar que o que me inspirou foram comentários recebidos e análises pessoais, que me fizeram perceber o quanto algumas pessoas são imprescendíveis para que eu possa viver bem. Quando vejo comentários carinhosos no blog, por exemplo, me sinto tão bem, minha alma, minha mente se acalma de forma que eu não consigo explicar em palavras, só quem sente sabe. Quando encontro meus amigos, quando passo hooooooooooras conversando com eles, compartilhando, lembrando e construindo momentos e experiências, me sinto como uma criança bem alegre e cara de sapeca que os pais dão liberdade para fazerem o que quiserem, principalmente se for na casa dos avós, conhecem esse sentimento? Com eles, esqueço todo o café estimulante, não precisa, a conversa basta. Esqueço do chocolate para liberar endorfina, a não ser que seja um daqueles brigadeiros de panela que fazemos para comer de colher e fazer bagunça, huuuuum...Por fim, obrigada meus amigos e amigas, por fazerem parte da minha vida, vocês são únicos, inesquecíveis, insubstituíveis e eternos em minha vida, amo todos vocês! Espero que sejamos sempre incondicionalmente, amigos!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dia das Mães - ainda é tempo!

Consequência de uma pausa...

Bom, começo desejando à todas as mães que por aqui passarem, um enorme parabéns pelo dia especial de vocês - que foi ontem! Acho linda essa data, um dia para reunir a família, celebrar o amor e a união, mas, sabe, por mais clichê que seja a frase "dia das mães é todo dia", estou de pleno acordo. As mães não deixam de ser mães nos outros 364 ou 365 dias do ano, todos os dias elas são mães, pela vida inteira, eternamente. Acredito também que seja somente nessa relação que existe o amor incondicional, com exceções, é claro, há mães que nem mesmo deveriam ser assim consideradas, e também há aquelas mulheres que sonham em ser mães e não podem, como também existem outras relações de amor incondicional, coisas da vida...

No segundo domingo de maio inúmeras homenagens são feitas, seja através de poemas, contos, fotos, mensagens, enfim, independente do meio, todas as mães são lembradas e homenageadas. Acho uma pena que somente em um dia do ano todo esse amor e admiração sejam expressados, que somente essa data se volte a pessoas tão importantes como essas mulheres, imprescindíveis à sociedade. Porém, o comércio já tem que se preparar para o dia dos namorados...iventam tantas datas comemorativas (nada contra, mas é que fica tudo concentrado em um dia só, o que faz com que as pessoas se esqueçam que vivemos um ano inteiro, que podemos amar e declarar esse amor todos os dias!), e ainda tem aquele deputado querendo tornar feriado os jogos da seleção brasileira durante a copa...melhor nem comentar mais, perderia o foco com a minha indignação!

Pois bem, hoje vou fazer diferente. Recebi um e-mail sobre as mães e vou compartilhá-lo com vocês! Eu me diverti bastante, espero que gostem, é um jeito diferente de entender as mães! :)

Diz assim: "Porque as mães gritam tanto:"

Obs.: As imagens foram retiradas do e-mail, não havia links de origem das fotos. Algumas, creio eu que são de filmes e propagandas e o restante retiradas da própria internet. Dei-me o direito de não publicar algumas porque seria muita exposição das crianças.














Agora ficou mais fácil compreender o comportamento histérico de algumas mães, né?!

Parabéns mamães de todo o mundo! E, lógico, um especial à minha mãe, afinal, meu amor por ela é incondicional...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Quanto à discriminação

Consequência de uma pausa...

Um amigo, ainda num caminho de incertezas e aceitação, me indicou dois videos cujas campanhas são voltadas aos gays. Fui assistir e me encantei com as mensagens transmitidas. Acredito que ser ou não gay está acima de qualquer escolha que se possa fazer por influências externas, a pessoa nasce ou não gay. E quando se nasce de um jeito, não se muda. Certa pessoa me disse uma vez que por mais que achamos que estamos errados, não precisamos mudar, devemos apenas nos harmonizar conosco e com o mundo que nos cerca, simplesmente aprender a viver.





A homossexualidade já faz parte do nosso cotidiano, não temos o que discutir quanto a isso. O problema está no fato de algumas pessoas ainda rejeitarem e, pior, agirem com violência, achando que tem o direito de interferir nas escolhas dos outros e que vão mudar alguém a base de tapas, quanta ignorância! Ainda tem aqueles que por medo de represálias, discriminações, não aceitação, julgamentos alheios, tentam fugir do que realmente são, ou, esconder o máximo que puderem. Isso tudo só acontece porque mesmo vivendo em um país de enorme miscigenação e heterogeneidade, ainda há preconceito. Os homossexuais sentem-se reprimidos em assumir suas escolhas, simplesmente porque alguns acham-se os certos, os donos da "verdade absoluta" e enxergam-se no direito de julgar os outros por serem diferentes. Oops! Quem falou em diferença?? Nada disso, conceito errado, não existem diferenças. Homossexuais também amam, sentem, choram, sorriem, enfim, não são "bichos" estranhos, são humanos como quaisquer heterossexuais.

Aproveito o ensejo para esclarecer que não só o preconceito contra os homossexuais, mas qualquer tipo de precoceito e discriminação, qualquer tipo de bullying, em desfavorecimento à qualquer pessoa, é totalmente ultrapassado e inadmissível. Qual a dificuldade em aceitarmos as pessoas como elas são? Tudo bem se você não gosta de se relacionar (no sentido de manter amizade, trabalhar, conversar...) com homossexuais, sei lá por qual motivo, mas, se esse for o caso, basta distanciar para evitar qualquer constrangimento, pronto. Por que podemos viver bem em meio aos heteros e não em meio aos GLBT's? Por que os negros, os portadores de síndrome de down, os "gordinhos", os "magrinhos", os autistas e etc., são diferentes dos considerados normais? Na verdade, o que é ser normal? Sabe, adoro a propaganda dos portadores de síndrome de Down, que diz: "Ser diferente é normal", será por quê, né?!
- - Como a propaganda, acredito eu, todos já viram, posto aqui uma música da Xuxa (sim, a "Rainha dos Baixinhos" - apelido do qual eu não sou muito simpatizante, nem dela, mas, fica pra outra vez...rs), que fala sobre bullying, discriminação e preconceito e, que pode ser uma aliada para a conscientização das crianças e adultos ainda imaturos...



Também quero postar aqui, um texto de uma campanha, iniciada há algum tempo...

#eusougay

"Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Itarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.
Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.
Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.
E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.
Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.
Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?
Quero então compartilhar essa ideia com todos.
Sejamos gays.
Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY
Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:
1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY
2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com
3) E só!
Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.
A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.
Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.
As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.
Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.
— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —" 
(O prazo para enviar as fotos foi prorrogado até o dia 08 de maio!)

domingo, 1 de maio de 2011

Era noite

Consequência de uma pausa...

Era noite, não lembro a hora exata. O céu estava diferente, um pouco alaranjado, com misturas de azul e vermelho em meio ao negro. Dava para ouvir o som do vento, muito forte naquele dia, me fez arrepiar. As árvores balançavam mais que o normal. Parecia realmente uma noite de tempestade, com direito a filmagem para filme baseado em fatos reais. 

Eu levantei e me aproximei da sacada, pensei que seria um dia perfeito. Hesitei ao ouvir barulhos, até que percebi que vinham do apartamento de cima. Eram correntes de arrastando, quem sabe alguém vindo me visitar. A porta do armário fechou, talvez tenha sido a força do vento - ou não. Resolvi abrir todas as janelas, deixar o vento carregar consigo tudo o que conseguisse, bagunçar o que fosse possível, até mesmo porque, nada estava mais bagunçado que minha mente. 

Caminhei pelo apartamento, sim aquele em que passei a maior parte da minha vida, mais momentos ruins do que bons, mas foi nele que vivi, se é que pode dizer que eu vivi algum dia. Um sentimento nostálgico me contaminou, uma pontinha de medo surgiu quando visualizei as fotos espalhadas pela sala, pelo quarto. Por que eu estava sempre sorrindo? Eu nem era tão feliz assim. Por dentro algo se remexia, uma ânsia de vômito me levou ao banheiro, aah, agora não é hora disso, eu pensei. Pedi forças a alguma divindade, nem sabia mais para quem apelar, se estivesse alguém perto de mim que me desse forças, era o que eu mais precisava naquele momento. 

As folhas espalharam-se para todos os lados, nem eu sabia de onde surgira tantas, deve ter sido da vida de estudos que eu nunca consegui largar. E, por que tantas coisas guardadas? Por que não me desapegar? Naquela hora decidi abrir os baús antigos, as caixas, ir rumo ao quartinho da bagunça para me desfazer de tudo. Comecei pelas caixas maiores, no fundo eu já sabia que elas seriam mais fáceis, tinham menos objetos de grande importância. Abri a primeira, repleta de cadernos do início da minha vida escolar, a letra ainda era meio desordenada e eu escrevia somente a lápis, lembrei-me do quanto sonhava com o dia em que fosse “maior” e estaria apta a escrever com caneta. Joguei fora. Abri a segunda caixa, eram materiais do ensino médio. Listas e mais listas de exercícios, preparatório para o vestibular, que época foi aquela! Melhor esquecer. Tudo para o lixo. Abri outra, coisas da faculdade, olhei para o lado e tinha mais um monte, tudo da época da faculdade. Senti-me sufocada. Nem abri, tudo para o lixo. Andei em direção às pequenas, às caixinhas delicadas, aquelas que eu já sabia, iriam ser dolorosas, mas, era necessário, importante não deixar vestígios. Comecei por uma com fotos em excesso, era da infância. Como pode nascer um bebê tão lindo e sorridente e crescer um adulto tão feio e amargurado? Decidi que as fotos ficariam, alguém poderia querer. Abri outra, essa era de cartas. Quantas quartas! Recadinhos da época de escola, de faculdade, de alguns momentos. Esses foram difícil decidir o que fazer, resolvi trancá-los no cofre, não poderiam ir para o lixo nem ficar disponível para qualquer um. Fui abrindo as caixas e vendo o que carregava comigo pela vida, o que deixava pelo caminho, o que esquecia de vez, o que realmente marcou minha vida, o que foi passageiro e o que poderia ter sido mudado. Muita coisa foi para o lixo, mas, fracassei, de alguns conteúdos não consegui me desapegar. Finalizei mais essa etapa. Canalizei minhas forças, esqueci de tudo o que poderia, simplesmente apaguei da memória e deixei minha mente em branco, sem pensamentos atormentadores, sem lembranças ou memórias. 

Voltei para a sala. Apaguei todas as luzes e fui rumo a sacada novamente. Mas, uma súbita vontade de caminhar me deteve. Antes era preciso caminhar. Nesse momento olhei no relógio, era meia-noite em ponto. Desci pelo elevador, tudo silencioso, vazio. O porteiro com sua mini televisão ligada e tirando um cochilo sentado na cadeira. Consegui abrir o portão sem incomodá-lo, era até melhor, assim uma pessoa a menos veria. Saí pela rua, calma, silenciosa, poucos carros passando, rápidos. Os prédios pareciam adormecidos, poucas luzes acesas, ninguém nas sacadas. Alguns cachorros começaram a dividir a calçada comigo. Fui andando, para onde o vento me levasse, só não queria que ele me fizesse re-encontrar o que ele já tinha levado do meu apartamento. Nada de regresso ao passado. Andei bastante, mas, senti outra necessidade súbita, de voltar, de subir e ir até a sacada, não tinha jeito, era realmente necessário. 
 Comecei a voltar. O vento mudou de rumo, ficou mais forte, os assobios mais altos. As árvores estavam a pouco de serem arrancadas da terra. Percebi maior movimento nos apartamentos, as pessoas estavam fechando suas janelas, suas sacadas. Fui voltando. Parei. Repentinamente percebi que alguém estava me vendo, pior, estava me vigiando. Voltei-me para a rua que cortava meu prédio. Atrás de um container havia um homem. Os postes mal iluminavam a rua, mas percebi que ele usava camisa e calça escuras, e, me olhava fixamente. Eu também não conseguia desviar meu olhar do dele. Foram poucos segundos que pareceram uma eternidade. Ele me passava alguma mensagem, queria me dizer algo. Ainda não compreendo como foi possível que, sem abrir a boca, nos comunicássemos. Ficamos assim, parados, de lados opostos, a uma distância considerável, mas, que não foi obstáculo à nossa comunicação, à nossa troca de olhares. Foi intenso. Sentia-me como se tudo o que se passava comigo, tudo o que eu sentia, tudo o que eu pensava, tudo o que eu percebia ele via. Sentia-me aberta, ele sugava tudo de mim. O cachorro latiu. A atenção foi desviada. Subi até o meu apartamento. Entrei diretamente para o meu quarto, comecei a limpar, organizar, em poucos minutos estava um quarto digno de gente normal - ou quase. Fui para a cozinha, coloquei água para ferver, ia cozinhar uma massa. Comecei a fechar as janelas, mesmo que o vento já tivesse diminuído sua força. Fui ao quartinho, ordenei as caixas restantes, guardei o que tinha para guardar e joguei fora o necessário. Tranquei a porta. Fui até a sala, liguei o som, juntei os papeis, coloquei tudo em seu devido lugar. E decidi que o cofre ficaria trancado por muito tempo. 

Sentei-me para descansar. Parei. Estava de frente à sacada. Levantei. Dei três passos. Hesitei. Não, era preciso. Fui até a beira. O vento renovou suas forças e eu o senti tocar a minha pele, mas não era uma sensação ruim, era boa, muito boa, me sentia renovada, limpa, seu assobio era música. Abri os olhos. Vi o homem, aquele mesmo homem. O cachorro latiu, o homem abaixou da testa um óculos escuro, de suas mãos surgiu uma bengala com a qual ele tateou a sua frente e foi caminhando, vagarosamente, creio que na direção do vento...