quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Minha solidão...

Consequência de uma pausa...

Mais um dos meus textos com a finalidade de extravasar meus pensamentos, me liberar de uma carga não muito positiva...


Ah, quanta saudade da minha solidão! Hoje em dia fala-se tanto em solidão, depressão e tudo o mais, e somente do ponto negativo. Lógico, depressão é doença, precisa ser tratada, está num nível mais elevado que não me compete. Mas a depressão geralmente começa com solidão, e a solidão não tem só pontos negativos, digo isso por experiência própria, vocês não sabem o quanto sinto falta de passar minhas tardes, meus finais de semana, minhas noites, meus dias a sós.


Quando perguntam digo que minha profissão é estudante. E para fazer jus, como toda profissão, deve ter responsabilidade, o trabalho deve ser bem feito a espera de uma promoção, a fim de poder afirmar que se é uma universitária. Diante desse fato vou fazendo o meu melhor, só que para que isso ocorra necessariamente é preciso que esteja em um ambiente favorável, ou seja, silencioso, quieto, sozinha. Coisa que nas férias, na casa dos meus pais é completamente impossível. Já fazem 3 semanas e eu estou aqui, que não me agüento, morrendo de vontade de ficar sozinha ao menos uns 2 dias, já seria o bastante. Faz falta meu apartamento e a minha vida estudantil de aulas e mais aulas, passadas o dia inteiro na escola, com minha família de amigos. Aqui tenho que ir para a Biblioteca Municipal, o único lugar onde eu encontrei certa paz, não total, porque nem mesmo os bibliotecários respeitam muito o ambiente, ainda mais quando se tem uma única menina estudando – digamos que “empatando” a vida deles. Fiquei incrédula quando a mulher, depois de umas 3 horas que eu estava lá, veio me perguntar se a conversa deles estava me atrapalhando, dá para acreditar? Sinceramente, eu estava numa BIBLIOTECA, ou seja, um local que exige silêncio, a começar pelos funcionários. Ainda bem que eu sou educada e estava tranqüila nesse dia. Enfim, 3 semanas muito difíceis para mim, que gosto de curtir meus momentos de solidão, sozinha, sonhando, pensando, estudando, cantando, dançando, conversando, assistindo ao que eu quiser, fazendo tudo do meu jeito, praticamente independente. Sinto muita falta!


Minha solidão é uma delícia. Obviamente que não gosto de ficar sozinha muito tempo, até mesmo porque preciso sempre de contato, gosto de manter contato com as pessoas, de ter presença, de ter conversa, mesmo que seja virtual. Porém, a solidão me faz um bem enorme, de certa forma, sobrenatural. Eu gosto de ter paz, ela é para mim imprescindível. Não gosto de barulho o tempo inteiro, de conversa o tempo inteiro, de bagunça o tempo inteiro, de gente ao meu redor me fazendo perguntas ou me olhando o tempo inteiro. E isso tudo eu encontro o “dia inteiro” por aqui. Imaginem como estou me sentindo. Realmente é verdade que quando um filho sai de casa é muito difícil que volte, ainda mais depois de 4 anos, entretanto, nas férias anteriores parecia mais fácil. Mesmo sem independência financeira, querendo ou não, há certa independência quando se mora praticamente sozinha. E ela simplesmente desaparece quando se “volta para casa”, e para piorar – ou não, por enquanto meu ponto de vista é que piora – ainda aparecem outras tarefas para se fazer que não tem fim, enquanto os estudos ficam um pouco de lado, porque são “férias”.


Férias? Eu sou uma pessoa que não tenho direito a férias, no máximo 1 semana para descanso, que já foi tirada. E então me chegam pessoas dizendo que tenho que ter férias, dando opinião no que eu tenho que fazer, no “melhor” jeito de estudar PARA MIM, etc, etc, etc. Além da certeza da morte, uma das únicas outras certezas que eu tenho é que enquanto não passar no vestibular não poderei ter uma boa noite de sono, não poderei ter um bom descanso, não poderei ficar sem estudar e terei que aturar gente no meu pé, que às vezes nem me conhece direito, opinando na minha vida. Ta que sempre vai ter isso, que sempre existiu e continuará a existir, mas, poxa, a pessoa já está sofrendo, o coração já está machucado, para quê machucar ainda mais? Minha última decepção foi com uma prima que veio perguntar os resultados e para fechar com “chave de ouro” disse, sorrindo ainda por cima, que já estava passando de hora de eu passar, que estava demorando demais. Tem cabimento? Sério, isso me irrita, quando saio de casa já digo para quem está comigo que ultimamente não vou responder pelas minhas atitudes inconseqüentes quando alguém me provocar ou fizer uma pergunta perturbadora, é sério! Meu nível de estresse está nas alturas, embora muitas vezes não transpareça, já que a alegria ainda consegue falar mais alto na maior parte do tempo – dizem que meu sorriso é marca registrada, ou pelo menos, já foi, antes do terceiro ano e do cursinho, rs. Mas enfim, esse também é um dos motivos para a solidão prevalecer. Algumas vezes o convívio social faz é piorar as coisas. Enquanto estou com os amigos, que entendem, compreendem, são amigos de verdade, assim como a “melhor parte da família”, ta tudo bem, não tenho do que reclamar, mas é só misturar-se com outras pessoas, que não sabem o que é passar por essa etapa na vida, ou que se contentaram com o pouco que veio de “mão beijada”, para que alguma chateação apareça. Solidão é a melhor escolha na maioria das vezes.


Também dizem que eu sou exagerada e dramática, mas nesse caso acho que não é exagero. Vai de cada um, do comportamento, da educação, das maneiras, do jeito de ser de cada um. Eu preciso de um tempo diário de solidão, de tranqüilidade. Saibam que uma das minhas fantasias é que exista um emprego em que você só tivesse que ler, o dia inteiro, ou por 8 horas, tiver a chance de escolher os livros e ainda ganhar dinheiro. Não confundam com editores, revisores, etc. porque é diferente, lá eles não tem escolha, tem muita cobrança e tem vida de outras pessoas nas mãos. Em uma semana consegui me esbanjar com “O Primo Basílio” de Eça de Queirós, “Porteira Fechada” de Cyro Gomes e “Manuelzão e Miguilim” de Guimarães Rosa, mas sempre tinha que voltar para a realidade e me apegar aos livros didáticos novamente. E o pior é que nem consegui ler tudo na santa paz. Sei que as pessoas a minha volta e tals, são a expressão do amor, do carinho, mas, sei lá, isso cansa. Não sou uma pessoa muito “piegas” e gosto de ter minha privacidade, independência e liberdade, acredito que isso seja o normal de todas as pessoas, o que para mim é questão de super necessidade, questão de bem estar e qualidade de vida – acho que exagerei um pouco, né?! rsrs


Enfim, a solidão é importante, é nesse momento que você, com calma, pensa no que fazer da vida, que você resolve e busca algumas soluções, de cabeça tranqüila. Pode ser que também seja nesse momento que seus sentimentos se aflorem, que as dúvidas apareçam e que tudo se transforme. A solidão é importante, ela te ajuda a descobrir mais sobre você mesmo, seus sonhos, suas fantasias, seus objetivos, seus sentimentos. Nem sempre é capaz de ajudar, às vezes pode piorar a situação, mas, de um jeito ou de outro, as coisas vão se encaminhando e você ganha um momento unicamente seu e de mais ninguém. Você não precisa compartilhar com outra pessoa, não precisa dar satisfações, tudo fica no seu coração, na sua cabeça, e pronto. E o momento é só seu, exclusivamente seu. Alguns podem achar tudo isso uma futilidade, idiotice, “nada a ver”, mas para mim não o é, para mim é muito importante, tanto é importante “desabafar” como a solidão, e a partir do momento em que eu estou me sentindo bem e isso tudo me faz sentir bem, não me importa se é fútil ou não – meus amigos ainda insistem em afirmar que eu sou patricinha e fresca, vai ver é isso mesmo, haha. Mas para confirmar, eu não gosto de SER sozinha, eu gosto de TER meus momentos de sozinha, é diferente. A solidão pode não ser doença, pode ser um remédio, e dos melhores. Se eu fosse dessas pessoas que eu admiro com inspirações poéticas poderia fazer sonetos, lamúrias, que condizem com minha situação, com meus sentimentos atuais. Com a falta de solidão também sinto falta do que a acompanha, talvez isso seja mais ruim ainda...que saudade de Goiânia, ó céus! rsrs Para completar, são nos momentos de solidão que eu paro, penso, escrevo e às vezes, publico por aqui, então, devido a falta de solidão que essa época me exige, escrevo pouco e publico menos ainda, como também fico sem ler muitos blogs e principalmente sem comentar, desculpem-me por isso...rsrs

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Papai Noel existe!

Dia 24/12 saímos de casa um pouco antes da ceia, eu e meus dois irmãos, o mais velho e o mais novo, fomos à frente tagarelando. Um pouco depois meus pais entraram no carro em que a gente estava esperando. Fomos à reunião, jantamos, conversamos, e fizemos todas aquelas coisas que se faz numa festa natalina. Voltamos para casa. Eis que uma grande surpresa ocorre. Papai Noel passou na minha casa. Sim, a melhor expressão da noite foi a frase do meu irmãozinho gritando e andando pela casa avisando: "Mãe, Papai Noel existe de verdade, quando a gente saiu de casa tinha nada, nenhum presente, agora quando a gente voltou tem esse tanto de presente aqui! É sério mãe, existe de verdade, eu falei!". E melhor ainda foi ver a alegria, a felicidade, a surpresa e a admiração estampadas num dos sorrisos mais alegres e lindos que eu conheço. E então a noite foi encerrada surpreendentemente com a frase, a surpresa e a alegria do meu irmão, visto que o Papai Noel se lembrou dele e comprou quase todos os brinquedinhos que ele tinha pedido, "do jeitinho que eu queria mãe, igualzinho!". Ah! Estava esquecendo, depois perguntou se o Papai Noel também passava na "Alemanha, na Itália, nos Estados Unidos e nesses outros....[não lembrou a palavra países, rs] é, isso mesmo"

Como se percebe, a tradição ainda persiste aqui em casa, visto que as crianças precisam de um pouco de magia e fantasia para se sentirem felizes e viverem como simples crianças mesmo, como dizem, "tudo ao seu tempo". Imagina se desde cedo uma criança fosse posta num mundo real de verdade, sem sonhar com os presentes que o Papai Noel vai dar de acordo com o comportamento, com o tanto de moedinhas que a Fada dos Dentinhos vai trocar pelos dentes perdidos, com as pegadas que o coelhinho da Páscoa deixou ao fazer a entrega dos ovos de Páscoa, enfim, como seria viver sem essas fantasias se até mesmo muitos adultos preferem continuar a "acreditar" e a sonhar com todas essas "invenções" humanas?

Nesse contexto o que mais me surpreendeu foi a facilidade com a qual meu irmão ainda aceitou a existência do Papai Noel, mesmo diante das contestações de alguns coleguinhas. Desde cedo meu irmão é um símbolo da precocidade e da admiração de muita gente que se surpreende com a inteligência que ele possui, com a facilidade que ele se comunica com qualquer um que disponha de tempo para “bater um papo” com ele, com a quantidade de informações que ele carrega consigo, com a ótima memória que ele tem, e tudo isso sem deixar a inocência e o jeito criança de ser. Acredito que isso seja conseqüência da criação dele, sendo a “rapinha do tacho” ou o “temporão” ou como ele mesmo se intitula “o mais amado e querido” da casa – ele afirma isso por ciúmes, a explicação é que meu irmão mais velho tinha só meus pais para amá-lo (2 pessoas), quando eu cheguei além dos meus pais tinha o mais velho (3 pessoas) e quando ele nasceu além dos meus pais tinham também os dois irmãos (4 pessoas). A convivência diária com pessoas mais velhas, tagarelas, estudiosas, trabalhadoras, com vida social ativa, etc. o fez crescer em meio a muitas informações, misturas culturais e tecnologia. O modo de vida influencia totalmente na educação, na formação de um ser humano, por isso não deve ser deixado de lado. Mas, continuando...ele me surpreendeu com essa atitude, e só então percebi que ele ainda é uma criança pequena, mesmo com atitudes dignas e jeitinhos dignos de pessoas adultas – como a capacidade de construir textos corretos de acordo com a norma culta da língua portuguesa, tudo em completa concordância, ao contrário de muitas crianças que foram criadas com os pais as tratando com aquelas vozinhas melindrosas, falando errado, somente só porque são crianças e eles acreditam que elas “ainda não entendem das coisas e depois irão aprender tudo na escola”.

Mais uma vez digo o quanto a simplicidade é bonita. Meu irmãozinho deu mais um exemplo disso ao abrir o “porquinho” dele, um cofrinho. Aquele tanto de moedinhas, contadas uma a uma por ele mesmo, que no final deram uma boa grana resultaram em simples pedidos de brinquedos: “quero mais vaquinhas, boizinhos, cavalinhos e hominhos para brincar no meu curral e uns carrinhos da hot weheels”. Deixou a mim, meu irmão e minha mãe boquiabertos, pois achávamos que ele iria pedir um daqueles brinquedos exorbitantes, caros e cheios de “nove horas”, mas não, pediu brinquedos baratinhos, simples. Percebi que as crianças são felizes com aquilo que as satisfazem, independente de qualquer outra coisa, e que se não for possível realizar algum desejo podemos conversar e fazer trocas por outros, mostrarmos a elas as vantagens e desvantagens e explicar a situação. Antes eu tinha a idéia de que lidar com criança era mais difícil, de um tempo para cá venho percebendo que não, é um “milhão de vezes” mais fácil, o difícil é ter o “jeitinho” certo e saber lidar com os pais das crianças.

Criança é sim a expressão da verdade, da ingenuidade, do homem puro. A maioria – como já disse depende da criação e da condição da família – não se importa com os presentes e muito menos com os valores dos mesmos, mas se importam com o amor, com o carinho, com o afeto, com as histórias por trás de tudo. A criança é sim capaz de se contentar com simples presentes, não precisa ser um daqueles de propagandas televisivas – enganadoras, diga-se por passagem – basta um que ela possa brincar, se divertir, que a influencie positivamente, que ela possa extravasar as energias, ao contrário do pensamento de muitos pais, que gastam fortunas e viram o ano endividados para agradar um filho com um presente caríssimo mostrado numa propaganda, que logo depois pode estragar ou ser deixado de lado porque já lançaram outro mais atraente. Lógico que não posso deixar de falar que muitos presentes caros e cheios de “nove horas” por aí também são bem vindos e muito divertidos, vai da condição e dos gostos de cada família. Só quero atentar para o fato de que uma criança é verdadeira, inclusive nos sentimentos, então dar presentes para compensar a falta de presença e de amor no dia a dia é pior do que não presentear, e que se endividar para agradar também não é uma boa idéia, afinal, estará ensinando à criança que mesmo que não tenha dinheiro pode gastar e deixar para pagar “depois”, é de criança que se começa a aprender o valor de um papel chamado real. Além disso, uma criança simples, humilde e verdadeira é muito mais bonita do que aquelas que gostam de esbanjar, de humilhar, de abusar da falsidade ensinada pelos próprios pais. Elas podem não saber o valor ao certo de uma nota de dinheiro ou de uma moedinha, mas sabem que para se conseguir é preciso trabalhar – e muito! E para completar, os pais sempre farão de tudo e mais um pouco para agradar aos filhos.

O espírito natalino, tão falado, também está presente na alma das crianças. Elas esperam ansiosamente por esse dia, em que o Papai Noel deixa sua fábrica de brinquedos e viaja a noite inteira entregando os presentes encomendados nas cartinhas ou falados para os pais, “os mensageiros do Papai Noel”. Nessa simplicidade encontram espaço para inúmeras perguntas, divagações, fantasias a respeito desse “bom velhinho”, e a medida que crescem vão percebendo a realidade, alguns acredito que até mesmo se sentem frustrados, mas depois, no embalo da compra de presentes – que é sempre bom – esquecem até mesmo da figura do Papai Noel e do que significava o Natal antes. Acho que olhar o dia 25/12 da maneira como as crianças o fazem é melhor que agora, depois de compreender que Papai Noel não existe e que o comportamento não mede nada, já que teimando ou não, tendo dinheiro, você ganha do mesmo jeito. Entretanto, enxergando de outra maneira, basta saber o significado do Natal e se deixar levar por toda a beleza e o espírito dessa época que ele continua sendo uma data bonita e especial, e por que não continuar a acreditar que Papai Noel existe? Não custa fantasiar um pouco e viver no mundo infantil.

Enfim, ver aqueles olhinhos brilhando, aquele sorrisão alegre estampado no rosto do meu irmão e aquelas frases ingênuas e verdadeiras me fez acreditar que Papai Noel existe, mesmo que não seja uma pessoa concreta, ele é um símbolo, é uma maneira de ser que pode ser encarada por qualquer um e que faz bem a todos que estão a sua volta. Ver as pessoas felizes, alegres, se divertindo, com otimismo é muito bom. O clima natalino deveria estar presente todos os dias, se não o é, não é porque o Papai Noel está de férias, ou está trabalhando na fábrica, é porque simplesmente não queremos ou não permitimos que isso aconteça. Às vezes, possuir o olhar ingênuo e ter as acepções da nossa volta com simplicidade, ao modo infantil, é melhor e de mais valor do que do “jeito adulto de ser”. Portanto, acreditem, sim, Papai Noel existe!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Então, é Natal?

Como o ano correu de mim! Literalmente! rs Já é Natal e minha "ficha ainda não caiu". Mesmo com tudo indicando que estamos nessa época tenho lembranças do Natal passado e parece que foi ontem, há pouquíssimo tempo, não sei se devia estar alegre ou triste por isso, entretanto, é a verdade, o tempo passa! E acho que enquanto não passar no vestibular, quanto mais rápido o tempo passar mais triste irei me sentir...mas, não vim falar das minhas "lamúrias" hoje...afinal, "então é Natal e ano novo já vem..."

Já estamos chegando numa das datas mais esperadas pela maioria da população...fácil perceber, não é mesmo? Um clima festivo, pessoas alegres, propagandas e mais propagandas, ruas lotadas, férias, enorme clima de solidariedade, filmes natalinos, enfim, quase tudo mil maravilhas!

Mas não aturo certas hipocrisias, rs. Como já disse por aqui, não gosto de ver as pessoas tornando-se solidárias, sendo elogiadas e homenagiadas somente e só nessa época. Por que não ser uma boa pessoa, um bom ser humano no ano inteiro? Ninguém vive só nesse período. Por que ter todo esse "espírito natalino" apenas na semana que antecede dia 25/12? Mas, enfim...essa reflexão já fiz por aqui...De cabeça vazia a análise do comportamento social...

Hoje, gostaria de fazer apenas alguns comentários, coisas leves...rs

Estava eu reparando as propagandas, visto que, logicamente, nessa época ficam mais fantasiosas, pode-se dizer que até mais bonitas e emocionantes. Então, lembrei-me que há um tempo as propagandas mais elogiadas, mais esperadas, aplaudidas e criativas eram as de cerveja. E, ainda bem, as coisas mudam, pois hoje considero as propagandas dos bancos, principalmente, do Banco Itaú, algumas das melhores. A TV Cultura também nos apresenta belas propagandas. Acho que por estarem na mesma linha...

Gostei da última do Banco Itaú e de uma das últimas da TV Cultura, elas nos fazem refletir, citam o quanto buscamos por respostas e simultaneamente nos enchemos de novas perguntas, num ciclo sem fim, do qual o homem se ocupa continuamente. Realmente as propagandas de fim de ano, em geral, são muito reflexivas, otimistas, repletas de esperança, assim como esse período requer. Nessa época nem acho que seja exagero por parte dos idealizadores, e nem tenho uma crítica ou alguma "teoria da conspiração" contra. Até mesmo porque, querendo ou não, todos nós pensamos, sonhamos e desejamos coisas boas, grandes realizações, muito sucesso, e tudo aquilo que há de bom no mundo inteiro, já que realmente é um novo ano e é Jesus renascendo em nossos corações. Então, acredito que não faz mal também vermos esse "espírito" nas propagandas. Mas, claro, desde que não seja aquelas exageradas, completamente inverossímeis, pois como dizem: "Muitas vezes menos é mais".

E a partir dessa última frase estava lembrando-me das reuniões para as orações da Novena da Natal, realizada pela Igreja Católica anualmente. São 9 dias, cada dia na casa de uma família, onde reunem-se pessoas do bairro que frequentam a Igreja, conhecidos, parentes e amigos para orar, refletir a vida que levamos, agradecer e/ou pedir a Deus e prepararmos nossos corações, nossas casas para receber Jesus novamente. Vejo pessoas humildes, simples, que não sabem ler direito, que falam com dificuldade e dizem "amore", mas que carregam um enoooorme coração, uma fé grande e inabalável no peito, que mesmo diante das dificuldaes - principalmente financeiras - partilham, são solidárias, fazem e olham para o outro, sem esperar nada em troca. Vejo o quanto a experiência de vida embeleza as pessoas, ao contrário da maioria que faz plástica, que quer sempre parecer mais jovem, as rugas muitas vezes trazem mais beleza, e com elas, toda uma carga de histórias, toda uma maneira especial de enxergar a vida e enfrentá-la.

Mas, enfim, vejo que é possível sempre termos Deus em nossos corações, que o Natal não precisa ser um momento para o renascimento de Jesus em nossos corações, e sim para que ele se fortaleça, se engrandeça em nossos corações, que a fé - por maior que seja - sempre pode aumentar, que não precisa ter dinheiro para ajudar o próximo, que não precisa de muito para fazer o bem, que não precisa conhecer para ajudar, que compartilhar não é tarefa tão difícil, que uma palavra ou um simples gesto pode ter mais valor que dinheiro, que ainda existe respeito, amor, bondade, confiança no outro, educação, calorosas recepções, amizade, companheirismo e vizinhança. Descobri que é preciso abrir mais os olhos para enxergar o que há de bom no mundo, que filtrar o que passa as nossas vistas é imprescindível para ter qualidade de vida e um coração mais puro. Descobri que ser simples, humilde e verdadeiro embeleza as pessoas. E, também, descobri que não precisamos esperar pela "época natalina" para agirmos e enxergarmos o mundo com tais olhos, que essas atitudes, esse modo de agir são sempre bem vindos!

Para não me alongar muito paro por aqui com meus pensamentos...

Deixo aqui meus votos natalinos, normais e esperados nesse período, com grande carinho. Que Jesus renasça, ou se fortaleça, em nossos corações, para que todos possamos sempre melhorar como pessoas, que a cada dia consigamos abrir nossos olhos para algo novo que nos engrandeça como seres humanos, que seja corriqueiro fazermos boas ações, que o tempo - por mais rápido que pareça passar - nos traga uma carga enorme de experiência de vida e muita sabedoria, que o "espírito natalino" possa ser vivido em todos os outros dias do ano e não se limite ao mês de dezembro, que esse Natal e todos os que virão sejam datas especiais em que os bons sentimentos fluirão. Desejo tudo, do fundo do meu coração, para todos que por aqui passarem, ou não.

Feliz Natal!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Qual o futuro que queremos?

Não sou muito fã da Revista Veja (link) devido a sua clara tentativa de manipulação de mentes. Aos olhos de alguns posso até estar errada, mas é assim que eu a vejo. Se o leitor não for uma pessoa crítica com capacidade para formar opiniões próprias será sempre aquele “revolucionário leitor da Veja”, que terá opiniões de acordo com as ideias que a Revista deseja que os outros tenham em prol dela mesma – principalmente no que diz respeito a temas políticos. Porém, não tiro dessa revista os devidos méritos, sempre aborda temas polêmicos, as entrevistas das páginas amarelas são de grande interesse e outras abordagens muito bem feitas. Ao dizer que não sou muito fã, não quer dizer que eu não leia, ao contrário, sempre que posso leio, sem contar que é preciso ter acesso a todos os tipos de informações, manter-se sempre atualizado, etc. e por isso faço a crítica.

Repetidamente friso a questão educacional do nosso Brasil, que não é grande coisa. E nas duas últimas edições da Revista Veja me deparo com ótimas reportagens e crônicas a respeito da mesma. Lya Luft, Gustavo Ioschpe, J. R. Guzzo e Cia fazem belíssimos trabalhos quando a questão é revelar a população o caminho que nosso país está seguindo para que ajam melhoras. É fato que o Brasil poderia estar bem melhor classificado no quesito educação se maiores investimentos, bem canalizados, fossem feitos, se os políticos deixassem de se preocuparem consigo mesmos e o próprio bolso e parassem de desviar dinheiro público, se a população deixasse essa inércia de lado e fosse reivindicar melhorias e a garantia de que os direitos se cumpram, enfim, se toda a sociedade se preocupasse com o futuro da nação e das pessoas que constroem e fazem parte dessa nação.

Raros são os exemplos de pessoas que são capazes de agir e mudar algo no campo educacional. Admiro quem se dispõem a enfrentar inúmeros obstáculos para a promoção de mudanças que tem por finalidade beneficiar um todo. E também por conta disso fico preocupada que mais pessoas não o fazem. Será que lhes faltam motivos para agir em busca de melhorias para o “País de Todos”? Creio que não, diante de tantas notícias, dados numéricos e etc que nos são lançados diariamente mostrando os rumos da nossa educação. E, por sinal, não são somente as escolas públicas que possuem problemas grotescos, muitas escolas privadas também fazem parte de estatísticas nada satisfatórias. Ou seja, quem pensa somente nos filhos bem educados com apoio de escolas particulares não deve ter problemas com funcionários ou secretários vindos de escolas públicas com dificuldades em leitura e contas básicas, não é mesmo? Indico a vocês a leitura dos textos dos 3 autores já citados (Lya Luft, Gustavo Ioschpe e J. R. Guzzo) da última edição da Revista Veja (edição 2196).

Faço das palavras de J. R. Guzzo as minhas: “Tudo já muda completamente de figura, porém, quando se constata que 50% dos brasileiros não conseguem entender um texto simples de leitura, e 70% não são capazes de resolver questões primárias de matemática. Ou seja: diante de conhecimentos elementares, e sem os quais fica impossível ir um pouco adiante em qualquer atividade, estão na mesma situação de ignorância sem esperança experimentada pelo leitor no teste sugerido acima. Não se trata de um ou outro caso isolado; estamos falando, aí, de dezenas de milhões de cidadãos.”

“Sua maior aspiração possível é chegar, talvez, à ‘classe C’, que no momento deixa tão deslumbrados os cientistas políticos, economistas em geral e diretores de marketing. A cada notícia sobre o aumento da ‘classe C’, cada vez mais admirada por quem não precisa viver nela, o Brasil que pensa, influi e decide se enche de satisfação e dá o problema social do país por praticamente resolvido – ou garante que ‘estamos no caminho certo’. É óbvio que estamos no caminho errado. Como poderia ser o caminho certo, quando metade da população brasileira não entende o que lê?”.

E quanto a crônica da Lya nem vou comentar, sou uma fã dela, admiro demais o trabalho dela e está imperdível a última na Revista. Bem como a reportagem do Gustavo Ioschpe.

Gostaria também de dizer que embora eu ache que a revista tem mais espaço para publicidades e propagandas do que reportagens, ultimamente têm aproveitado bem os espaços com bons textos para leitura. Inclusive admiro o trabalho com a edição especial dessa semana, com uma revista exclusiva sobre sustentabilidade, otimizando a idéia de que é possível construirmos – ou reformarmos – um mundo melhor, em que riqueza, evolução, tecnologia, desenvolvimento, sejam compatíveis com o limite e o suporte da natureza. Enfim, confirmam o pensamento de que a sustentabilidade é possível sim, basta querermos e darmos o ponta pé inicial.

Também indico a leitura da "Carta ao Leitor" dessa última edição. Mais um crítica bem vinda aos nossos homens públicos, em decorrência do "pequeno" aumento salarial deles. Eu fico absurdamente indignada com isso tudo que se passa por aqui, no Congresso, na Câmara, na Presidência e na população apática que temos. É sério, eu fico com muita raiva no rumo que nossa política toma, no fato de que ninguém faça nada para mudar, ou ao menos tentar, e continuam resignados, milhões de resignados espalhados Brasil afora. Sem sombra de dúvidas esse é um grande erro que cometemos, e mais, sofremos as consequências e não nos importamos, apenas reclamamos numa fila de banco, numa reuniãozinha com os amigos e logo nos "esquecemos, viramos pro lado e dormimos" tranquilamente. Não concordo de forma alguma com essa situação, mas o que uma pessoa sozinha pode fazer para mudar um país inteiro? Pouca coisa, ainda mais quando grande parte dos que terião maiores possibilidades, chances de promover mudanças também tem o rabo preso nos esquemas ilícitos de grande parte dos políticos. Na República Democrática em que vivemos quase nada de democracia encontramos, e assim vamos levando, como se fosse tudo mil maravilhas.

Estamos presenciando, de acordo com os dados, o quanto o Brasil está progredindo, o quanto o Brasil terá um grande futuro, se transformará numa potência mundial. Mas, e principalmente, também estamos presenciando o nível catastrófico educacional, as calamidades da saúde pública, os desastres e a falta de infra-estrutura, a "qualidade" - se é que existe - dos nossos representantes no poder público com suas "bem feitorias" - em favor próprio. Num país repleto de riquezas, de natureza e paisagens inigualáveis, de uma boa economia, nem mesmo políticas ambientais são levadas a risca - isso, quando se tem as políticas ambientais, abrindo margem para que outros países "colonizem" o que já é nosso patrimônio. Diante desses fatos estamos realmente regredindo, de educação a políticas ambientais vamos de mal a pior. Mesmo que muito já tenha melhorado, tem muito mais na fila para que também seja melhorado. Até quando iremos suportar esses inúmeros "erros" calados, silenciosamente, submissos e dando carta branca para que os parlamentares façam o que bem entenderem? Qual o futuro que estamos construindo? Qual o futuro que estamos planejando? Qual o futuro que realmente queremos?

Lembrei-me de um trecho que li em algum lugar, mas, como percebe-se não lembro o lugar, nem mesmo o autor, quem souber, só informar. Diz assim: "Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso. O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano será menor." 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Importâncias da vida...

Recebi esse texto por e-mail de um amigo, e então parei para refletir...(como geralmente faço, rs)

Estou postando aqui porque realmente amei,  e quer dizer muito para mim, nesse momento da minha vida!

Enfim, parei para pensar o quanto é importante escolher bem as pessoas que estão a nossa volta. Elas podem nos dar força, nos fazer bem, nos ajudar a "sobreviver", ou, terminar por nos destruir, depois que já estamos no chão elas podem pisotear e enterrar. Se você já está no fundo do poço ainda pode aparecer alguém pra jogar água até que você se afogue. Essa é a realidade. Existem tantas pessoas por aí mal intencionadas, esperando a derrota do outro para ser feliz, interesseiros não faltam. Mas, ainda bem que também existem muitas pessoas adoráveis, amáveis, de um coração enorme, prontas para estarem sempre ao seu lado, te apoiando e acompanhando, seja nos bons momentos ou nos ruins. 

E são nesses pequenos atos, como num simples e-mail, que percebemos o quanto temos pessoas importantes a nossa volta, o quanto é importante manter boas e verdadeiras amizades. Não importa o quanto difícil seja, o tamanho da distância ou qualquer outra intempérie, amizades como essa, que lembra de você, que está sempre ao seu lado, com toda a certeza devem ser mantidas.

Também me fez pensar em Deus, o quanto é verdade aquelas "histórias" que dizem nos vários e-mails de correntes de que "muitos não passarão para frente, de que pensarão duas vezes antes de repassar, etc, etc". Pois realmente, hoje em dia são tantas religiões, tantas correntes de pensamento que até nós nos confundimos e antes de repassar ficamos imaginando se tal pessoa gostaria de receber, se o fulano não iria achar ruim, se cicrano não é católico e sim evangélico, se o outro é espírita, e assim deixamos de lado e não re-enviamos. Como também temos receio do que os outros pensarão de nós ao enviarmos um e-mail, mesmo que seja a respeito de Deus, pois no fundo, sempre pensamos e nos influenciamos pelos pensamentos dos outros, pela impressão que os outros terão de nós.

Só para esclarecer, de forma alguma acredito naquelas coisas de que se você não enviar a demais pessoas ficará sem receber bençãos, não terá sorte, etc, etc, etc. Para mim o mais importante de toda essa história é o que se passa somente entre você e Deus, a intimidade. O que se passa na cabeça, no coração e na alma de cada um. Creio que não será porque você deixou de enviar que Deus deixará de olhar por você, simplesmente não vejo essa relação dessa maneira. Lógico que disseminar as palavras do Senhor e as orações é importante, é um gesto muito bonito e importante para muitos, como eu, que recebi um e-mail desses e estou compartilhando com outras pessoas, porque não importa a religião, a corrente de pensamento, orar, fazer uma coisa boa, pensar positivo, ler bons textos, nunca é demais e faz bem a alma de qualquer um.

Para quem estiver pensando em nem terminar de ler, porque não acredita nessas cosias, sinto muito não agradar, mas está aí o que eu acredito, a forma como eu também penso. Pode ser que às vezes eu contrarie, fuja dessa "ideia", entretanto, sempre acabo recorrendo a Deus. E o texto não fala só nisso também. Além de fé, fala de perseverança, força, determinação e para quem está de mente, coração e alma receptivos, poderá enxergar as dificuldades e tribulações da vida de outro modo...como eu parei para pensar hoje, mas, não convém falar disso agora...

Apreciem o texto...

 

As demoras de Deus e os efeitos da perseverança

São necessários para que seus sonhos se construam
 
Há momentos em que somos tentados a desistir de tudo. O trabalho não está bem, o casamento vai de mal a pior ou o namoro parece que acabou. Sofremos perseguições, calúnias, somos maltratados. Nosso grande esforço para fazer valer algo, passa despercebido, sem a consideração de ninguém.
As lindas promessas de Deus, aquele plano de amor maravilhoso sobre o qual, um dia, ouvimos dizer e que era para nossa felicidade, não se faz presente nem em fragmentos. Não conseguimos vislumbrar nem mesmo a sombra de dias melhores vindouros. Quantas pessoas assim desistem até de viver?
Talvez você até já tenha resolvido: "Vou abandonar tudo!"; mas uma voz, aquela mesma, suave, porém, clara, que um dia encheu seu coração de alegria por meio das promessas e da esperança de que tudo seria diferente, continua ressoando sutil, e digamos, agora até incomôda, dizendo: "Não desista".
Essa é a hora de ser forte! A perseverança é necessária para que seus sonhos se construam. Perseverar forja em nós os moldes para nos habilitar e correspondermos ao plano que Deus quer nos abençoar. "Sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça" (Eclo 2,3).
Diante da caminhada, devemos nos perguntar: "Será que já estamos configurados, compatíveis com o que Deus tem para nós?".
Se o bem ainda não chegou, será necessário caminhar mais um pouquinho.
Um dos homens mais talentosos que a humanidade conheceu disse uma vez: "O gênio se compõe de 2% de talento e 98% de perseverantes aplicações ao trabalho" (Ludwing van Beethoven – compositor alemão).
O Senhor conta conosco para dar pleno cumprimento de Suas obras e nesse processo também nós vamos sendo lapidados. Talvez, por isso, algumas coisas sejam tão demoradas. "A criação tem sua bondade e sua perfeição próprias, mas não saiu completamente acabada das mãos do Criador. Ela é criada 'em estado de caminhada' para uma perfeição última a ser atingida, para a qual Deus a destinou" (cf. Catecismo da Igreja Católica – art. nº. 302) e "Deus concede assim aos homens serem causas inteligentes e livres para completar sua obra da Criação, aperfeiçoar sua harmonia para o bem deles e de seus próximos" (cf. Catecismo da Igreja Católica – art. nº. 307).
Os grandes homens da Bíblia também foram muito provados na espera. José do Egito tinha dezessete anos quando foi vendido por seus irmãos (cf. Gn 37, 2), somente aos trinta é que sua vida melhorou um pouco como intendente do faraó (cf. Gn 41, 46) e só depois de sete anos de fartas colheitas e dois anos de escassez (cf. Gn 45, 6), é que ele reencontra o pai, Jacó. Ou seja, aos trinta e nove anos, após vinte e dois anos de aflições, (desconsiderado pelos irmãos, acusado injustamente de trair a confiança de Putifar por tentar ter relações sexuais com a esposa do ministro da casa do faraó, depois de ter sido escravo e preso) foi que ele alcançou sua consolação.
Davi foi ungido rei por Samuel e lutou com Golias quando ainda menino (cf. I Sm 17, 33), mas somente aos trinta anos é que realmente foi coroado, assumindo o trono. Durante todo esse tempo, ele foi perseguido por Saul, que tentava matá-lo.
Interessante que não imaginamos o tamanho da graça que há nas promessas do Senhor nem o que Ele pode fazer em uma alma que se deixa moldar e persevera até o fim.
Bento XVI disse: "Nunca fica desapontado quem se entrega a Deus, as promessas do Senhor são sempre maiores que as expectativas humanas", pois o Senhor também proclamou: "Mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos" (cf. Is 55, 9).
José, na sua fidelidade, não somente reencontra os seus, mas marca a história do seu povo, salvando todo o mundo da fome. Davi vai muito além de se tornar um monarca: é em seu governo que as doze tribos de Israel são unificadas e ele passa a simbolizar o protótipo de rei soberano e ideal, e também se torna ascendente do Filho de Deus, o Cristo.
Jesus nos alerta de que para alcançarmos o que almejamos, temos de perseverar: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (cf. Mt 7, 7). Na parábola do juiz injusto "e Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele?" (cf. Lc 18, 7).
Até mesmo as empresas, em seus inícios, precisam de capital de giro para sobreviver e perseverar, e só depois, tornarem-se lucrativas e autossustentáveis. Continue plantando, um dia quando menos esperar, as sementes frutificarão, e pode ser no terreno em que menos se esperava.
Permita-se ser gerado naquilo que Deus tem para você. Não desista do seu casamento, dos seus dotes, não desista das pessoas, dos seus sonhos. Não desista de você nem de sua vida.
Que o Senhor lhe conceda toda têmpera necessária para o tempo que você está vivendo.
Deus o abençoe!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Selos e muito mais!

Terei que fazer outra publicação hoje em decorrência do recebimento de 2 selos, a mim indicados pela querida Carla, do Blog Le Petit Coin, um blog adorável, de temas variados e digno de ser lido! Cada postagem te pega de surpresa pela variedade de assuntos, desde locais, viagens, a cenas cotidianas, assuntos em debate e de relevância...enfim, um mix cultural que vale a pena sempre dar uma "passadinha" por lá!

Confesso que foi com muita surpresa que recebi esses selos, assim como foi quando recebi o selo do Kárcio dos blogues Palco da MenteEcos da AlmaPsycotube !

Fico muito feliz em ver pessoas que gostam do que eu digo, penso, falo ou que não gostam, mas apreciam, leem, comentam, refletem e, o mais importante para mim, participam do meu blog.

Quando criei o Pausadamente não esperava encontrar pessoas que realmente se importassem com as minhas opiniões, o primeiro próposito a essa criação era simplesmente ter uma válvula de escape da minha vida diária de vestibulanda. Hoje vejo o quanto o mundo está repleto de pessoas que se identificam de alguma forma, que sempre temos algo a contribuir aos outros e temos o que receber e aprender com os demais. A experiência de vida que estou adquirindo por aqui é impressionante, e sei que ainda tenho muito mais a aprender, somar, multiplicar e dividir com todos que por aqui passam ou passarão...

Meu muito obrigada a todos vocês que, de certa forma, me "prestigiam"! rs

A seguir vou indicar alguns blogs para receberem os selos...










São blogs que eu admiro e acompanho. Que sempre que me é possível visito, leio, reflito, comento, admiro. Blogs que tem a acrescentar na vida de alguém, que também somam, multiplicam e dividem com todos!

Antes de mais nada já advirto que não é obrigatório aceitar e muito menos indicar mais pessoas...fica a critério de cada um, "sintam-se a vontade"!

01. Marcio, do Abismo das Vaidades
02. Kárcio Sángeles, do Ecos da Alma
03. Cacá, do uai, mundo? O BLOG DO CACA
04. Rafael, do Baú do Jamal
05. Zil, do ...rEcOmeçAr...
06. Lis, do flor de lis
07. Teca, do Sedimentos
08. Ester, do Uni ver sos

Enfim...com certeza poderão surgir outros blogs também dignos de receber tais selos, por enquanto, fico nesses, espero que não esteja me esquecendo de outros blogs admiráveis para mim e que ninguém fique chateado! rs

Beijinhos,
Letícia *-*

Nas ruas...


Incrível a maneira como as pessoas se comportam ou importam com a própria proteção. Ao sair na rua me deparo com vários jovens uniformizados nos sinaleiros e esquinas. Qual o motivo? Simples, lembrar a população que devem se proteger, prevenir acidentes e salvar a si mesmo e a terceiros. Como? Usando cinto de segurança e seguindo as leis do trânsito. Sim, existem jovens dizendo aos outros - considerados adultos, uma vez que já possuem CNH e estão a dirigir mundo afora - na rua o certo a se fazer. Como se eles não soubessem ou se esquecessem de preservar a própria vida e, ainda, não estivessem passado por duas provas até estarem aptos a dirigir.

Achei estranho o fato de ser necessário que alguém nos diga o certo para salvarmos a nós mesmos. Quanto custa usar um cinto de segurança? Respeitar as leis é difícil? Ainda existe amor a vida? E o respeito não deveria prevalecer? E a política da “boa vizinhança” no trânsito, por que não? Acho que nesse caso não se enquadra nem mesmo o individualismo que está a assolar toda a sociedade, pois muitos nem mesmo protegem a própria vida. E ainda afirmo: não preocupar com si é uma coisa, agora não preocupar com os outros que tem nada a ver com você já é outra completamente diferente, ou seja, se você quer morrer, morra sozinho, não leve outros inocentes consigo! rs.

Infelizmente os diversos acidentes envolvendo carros, caminhões, bicicletas, motos e pedestres já fazem parte do nosso cotidiano, são diversos níveis de gravidade, mas, de qualquer forma, são acidentes. O que me preocupa é que a maioria ocorre por desleixo do proprietário, por simples falta de atenção, pela falta de tempo, pela imprudência, pelo “prazer em correr riscos”, pela adrenalina, enfim, por motivos que poderiam facilmente ser evitados.

Ouço pessoas falando que não colocam o cinto para não “amarrotar a roupa acabada de passar”, porque incomoda, porque se sentem mal, porque só vão “ali” que é “bem pertinho e rapidinho”. Essas respostas para mim podem estar na parte das desculpas esfarrapas. Nada justifica o fato de andar num automóvel sem sinto, tanto quem está na frente quanto quem anda atrás. O nome do objeto já nos indica: “cinto de segurança”, para que arriscar? E para piorar a situação, tem aqueles que andam sem o devido objeto de segurança e quando avistam os “jovens uniformizados” indo a sua direção lhes comunicar que o sinto é imprescindível disfarçam e colocam o sinto na maior rapidez antes que ganhe uma bronca de uma pessoa mais nova e “passe vergonha” diante dos outros.

Aqueles que fazem rachas, só andam em alta velocidade, gostam de “aparecer” e sentir adrenalina se arriscam demasiadamente por atos que no fim levam a nada. Apesar de nova, nunca aprovei esse tipo de atitude, bem como nunca entendi o porquê de andar em altíssima velocidade e arriscar a minha vida e de terceiros sem a mínima necessidade. Conheço pessoas que se arriscam dessa forma e sentem prazer em dirigir assim e, eu insisto, em vão, discutir e principalmente “brigar” com esses amigos para que deixem de fazer isso, já cansei de falar, mas...fazer o que né?! Só peço para que não façam isso enquanto eu esteja no carro e que Deus proteja! rsrs Acho que eles esquecem-se de que são novos mas que a morte não se importa com a idade e pode “chegar” a qualquer um. Sem contar que a adrenalina é passageira e o curto prazo em que ocorre no organismo não justifica atos irracionais e imprudentes desse tipo. – Sim, às vezes pareço uma velha chata e rabugenta, e aos olhos de muitos é isso mesmo, mas, sei lá, só acredito que a minha vida não pode ser perdida por um ato tão banal, e que a adrenalina pode ser liberada de diversas outras formas, assim com tem outras formas de menos riscos as quais você pode simplesmente “aparecer” para o mundo.

Quanto à falta de manutenção nos automóveis me recuso a comentar. Se você utiliza o carro, carrega a família e os amigos diariamente, como deixar de verificar se o carro está bom para sair às ruas? Uma simples verificação faz muita diferença!

 É inadmissível que as pessoas desrespeitem as leis, agridam a ordem e causem transtornos no trânsito e na vida da sociedade em geral. É inadmissível que seja necessárias pessoas nas ruas para abordar os “esquecidos” e “lembrar-lhes” que para dirigir precisam saber as normas e, principalmente, fazer uso das mesmas. É inadmissível que mesmo diante dos diversos fatos presenciados ou visualizados através dos noticiários ainda existam pessoas sem “medo”, distribuindo desculpas por aí. É inadmissível que pessoas “aptas” a dirigir não tenham consciência dos riscos que correm e da importância do bom-senso e dos “bons modos” na direção.

Uma das causas de “bagunça no trânsito” que cotidianamente ouvimos inúmeras reclamações é o fato das pessoas não ligarem para a importância de manter a ordem, o respeito, o bom-senso, os bons modos, a educação, a responsabilidade. Outro motivo pode ser as fraudes ao se conseguir uma carteira de habilitação, hoje em dia pagar para passar está mais fácil que conseguir de maneira limpa, antes de iniciar a prova já entregam senhas para que sejam dadas aos avaliadores e dizer que você vai pagar para ser aprovado, sem o menor esforço seu e dos outros que através da corrupção ganharão dinheiro fácil.

Enfim, por que não pensar nas vidas que estão a sua volta e na sua vida? Por que não dar maior importância aos acontecimentos que o cerca? Por que esperar que outras pessoas o alerte do que é certo ou errado? Por que esperar dos outros o que não fazemos nós mesmos? A hipocrisia é um dos erros que cometemos, vemos o que os outros fazem de errado, reclamamos, mas não enxergamos em nós mesmos aqueles erros idênticos do outro! Como seres racionais e conscientes devíamos colocar em ação o que aprendemos nas aulas e com a experiência que a vida nos dá.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Sobre Moluscos e Homens - A realidade do vestibular

SOBRE MOLUSCOS E HOMENS 
Rubem Alves

"O aprendido é aquilo que fica depois que tudo foi esquecido... Vestibulares: tanto sofrimento, tanta violência à inteligência. Piaget, antes de se dedicar aos estudos da psicologia da aprendizagem, fazia pesquisas sobre os moluscos dos lagos da Suíça. Os moluscos são animais fascinantes. Dotados de corpos moles, seriam petiscos deliciosos para os seres vorazes que habitam as profundezas das águas, e há muito teriam desaparecido se não fossem dotados de uma inteligência extraordinária. Sua inteligência se revela no artifício que inventaram para não se tornarem comida dos gulosos: constroem conchas duras e lindas (que os protegem da fome dos predadores)! Ignoro detalhes da biografia de Piaget e não sei o que o levou a abandonar seu interesse pelos moluscos e a se voltar para a psicologia da aprendizagem dos humanos. Não sabendo, tive de imaginar. E foi imaginando que pensei que Piaget não mudou o seu foco de interesse. Continuou interessado nos moluscos. Só que passou a concentrar sua atenção num tipo específico de molusco, chamado "homem". Muito nos parecemos com eles: nós, homens, somos animais de corpo mole, indefesos, soltos numa natureza cheia de predadores. Comparados com os outros animais, nossos corpos são totalmente inadequados à luta pela vida. Vejam os animais: eles dispõem apenas do seu corpo para viver. E o seu corpo lhes basta. Seus corpos são ferramentas maravilhosas: cavam, voam, correm, orientam-se, disfarçam-se, comem, reproduzem-se. Nós, se abandonados apenas com o nosso corpo, teríamos vida muito curta. A natureza nos pregou uma peça: deixou-nos, como herança, um corpo molengão e inadequado, que, sozinho, não é capaz de resolver os problemas vitais que temos de enfrentar. Mas, como diz o ditado, "é a necessidade que faz o sapo pular". E digo: é a necessidade que faz o homem pensar. Da nossa fraqueza surgiu a nossa força, o pensamento. Parece-me, então, que Piaget, provocado pelos moluscos, concluiu que o conhecimento é a concha que construímos a fim de sobreviver. O pensamento, mais que um simples processo lógico, desenvolve-se em resposta a desafios vitais. Sem o desafio da vida o pensamento fica a dormir... O pensamento se desenvolve como ferramenta para construirmos as conchas que a natureza não nos deu. O corpo aprende para viver. É isso que dá sentido ao conhecimento. O que se aprende são ferramentas, possibilidades de poder. O corpo não aprende por aprender. Aprender por aprender é estupidez. Somente os idiotas aprendem coisas para as quais eles não têm uso. É o desafio vital que excita o pensamento. E nisso o pensamento se parece com o pênis. Não é por acidente que os escritos bíblicos dão ao ato sexual o nome de "conhecimento"... Sem excitação, a inteligência permanece pendente, flácida, inútil, boba, impotente. Alguns há que, diante dessa inteligência flácida, rotulam o aluno de "burrinho"... Não, ele não é burrinho. Ele é inteligente. E sua inteligência se revela precisamente no ato de recusar-se a ficar excitada por algo que não é vital. Ao contrário, quando o objeto a excita, a inteligência se ergue, desejosa de penetrar no objeto que ela deseja possuir.
Os ditos "programas" escolares se baseiam no pressuposto de que os conhecimentos podem ser aprendidos numa ordem lógica predeterminada. Ou seja: ignoram que a aprendizagem só acontece em resposta aos desafios vitais no momento (insisto na expressão "no momento"; a vida só acontece "no momento") da vida do estudante. Isso explicaria o fracasso das nossas escolas. Explicaria também o sofrimento dos alunos, a sua justa recusa em aprender, a sua alegria ao saber que a professora ficou doente e vai faltar... Não há pedagogia ou didática que seja capaz de dar vida a um conhecimento morto.
Acontece, então, o esquecimento: o supostamente aprendido é esquecido. Não por memória fraca; é esquecido porque a memória é inteligente. A memória não carrega conhecimentos que não fazem sentido e não podem ser usados. Ela funciona como um escorredor de macarrão. Um escorredor de macarrão tem a função de deixar passar o inútil e guardar o útil e prazeroso. Se foi esquecido, não fazia sentido. Por isso acho inúteis os exames oficiais (inclusive os vestibulares) feitos para avaliar a qualidade do ensino. Eles produzem resultados mentirosos por serem realizados no momento em que a água ainda não escorreu. Eles só diriam a verdade se fossem feitos muito tempo depois, depois do esquecimento haver feito o seu trabalho. O aprendido é aquilo que fica depois que tudo foi esquecido... Vestibulares: tanto esforço, tanto sofrimento, tanto dinheiro, tanta violência à inteligência... O que sobra no escorredor de macarrão, depois de transcorridos dois meses? O que restou no seu escorredor de macarrão de tudo o que você teve de aprender? Duvido que os professores de cursinhos passem nos vestibulares. Duvido que um professor especialista em português se saia bem em matemática, física, química e biologia... Eles também esqueceram. Duvido que os professores universitários passem nos vestibulares. Eu não passaria. Então, por que essa violência sobre os estudantes?

Ah! Piaget! Que fizeram com a sua sabedoria? É preciso que os educadores voltem a aprender com os moluscos..."

(Folha de S. Paulo, Tendências e debates, 17/02/2002)


Rubem Alves, 68, educador, psicanalista e escritor, é professor emérito da Unicamp, autor de "A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir" (Papirus), entre outros. www.rubemalves.com.br


Tive o prazer de ler esse texto no blog do Kárcio Sángeles (Palco da Mente), e como uma estudante no curso pré-vestibular não poderia deixar de comentar e também me apropriar da idéia e aqui postar. Digo prazer porque não é todo dia que nos deparamos com textos tão bem escritos e colocados a respeito do vestibular, do sistema escolar, poucos tem essa capacidade de opinar, de se expressar, se posicionar de uma maneira crítica diante de tal assunto.

Nessas últimas semanas e já há muito tempo presenciamos notícias de professores ou alunos agredidos e alguns tem a morte como fim. Essa, infelizmente é a nossa realidade. Não digo que é tudo culpa do nosso “sistema”, do governo, da escola, dos pais, mas digo que é culpa de toda a sociedade, que deixa criminosos ficarem impunes, que aceita tudo o que nos é imposto passivamente, que não tem a iniciativa de numa simples ação tentar modificar o mundo ao seu redor, que é tida como espectadora diante de todas as adversidades que acontecem no nosso país, que é dona de uma inércia, desde mental à fisiológica, que é egoísta e só tem olhos para o próprio umbigo, que não dirige o olhar ao próximo e deixa que haja uma invisibiladade social discriminadora e totalmente prejudicial a nós. Enfim, não adianta tentarmos sempre achar um único culpado, uma vez que são vários os culpados que formam “brutamontes” soltos por aí.

Apaticamente assistimos a tudo, calados, como se nada estivesse nos atingindo, assim como no Jornal Folha de S. Paulo foi publicado que a nossa ditadura foi “ditabranda”. Como?!! Li certo? E para as famílias que tiveram filhos, pais, parentes assassinados? Será que para elas existiu ditabranda? E quem teve que se exilar, longe da sua terra natal? Percebe-se, nesse caso, que quando não nos atinge diretamente não nos importamos, até que chegue a nossa família, aos nossos conhecidos próximos, então brigamos, nos revoltamos, fazemos passeatas, discursos e vamos em defesa. Será que sempre teremos que esperar que os “problemas” nos atinjam para agirmos?

Mas...voltando ao assunto principal: vestibular! Quando era criança, meus pais já diziam - não sei se por “pressão psicológica” ou por realmente acreditarem que isso seria possível – que deveria manter boas notas no boletim, pois, quando chegasse minha vez, não existiria mais vestibular, e sim, seriam aprovados os que tivessem um bom desempenho no histórico escolar, portanto, seria analisada toda a vida escolar do estudante. Na realidade vejo isso como um método meritocrático. Certo? Pode ser que sim, mas estaria mais de acordo com meus pensamentos do que o vestibular de hoje em dia. Uma prova que testa não só o conhecimento, mas quem é o mais rápido, quem sabe controlar o “psicológico”, quem tem maior apoio familiar e escolar. E o maior problema é que muitas vezes os outros fatores pesam muito mais que o principal, que no caso seria o conhecimento. Entretanto, nas condições em que se encontra nosso sistema escolar, nossas escolas e sistema defasados, não teríamos condições de analisar o histórico escolar de todos, pois haveria desvantagens, uma vez que “passar de ano” numa escola de boa qualidade é mais difícil que numa escola desqualificada, despreparada, de nível menor que exigiria menos do aluno. Assim sendo, enquanto não houver equivalência entre os institutos educacionais esse método não poderá ser instaurado.

Talvez essa mesma idéia esteja prevalecendo em relação às ações afirmativas (ou cotas). Acredito que essa seja uma tentativa de colocar em “igualdade” estudantes preparados em níveis diferentes. Um exemplo são os pontos de corte dos vestibulares, para o curso de Medicina na UFG (Universidade Federal de Goiás) o ponto de corte para os de sistema universal foi 62 e para os negros foi 30. Como se sentirá esse aluno negro ao entrar na universidade com uma turma composta de mais da metade com pessoas – querendo ou não é a verdade - mais aptas, com notas maiores, que poderão estar mais acostumadas com o ritmo de estudo necessário? Sem contar na discriminação que estão sujeitos a enfrentar. Sei de caso de um aluno negro que ingressou no curso de Medicina na UFG e no segundo semestre foi reprovado por não conseguir manter boas notas e bom ritmo de estudo, ao contrário dos outros. Porém, creio ainda, que o preconceito aumenta com as cotas, pois é a mesma coisa de dizer que os outros não tem condições de competir, se esforçar e tirar uma boa nota por mérito próprio, é também, afirmar que o ensino público não tem qualidade, é uma tentativa de consertar os erros cometidos no início. Por que não investir na educação de base? Por que não propiciar maior aparato ao ensino fundamental, ensino médio público? Por que continuar no “jeitinho brasileiro” de sempre deixar as coisas para depois e tentar consertar na frente, quando o prejuízo já está causado e é maior?

Concluindo, faço das palavras de Rubem Alves as minhas. Nunca tinha pensado, nem sequer chegado perto, a essa comparação entre homens e moluscos. O que de certa forma abriu a minha cabeça, pois é a realidade que enfrentamos cotidianamente. Assim como a necessidade nos faz pensar, é ela que também nos faz enfrentar a vida de cabeça erguida, nos faz estudar acima do considerado normal, etc. E, pensando melhor, o que nos faz agir ou estagnar só depende da necessidade! E agora, vejo como necessidade uma mudança por completo em nosso sistema educacional - e digo isso não só por estar pensando em mim, mas por pensar em todos e no futuro do país. Podemos ter evoluido, mas diante do mundo e das necessidades no nosso país ainda estamos a desejar, é preciso muito mais para que sejamos um país desenvolvido. Para mim não importa sermos uma das maiores economias se as crianças que são o futuro (perdão pela frase clichê, mas nesse contexto enquadra-se perfeitmente...) da nação não terão condições de assumir postos de comando, ser mão de obras qualificadas, e aí, que rumo terá todo esse progresso em mãos despreparadas? É por essas e outras que vemos casos de violência, de erros médicos, de negligências, roubos, etc. Se o nosso país já tem essa condição de ser uma grande potência, imagina se tivéssemos políticos honestos - sem corrupção, empenhados em melhorar o Brasil que investissem prioritariamente na educação e na saúde? Se assim o fosse, com certeza teríamos um "Brasil - País de todos", pois hoje, ainda não é a realidade!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Afinidade entre os seres...

Para dizer a verdade nem pensava em postar por aqui hoje. Estava pensando em terminar de ler "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de um dos maiores autores de todos os tempos, Machado de Assis. No entanto, não resisti e entrei, no início, apenas para ver o que andaram postando hoje, eis que me deparo no blog do Rafael, o Baú do Jamal com um tema importantíssimo e atual, merecedor de atenção e reflexão por parte de todos nós. Como ele mesmo afirma, faz parte de uma blogagem coletiva, portanto, muitos blogs Brasil afora estão discursando sobre esse assunto, e eu, não poderia deixar de também contribuir com minha humilde opinião a respeito de "Como se diz: Eu Te Amo?".

Posso não ser “mestra” no assunto, nem ter muita experiência de vida. Entretanto, o convívio social e a leitura de mundo me permitem opinar sobre tais fatos. Inicio falando sobre como se começa uma grande amizade ou um grande amor. Sempre tem aquele amigo que no início você não enxergava a possibilidade de um dia terem laços de amizade, mas que posteriormente vêem que a afinidade é enorme e tornam-se grandes amigos. Por outro lado tem aqueles que à primeira vista já demonstram que serão muito amigos e assim o é. Desse modo também acontece no mundo dos relacionamentos, hoje em dia se fala muito em: “aquele que é pra ficar, outro que é pra namorar e ainda tem aquele que é pra casar”. Se acho certo? Obviamente que não, mas isso deixo pra comentar depois, rs. Além daqueles casos em que a amizade se revela como um grande amor, ou, os amores à primeira vista que aqui também se apresentam.

Enfim, o início de uma amizade ou um romance pode ocorrer de infinitos modos e a qualquer momento. E o que vai determinar tudo isso é a afinidade entre os seres. Pois, enquanto tiver afinidade haverá espaço para os sentimentos. Porém, nosso mundo é repleto de banalidades: atitudes impensadas e destruidoras que vão contra a ordem e a moral dos bons costumes, aquele assunto ou objeto raro e precioso que hoje virou moda e caiu na banalidade, assuntos de grandes proporções, que exigem reflexões maduras hoje são discutidos como apenas mais um, gestos e palavras que exigem sentimentos verdadeiros hoje ninguém se importa para os sentimentos, e por aí vai...E o amor não poderia ficar de fora, basta entrar num site de relacionamentos para se deparar com frases como "eu te amo", "amigos para sempre", "você é tudo para mim”, “sem você nada seria”. O problema não está em dizer tudo isso, e sim, na freqüência com que é dito e as pessoas que recebem a mensagem.

Você é “recém-amigo” de uma pessoa e ela já chega dizendo que te ama? Não é assim que eu vejo as coisas, a amizade precisa de tempo, de alicerces muito bem construídos para ser estabelecida e constantemente fortalecida, assim como o amor. Então, dizer a uma pessoa que você conhece a pouco tempo e que nem mesmo convive muito, que a ama, é um ato impensado e extremamente banalizado. Amar é um sentimento sublime, profundo, bonito, singelo, para o qual não importa a cor, a raça, o jeito de ser do outro. Dizer “eu te amo”, não significa só amar uma pessoa, aí entra também os sentimentos de admiração, companheirismo, afeto, carinho, participação diária e a qualquer momento na vida da pessoa, compreensão, partilha, etc. Dizer essa frase é afirmar que você estará sempre ao lado da pessoa, para o que der e vier e a aceitará com seus defeitos e qualidades. E para isso, é necessário muito tempo de convívio, pois só com o tempo e com o convívio será possível enxergar naquela pessoa sentimentos tão profundos e bonitos.

Agora, levando em consideração a frase no seu sentido literal, para dizer “eu te amo” existem várias maneiras. Deve-se levar em consideração que cada pessoa tem seu jeito de expressão, seja por meio de olhares, atitudes, detalhes, frases, poemas, gestos simples ou audaciosos e etc. A maneira como é expressado esse sentimento, geralmente, não importa, o que é importa é que ele realmente seja verdadeiro, bem alicerçado e capaz de superar muitas adversidades da vida.

Confirmando minhas ideias, afirmo que sou totalmente contra a banalização dos sentimentos. Acredito que o que carregamos em nossos corações são tão preciosos quanto uma joía rara guardada num cofre. Ficar distribuindo corações, beijos, "eu te amo" mundo afora não mudará em nada os sentimentos que afloram no seu interior, pelo contrário, nos dá a ideia de que a pessoa que age dessa forma faz "tentativas de aproximação", se sente carente e solitária, etc. Como dizem meus amigos: "Quer inturmar? Faz churrasco!" rsrs. Enfim, um "eu te amo" verdadeiro, no momento certo, para a pessoa certa, vale muito mais que qualquer presente caro. Esses sentimentos devem ser preservados, lapidados, guardados para a melhor hora e melhor pessoa. E vale lembrar que além de saber quando e pra quem dizer, também devemos saber receber esses sentimentos, e tentar retribuir da melhor maneira possível, pois um sentimento de verdade, não tem preço!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Doce ilusão

Retorno ao mundo dos sonhos, fantasias e, agora, ilusões. Dessa vez não é para falar especificamente do mundo do vestibulando e sim do mundo das mulheres, homens, jovens e qualquer um capaz de se apaixonar e/ou ser facilmente iludido. Depois de algumas conversas "de msn" e de fazer algumas leituras diárias deparei-me com esse assunto de ilusões, o quanto isso pode interferir na vida das pessoas, para o bem ou para o mal.

Lembro-me de um dia em que a família estava reunida, e como sempre, surgem fofocas, assuntos dos mais sérios aos mais variados e engraçados possíveis, eis que no meio disso tudo eu digo "- Ah, não sei se quero casar, formar família, ter filhos, acho que esse não é meu futuro, acho que simplesmente não nasci para isso!" e logo todos me olham, alguns dando risada, outros assustados, e nesses últimos minha mãe se enquadra, muito surpresa com essa "ideia" minha. E aí, surgem vários comentários, como não poderia deixar de ser, cada um dá sua "preciosa" contribuição para a minha "lavagem cerebral" e são opiniões sem fim, afinal, vinda de família tradicional, que segue piamente alguns costumes, tinha que ser assim. O que eu não esperava era tal repercussão e que eu fosse levada tão a sério. Nem 17 anos tinha ainda, mas como sempre fui um pouco mais "madura" acho que as pessoas geralmente levam em consideração o que eu falo, além de eu ter falado sério, mantido a postura e me defendido, como defendo meus argumentos até hoje - tenho esse defeito, sempre acho que estou certa, mesmo sabendo, lá no fundo, que o que eu estou a falar está "um pouco" errado...rsrs

Na verdade, até hoje não sei se eu realmente desejo isso para a minha vida. Nunca fui daquelas "menininhas ultra românticas", que sonham acordadas com o dia do casamento, sonham com o homem perfeito e o príncipe encantado - tenho até medo que depois de um beijo ele vire um sapo! Tenho amigas, inclusive, que já sonham até com os nomes dos filhos que terão. Eu sempre fui mais "revoltada e excêntrica" desse ponto de vista, sempre me diziam que eu nem mesmo tinha coração - lógico que diziam isso na brincadeira depois de eu fazer algum comentário doloroso para essas amigas, no meio de conversas romanceadas, e em relação a relacionamentos amorosos, realmente, às vezes eu quebrava o "clima". Afirmo que eu já cheguei a dizer que elas deverião se inspirar nos poetas da segunda geração ou nos românticos e alguns árcades e levar a vida assim, do tipo "Marília de Dirceu".

A palavra "paixão" ainda não surgiu no meu vocabulário, pode ser que eu esteja ainda muito nova - levo isso em consideração - mas eu sei que sou muito cética em relação a algumas coisas, tenho meus receios, sou exageradamente realista e não vivo de ilusões - recorde-se de que ilusão é completamente diferente de sonho ou fantasia, talvez seja um mix dos dois, confesso que tentei ler um artigo a respeito disso, mas era muito longo e complexo para o meu humilde currículo que só chega ao ensino médio. Na verdade o que acontece é que eu tenho meus planos, meus objetivos e sei o quanto isso pode me atrapalhar, e assim, me privo de tudo o que poderia intervir nos meus planos "tão bem feitos para dar certo"!

Sei que nunca irei encontrar alguém perfeito, sei que não será fácil encontrar quem me ature, sendo que geralmente nem eu me aturo em tempo integral - ainda bem que temos a necessidade fisiológica do sono, sei que encontrar alguém disposto a passar horas e horas conversando comigo, me dando atenção, compreendendo as minhas palavras e as entrelinhas que eu digo não será tarefa fácil - alguns já me disseram que tem medo de conversar comigo e que é complicado, vai entender né?! rs. Entretanto, tem quem diga que sempre alguém especial aparecerá na sua vida, que "toda panela tem sua tampa". Se é verdade? Não sei, quanto a isso também dizem que "quem procura acha" e se rezar pra São Longuinho e der 3 pulinhos você encontra, talvez seja melhor fazer novena para Sto. Antônio, pois realmente, não sei se isso é possível e se existe tudo tão certinho e pré-determinado assim. E também, como descobrir se "aquela" é realmente a pessoa. Acho isso tudo muito complexo, eu bem que tento abrir a minha mente, tentar ver as coisas de outro modo, mas sempre volto ao mesmo ponto, felizmente ou infelizmente, isso eu descubro com o tempo.

Pelo menos de amor, por enquanto, eu sei que não vou sofrer, rs. Não me conformo vendo amigas chorando por causa de namorado, enfrentando a família e os pais para defender alguém que amanhã pode não estar ao lado delas, assistindo a cenas em que afirmam morrer pelo outro, vendo como muitos se isolam ao iniciar um namoro, esquecem-se do mundo, acreditam que poderão viver somente do "amor" que um tem pelo outro e que viverão felizes para sempre. Muitos são iludidos de que realmente poderão se casar, formar família, trabalharem, serem ricos e viverem felizes para sempre. Conheço quem já abdicou de estudos, de sonhos e desejos profissionais ou não, para seguir com algum romance, será que vale a pena? Isso tudo que eu já disse e continuo a dizer e a me perguntar é relativo, afinal, cada um tem seus anseios, seus objetivos, sua vida, seu jeito de ser e agir, mas o que eu me pergunto mesmo é se no futuro quando tudo der uma reviravolta essa pessoa não vai sofrer damasiadamente, se arrepender dos feitos no ímpeto das ilusões, e o pior, arrumar alguém em quem despejar toda essa carga de culpa. Como disse, é relativo, porém, pode acontecer.

Continuo com a ideia de que não custa pensar muito mais que duas vezes antes de tomar algumas decisões. Deixar-se levar pelas ilusões pode não ser uma boa escolha. Por mais que você esteja se sentindo realizado, por mais que esse tipo de atitude nos dê uma certa liberdade, enfim, por mais que tudo diga para você segui-la, sempre terá a realidade ao seu lado, para você enfrentar, para você acordar todos os dias cheio de obrigações a cumprir. E então, duas coisas podem acontecer: a ilusão ter te levado a um caminho "certo" e relativamente fácil ou a um caminho complicado, repleto de tribulações...

Como já devem ter percebido não tenho paciência para assistir novelas. Na verdade, eu fico é muito indignada de que elas existam dessa maneira. Tá que não passa de novela, a maioria das histórias são fictícias, mas o problema está na publicidade em torno disso tudo. Os autores, atores e etc afirmando que isso tudo é real, que a novela se aproxima da vida das pessoas. Será que eles não se dão conta de que estão iludindo cidadãos humildes? Afinal, é tão fácil ir do Brasil para a Itália ou vice-versa, não é mesmo? Ou então, quem sabe um empregado se apaixona pela patroa e toda a sociedade acha a história linda, sem preconceitos, apoiam e os dois vivem sempre felizes. Melhor seria quando, nessa altura do campeonato, as pessoas ainda se submetem às chantagens da outra por medo, para salvar um "amor enterno". Posso estar sendo absurdamente crítica, pegando pesado e acreditando que tudo seja uma grande mentira. Calma, eu sei que algumas histórias parecidas existem por aí, mas também sei que são poucas e geralmente muito antigas, hoje em dia é muito difícil histórias assim. O que me chateia mesmo são as ilusões que deixam na vida das pessoas, ao contrário do que dizem, não são esperanças, são ilusões mesmo, ou melhor, falsas esperanças. Daquelas que nem se esforçando e lutando muito durante a vida inteira conseguirá alcançar. Sem contar todo o dinheiro que está por trás disso, aquelas propagandas "subliminares" que levam as pessoas a consumir sem nem mesmo olhar nas condições financeiras que possui e no fim do mês se "estrepam".

Também fico indignada com os nossos políticos. Analisando melhor acho até que a minha maior ilusão é "mudar - ou salvar - o mundo". Por que ir nas comunidades pobres, afirmar que vão tirá-los de lá, que a vida deles vai melhorar muito, que terão isso, isso e aquilo outro, se está bem esclarecido na cabeça deles que não vão cumprir? Por que maltratar essas pessoas humildes, que não tem condições de enxergar a realidade com clareza? Por que usar da obscuridade que cerca a mente desses coitados para subir na vida, enriquecer, aparecer, angariar votos? A máxima é verdadeira: "desgraça alheia é colírio aos olhos dos outros".

Um dos maiores erros que alguém está apto a cometer é iludir outra pessoa. Eu evito bastante - o que para mim não é tarefa muito difícil, rs - dar falsas esperanças a alguém, afinal, "é melhor uma verdade dolorosa do que uma doce ilusão". Às vezes penso como irei me comportar como médica, sendo desse jeito, ai vejo o quanto eu sei me relacionar com as pessoas, e entendi que tudo tem seu tempo, seu preparo, e que com cada pessoa agimos de um jeito. As relações humanas são móveis, com cada um você deve ter um jeito de agir, de levar a relação, se não, a convivência em sociedade fica complicada ao extremo.

Enfim, doces ilusões são bem-vindas desde que por um momento, por boas causas, bons motivos e que seja realmente necessário. Caso contrário, é melhor não. O que depende de cada relação e cada pessoa. O mais certo é a gente aprender a conviver, adquirir experiências no dia-a-dia para saber como agir diante de encruzilhadas, como agir com cada pessoa a nossa volta. Só não podemos deixar que as ilusões nos mova sempre. Não podemos deixar que ela tome conta da nossa vida. Não podemos deixar que ela influencie todas as nossas atitudes no "mundo real". E também não podemos só nos iludir, na verdade, ninguém tem o direito de iludir alguém. Não podemos alimentá-la demasiadamente. Não podemos confundir sonhos, fantasias e ilusões, tudo tem a hora e o lugar certo de entrar em ação!

Gostaria de esclarecer que todos estão em constante mudança, portanto, essas ideias aqui postadas hoje, poderão, num futuro serem completamente diferentes, principalmente no que diz respeito às relações amorosas, etc...Digo isso pois vai que posteriormente eu me "contradiga" por aqui, né?! rs Ah! E fiquem tranquilos porque eu tenho surtos de romantismo, e às vezes, assisto novelas - pena que eu não acredite em nada, isso não muda mesmo! rs, assisto regularmente filmes românticos, choro, como qualquer outra pessoa normal, não sou tão "grossa" quanto pareceu aqui, rs. Também me delicio com poemas e textos românticos...fiquem tranquilos quanto a isso, aprecio bons trabalhos, boas artes, bons poemas e textos!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo e a condição de ser humano

Nessa terça-feira aproveitei uma viagem no melhor estilo "De volta para minha terra" (para maiores esclarecimentos a cidade é Goianésia - GO) para ler um livro. O escolhido da vez foi "Feliz Ano Novo", um livro de contos do célebre Rubem Fonseca, o qual eu estava anciosamente esperando para iniciar a leitura, tanto foi que consegui ler praticamente todo o livro na viagem de 2h30min, deixei 2 contos para terminar ao chegar em casa, visto que precisei dar uma cochilada na estrada, rs.

Image by Google


Feliz Ano Novo foi lançado no ano de 1975, em época de ditadura militar no Brasil. Mas, no fim de 1976, depois de já terem sido vendidos mais de 30 mil exemplares, o Departamento de Polícia Federal recolheu todos os exemplares devido a um despacho do Ministro da Justiça da época, Armando Falcão, o qual proibia a publicação e circulação do referido livro. Em 1977 o escritor entrou com um processo contra a União e somente em 1989 a obra foi liberada pelo Tribunal Regional Federal.

O livro consta de 15 contos, obviamente muito bem escritos, que nos levam a refletir sobre a própria sociedade e suas atitudes e, ainda, sobre o instindo animal que todo ser humano possui, uma vez que, como já disse em posts anteriores, muitas vezes nos esquecemos desse "pequeno detalhe" e nos julgamos acima de tudo e todos. Creio que justamente por analisar sobre as ações humanas, seus instintos e pensamentos mais pervertidos, depravados e sujos os políticos da época decidiram por suspender o livro e "livrar a sociedade" de tal análise, que diga-se de passagem, é totalmente verdadeira.

Embora sejam contos ficcionais a impressão que tenho é que existe mais realidade que ficção nesses escritos. Pode ser que nos deixam imagens feias, algumas sensações de nojo, com palavreados nem um pouco cultos e sim coloquiais, usados principalmente pelas camadas mais simples da sociedade. Mas "a verdade está nos olhos de quem vê", e para mim esse livro mostra a realidade. Ele foi escrito na década de 70 e vale para a realidade que estamos vivendo agora e sempre vivemos, ele nos mostra verdades universais, válidas para todos os territórios e épocas.

Essa obra nos mostra os instintos humanos que muitos suprimem no dia-a-dia, por não serem bem vistos pela sociedade ou por realmente fugirem das leis que deviam manter a ordem numa civilização.Vou me apropriar dos dizeres da contra-capa do livro e aqui esclarecer melhor o que gostaria de dizer-lhes.

"Feliz Ano Novo é, do ponto de vista temático, uma coletânea de faits divers da vida diária: mesquinhas ocorrências, histórias sem glória e sem heroísmo que nos jornais ganhariam um canto das páginas policiais. [...] O que inquieta no livro é que esse mundo marginal distante se vai aos poucos revelando como nosso prórpio mundo, onde os desvios são cada vez mais a norma." (Zuenir Ventura, Visão, 10.11.75)

"A violência, em Rubem Fonseca, não é uma atitude; é simplesmente um meio de expressão que se impõe, uma verdade gritada no faroeste urbano." (Hélio Pólvora, Jornal do Brasil, 8.10.75)

"Para Rubem Fonseca, a questão básica não é o crime, a pornografia e a violência, mas exatamente a desmistificação dos atuais conceitos de violência, pornografia e crime." (Affonso Romano de Sant'Anna, Veja, 05.11.75)

Acredito que agora vocês já devem ter percebido os temas centrais do livro e o quanto são, digamos que, fortes. Com certeza quem não tem um olhar crítico é obrigado a ter estômago e sangue frio para ler essa obra, pois quem tem já está acostumado com as verdades bem ditas. Os contos indicam o que já passou ou o que se passa na mente de muitos, mas que o bom senso e a questão de ser um ser humano "racional e civilizado" - ou ao menos a lembrança e os resquícios disso e, o medo de ser preso -  o levam a despensar e não fazer. Acontece que nas obras, os crimes são cometidos e a maneira/modo é considerada normal.

Não existe nenhum esteriótipo no livro, muito menos pensamentos no "melhor" estilo burguês. Tanto homens ricos como homens miseráveis cometem crimes e atos totalmente brutais e horrendos. Pensando bem, acho até que o livro chegou às mãos de alguns e serviu de inspiração para muitos bandidos por aí, pois hoje em dia os crimes relatados nos textos podem ser vistos em manchetes. O interessante é que já estamos tão acostumados com brutalidade, crimes, manchetes, noticiários policiais que a importância dada a esses atos não nos chocam e nem nos "acordam" para a vida que estamos levando, para os riscos que estamos correndo diariamente. O que estamos vivenciando são os sintomas da banalização a que estamos submetidos com tantas informações superficiais e surpléfuas, além das disputas midiáticas. Crimes viram palcos para que herois surjam - como aconteceu na caso dos Nardoni, no qual o promotor Francisco Cembranelli foi considerado um grande heroi e tudo na TV parecia uma peça de teatro, com direito a comemoração com fogos de artifício no final - e a atenção das pessoas estão voltadas para o que "cai na mídia" e, principalmente, para si mesmas, para o próprio umbigo, como se o que acontece na sociedade está extremamente longinquo da realidade dela, o que, sinto dizer-lhes, não é a verdade.

Voltando...todos estamos aptos a cometer crimes e ter os pensamentos mais impróprios possíveis, tais como nos é mostrado nos contos do livro. Os instintos animalescos estarão sempre conosco, podemos andar vestidos, virar vegetarianos ou não maltratar os animais, nos comportar numa mesa e seguir regras de etiqueta e simplesmente - ou dificilmente, isso é relativo - viver em sociedade, mas, no fundo sempre temos os nossos instintos abafados e prontos para nos subir a cabeça quando algo dá errado, está fora do "normal" ou do que esperamos. Quando a adrenalina é liberada em alta quantidade nem mesmo temos consciência do que estamos fazendo, e são nesses momentos que os atos mais impensados possíveis podem se concretizar e chocar após tudo ter acontecido. Para exemplificar, você tem a consciência de que no seu estado normal não matará ninguém, nem mesmo um animal, mas se um criminoso adentrar sua casa e fizer atos brutais com sua família e você assistindo a tudo conseguir pegar numa arma, o que fará?

Então, fica aí a dica para quem se interessar. Eu gostei bastante. Poderia ficar horas e horas escrevendo sobre cada conto, sobre o meu ponto de vista de cada parte, pois, com certeza, ainda há muito o que se dizer sobre os contos, mas, agora não dá, deixo para mais tarde. E podem deixar que não me esquecerei disso...com o tempo vamos comentando sobre os contos por aqui, afinal, são tão universais, não é mesmo?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Relax: dica musical

Hoje resolvi fazer jus ao nome do blog e postar aqui uma dica musical para os momentos de pausa da mente.

Na verdade, assim será para quem curte o estilo musical, o som, mas, de qualquer forma, espero que gostem.

Apesar de o "tempo de vida" da banda ser maior que o meu a descobri há pouco tempo e o som me cativou, depois desse dia não passo um dia sem ouvir alguma música deles - o que não é difícil para mim, que sou realmente movida a música!

Quem se interessar e quiser saber mais poderá se direcionar ao site oficial da Banda: Dave Mattews Band - o site é em inglês, portanto, para quem não é fluente na língua estrangeira tem um site em português a respeito da mesma: DMBrasil

Detalhe: devido a erros constantes - e falta de tempo também, não consegui postar os videos diretamente aqui, então, vou deixar o link que irá direcionar para o canal oficial da banda e consequentemente para os videos, no you tube.

Canal de davemattewsband

Espero, humildemente, que apreciem.

Obs.: Quem tiver alguma dica de música boa por aí, pode me mandar que eu vou ver se passa no meu teste de qualidade, kkkkk, brincadeira, ouço de tudo e sou muito fã de música, então, todas as dicas serão bem vindas!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ainda sobre sonhos...

Ao ler o comentário do Marcio JR do úlitmo post: De fantasias a sonhos: o mundo do vestibulando... a respeito de que devemos "ter em mente que o sonho é algo extremamente necessário na vida de alguém", lembrei-me de uma redação que eu redigi esse ano no cursinho a respeito desse mesmo tema: sonhos e fantasias. Então, senti-me na obrigação de publicá-la aqui, na íntegra.

Tema: "Em que nível a fantasia deve intervir na vida humana?"
Modalidade textual: Carta Pessoal
Proposta: Como não sei onde se encontra a folha de proposta da redação, não tem como publicar aqui. Mas lembro-me que devíamos nos colocar na posição de um pai que mandaria a carta para o filho falando a respeito do tema indicado. Vale ressaltar que na proposta de redação também tem a coletânea de textos que devemos nos "inspirar", serve de apoio para nos mostrar o rumo do tema, etc...
Obs.: Nas cartas que produzimos em vestibular e concursos não devemos nos identeficar, portanto, fica sem assinatura.

Goiânia, 14 de março de 2010.

Amado filho,

Espero que esse seja verdadeiramente o melhor momento para a leitura desta carta. Imagino que já se conformou com a minha morte, acho até que deveria estar feliz pois, provavelmente, encontrei a Pasárgada dos meus devaneios. Sei o quanto deve estar confuso, ainda mais com as minhas graças até a beira da morte. Porém, é claro que não poderia deixar passar sem um dos meus objetivos finais, inclusive exercer meu papel de pai, ajudá-lo na compreensão do mundo e esclarer o meu mundo, bastante criticado, principalmente por você.
Confortam-me as lembranças da sua infãncia. Lembro-me perfeitamente das histórias que eu contava, inventadas por mim ou não, a você e seu irmão. Misturas de fantasia e realidade que vocês adoravam e "viajavam" comigo sem precisar de grande esforço, pelo menos até sua mãe nos chamar e libertar do mundo fantástico a que éramos submetidos por nossa imaginação. Filho, a cada dia percebo o quanto é semelhante a sua mãe. Isso é bom, porque, na verdade, era sempre ela que me "acordava para a vida", talves esse era o segredo da nossa relação, eu e meu mundo de fantasias mantínhamos a levesa e a alegria da casa, e ela, muito séria e pragmática não me deixava esquecer das obrigações reais, assim, nossos mundos se misturavam e entravam em perfeita harmonia.
Os primeiros momentos após a descoberta do meu câncer foram difíceis de serem vividos. Só tenho a agradecer a você e toda a família pela força que irradiava de vocês e me fazia sobreviver. No entanto, o mundo isolado na minha mente também contribuiu, se não fosse ele a angústia teria me dominado. Esse mundo paralelo era um refúgio à realidade, nele tudo era belo, a dor e o sofrimento não existiam. Confesso que por diversas vezes confundi o mundo real com o imaginário e, você, me condenava. Aonde está aquela criança alegre e apaixonada pelas estórias inventadas? Gostaria que compreendesse que às vezes não custa fantasiar a realidade, já que ajuda um pouco a viver.
O equilíbrio é o objetivo de todos, e, ao mesmo tempo, é o que nos faz alcançá-lo. Querido, você deve aprender a fantasiar em algumas circunstâncias. Com certeza não quero um filho alheio ao mundo que o cerca, estagnado e alienado. Mas também não quero que sofra demasiadamente com a realidade. Se existe uma forma "simples e barata" de diminuir a aflição, por que não usufruir da mesma?
Deixo claro que nas condições em que o mundo se encontra não podemos viver somente de fantasias. Pelo contrário, a população em geral deve estar atenta aos políticos e suas ações. O meio político está tão doente quanto eu. São mentiras, promessas não cumpridas, roubos e descaso, preocupados apenas em angariar votos inúmeros políticos contaminam nosso país da pior maneira possível e mancham a história.
Acredito, meu caro, que já descobriu a pequena diferença entre sonho e fantasia. Sonho é o que almejamos e lutamos para que torne realidade, ele nos impulsiona e estimula a vida. Sonho é o que todos tem dentro de si, mas, alguns, diante das dificuldades enfrentadas na luta pela sobrevivência transformam os sonhos em fantasias. É preciso que haja um heroi dentro de cada um de nós, pronto para agir, que acredita no potencial humano e tem força de vontade para ajudar os necessitados. Desse modo, os super homens, hércules, homens-aranha e "batmans" devem sair do plano das ideias e participarem do plano real com ajudas humanitárias.
Querido filho, é necessária a distinção entre o momento certo de cada plano entrar em ação e assim construir a hitória da sua vida. Na busca pela realização dos sonhos e da felicidade a fantasia deve ter seu espaço, sem dominá-lo ou atrapalhar seu amadurecimento e muito menos ofuscar sua visão de mundo. Para mim as fantasias foram uma maneira de viver e, simultaneamente,  produzir meus poemas marcados pela idealização ao modo romântico. Para você ela deve dar mais levesa, suavidade e humor. Não dá para viver sempre rabugento e sem ideais. Ressalto que voltar a ser criança, às vezes, não faz mal. Cuide-se. Sonhe. Fantasie. Realize. Viva. Progrida. Lembre-se sempre de mim e construa sua própria Pasárgada em vida. Um forte abraço e enorme beijo.

Do seu pai que muito o ama,

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

De fantasias a sonhos: o mundo do vestibulando...

Deixando meus textos de temas cotidianos generalizados de lado e assumindo uma postura mais pessoal, do tipo "eu-lírico" e específico, vem aí um pouco de lamentações (talvez sejam universais, realmente, não sei)...Mas que poderão ser partilhadas por outras pessoas que já passaram pela mesma situação ou que gostam de analisar a mente humana. Sim, posso servir de experiência (acho cobaia um termo feio! rs).

Desculpem-me por ter ficado longo. Sei que muitos tem preguiça de ler. Assim sendo, de coração, se tiver preguiça não sinta-se obrigado a ler, essa foi mais uma terapia do que qualquer outra coisa. E como cito...às vezes, mais vale o silêncio...

Sabe quando você sente que perdeu o chão? Pois é. Sábio o desconhecido que disse algum dia: "Feliz aquele que não sonha, pois nunca terá desilisões". Essa é a verdade.

Sonhar parece simples, singelo, fácil e belo. Dizem que nos traz alegrias, que ludibriar a nossa mente também é bom. Mas e quando o maior "sonho que a gente sonha" é também um objetivo e, principalmente, corresponde a sua realização pessoal?

Para um sonho ser considerado impossível deve estar exageradamente longe do nosso plano de vivência, daqueles que só se realizarão "em outro mundo". Como exemplo cito o sonho de paz e amor para todo o sempre no universo. Impossível. Estou sendo cética, sem coração, grossa e desumana? Não. Estou falando sobre a realidade em que se encaixa a concepção de vida do ser humano. O homem sempre terá como marca a individualidade, a privacidade (o espaço de cada um muito bem delimitado), as ambições, o preconceito (sim, em pleno século XXI ainda existe e creio eu que nunca acabará de verdade), os 7 pecados - e muitos outros - capitais, não é mesmo? Desde que o homem é homem ele luta pela sua sobrevivência, marca seu território e isso gera intrigas com outros grupos ou outros homens. Vale lembrar alguns de que o homem não passa de um animal, que apenas acredita ter o "poder" de raciocinar melhor que outros animais.

Mas, voltando ao assunto pricipal. Essa de que sonho impossível não existe, "basta acreditar e correr atrás" é uma ideologia de "auto-estima" mal inventada. Lógico que existem. Posso sonhar um dia estar casada com Robert De Niro morando em Hollywood depois de ter ficado famosa por ter ganhado o maior prêmio da loteria de todo os países e comprado uma nave espacial com direito a passeio pela Lua e Marte e, ainda, ter descoberto o elixir da longevidade e ter garantido minha vida imortal. Leu os detalhes? Claro que isso é totalmente impossível, ao menos nesse nosso plano de vivência e no estágio de evolução em que nos encontramos. (Sem contar que até eu ter conseguido todo esse feito, provavelmente Robert na idade em que já se encontra estaria morando debaixo de 7 palmos - não se assustem, morte é algo natural, faz parte do ciclo, rs - e justamente por isso o escolhi como exemplo!). Pois bem, reitero, "sonhos impossíveis são reais". Entretanto, você tem conhecimento disso (ao menos qualquer pessoa em sã consciência teria, rs) e sabe que não passará de um sonho, que na verdade, chega a ser fantasia. Hum! É isso, descobri (Eureka!). As pessoas confundem facilmente sonhos com fantasias. Há um "Muro de Berlim" separando-os (Digo Muro de Berlim porque se for modificado, lapidado aos poucos, poderá transformar uma fantasia em sonho ou vice-versa). Sonhos são possíveis, são reais, almejados e possivelmente concretizados. Fantasias não passam de frutos da nossa imaginação fértil.

Pois bem, depois de deixar as coisas um pouco mais claras na minha mente (sim, vou escrevendo conforme penso, podem acreditar...rs) e acho que no post e na mente dos que me leem. Afirmo, veementemente: Eu sonho. Sou uma sonhadora incostante. E sonho, sonho com tudo o que quero para a minha vida. E desses sonhos, tenho certeza, se eu correr atrás assim como "quem tem boca vai à Roma", posso realizá-los. Então, eis que surgem outros problemas, os que mais assolam minha cabeça, os que dificultam a jornada capaz de transformar o que está na mente em realidade, daqueles que martelam, martelam, martelam e chegam a causar dor, rs. Quando conseguirei torná-lo realidade? Quanto tempo até que eu possa sentir-me realizada? (Se é que realização plena existe, no fundo, acredito que não, sempre aparecerão outros sonhos). Qual o melhor caminho a seguir para que ocorra? Quais as melhores escolhas? Será que estou confundindo sonho com fantasia? Será que eu realmente sou capaz? Sou digna desse sonho? É isso mesmo o que eu quero para a minha vida? Por que não mudar esse sonho ou mudar a minha vida de rumo? E assim, perguntas e mais perguntas vão surgindo, brotando de todos os lados cerebrais e perpetuando, e o pior é que se você não der um "basta" ou "chega prá lá" vão ficar presas à sua mente "eternamente", porque se assim continuar, será uma pessoa "eternamente" insegura e provavelmente sem sonhos realizados, ou seja, frustrada!

Digo tudo isso porque no momento o meu "sonho-mor" é passar no vestibular para o curso mais concorrido de todos os tempos - Medicina - numa universidade pública - Federal ou Estadual. Impossível? Lógico que não. Muitos já conseguiram, por que eu também não conseguiria?. Difícil? SIM! Diria até mesmo dificílimo! rs. E é isso. A dificuldade e as tribulações que passamos pela vida, nos fazem perder o rumo, perder o chão, perder a cabeça, a mente e o coração. Vamos nos fragmentando, deixando pedaços de nós cair por aí e nem mesmo nos importamos, porque nosso pensamento está voltado para nossas lamentações. Você busca alternativas que no futuro poderão te frustrar - como desistir e mudar de curso. Você fica literalmente "imaginando coisas" e impregnando sua mente com pensamentos pessimistas. Na dificuldade o que ocorre com maior facilidade é "abandonar o barco". Pois você pensa "caramba, estudei até 'morrer' um ano inteiro - ou mais de um ano, para quem faz/fez cursinho, como eu - dei o meu máximo, virei noites estudando, tornei-me uma pessoa feia (sim, ficamos horríveis nessa época: emagrecemos ou engordamos, a cara fica cheia de espinhas, gastamos muito dinheiro com doces - principalmente chocolates, sem contar as olheiras horrendas que transformam nossa feição, rs), abdiquei da minha vida social, dos namoros, dei pouquíssima moral aos muitos amigos que já estão na faculdade, enfim, dediquei-me integralmente aos estudos, e eis o resultado: 'desclassificado', 'nota insuficiente'...".  

Como não se sentir mal com isso? Como não se frustrar? Como "ser feliz" num momento desses? Como não se entristecer, chorar, ficar com raiva, discutir, brigar? Nessas horas, simplesmente, não tem como ser forte. Nessas horas você se torna um bebê: frágil, totalmente exposto, com medo, receio, e até mesmo sem perspectivas ou esperanças para o futuro. E para completar, e piorar a situação, ainda surgem aquelas pessoas invejosas, fazendo comentários totalmente indevidos, impróprios, que nos magoam profundamente (Nem se preocupe, sempre tem um desses, até mesmo na família!). Mas também aparecem aqueles carinhosos, prontos a te acolher e cheios de frases de consolo. Entretanto, pode ser pior, sabia? Pois essas frases de consolo são muito clichês, daquelas que todos já estão absurdamente cansados de ouvir e que no fundo muitas não passam de "tentativas de se elevar uma auto-estima ", que, diga-se de passagem, já está totalmente inexistente, e ainda por cima mal elaboradas e mentirosas, podendo até mesmo fazer com que surjam mais perguntas perturbadoras na mente do vestibulando.

Assim sendo, quando for apoiar alguma pessoa numa situação parecida, faça um favor pra você - que não precisará saber lidar perfeitamente com as palavras - e para os sentimentos do outro. Apenas abrace-o, abrece-o o quanto puder e fique em silêncio, deixando que a própria pessoa possa se re-estabelecer, desabafar, chorar, buscar as respostas no seu interior. Pois acreditem, nós só encontramos as respostas dentro de nós mesmos ou nas fontes em que a nossa fé é inabalável.

Hoje, ao escrever esse texto, simultaneamente, fui buscando respostas no meu interior, mesmo que estivessem lá no fundo, abafadas, elas foram surgindo, mostrando-se a mim e me consolando e esclarecendo. Agora eu sei que tudo só depende de mim. Que só depende dos meus estudos. Que só depende das minhas companhias. Que só depende das minhas atitudes. Que só depende da minha sorte. Que só depende da minha fé. Que só depende do que eu almejo para a minha vida. Que só depende do que eu sou capaz de fazer comigo mesmo. Que só depende do que eu sou capaz de enfrentar, viver, aguentar. Que só depende do que se passa na minha mente. Que só depende do que eu aceito quieta ou do que eu contesto bravamente. E assim, dependendo, dependendo, dependendo, resolvi que na verdade, não depende só de mim, depende dos outros também, no fundo depende de tudo. Não posso me culpar por não ter passado por 1,00 ponto ou 2 questões - sim, verdade, não passei por esses míseros números, infelizmente!. Não posso me culpar por atos inesperados e inpensados. Não posso me culpar pelos meus erros, afinal todos estão sujeitos a eles. Não posso me culpar pelo que sei ou não sei, ninguém sabe de tudo. Não posso me culpar pelo o que ainda não aconteceu. Não posso me culpar, é isso. Não posso me culpar. Como fazer para não ficar me martirizando com essas culpas? Ainda não sei, mas já sei que não posso me culpar, e isso é um início. Portanto, se você iniciar, se você for capaz de começar, dar o "ponta-pé inicial" na sua vida, nas suas atitudes, já será meio (ou menos, rs) caminho andado para a realização dos seus sonhos.

Não entendeu? Não se preocupe, talvez nem eu tenha entendido ao certo, mas sei que o certo está dentro de mim e que me fez uma pessoa melhor hoje. Percebi que hoje eu amadureci, simplesmente cresci. E quem desejar, que venha comigo em busca da concretização dos meus sonhos...só não podemos nos esquecer de carregarmos conosco nossas preciosas fantasias, pois elas são capazes de dar um brilho especial à vida de qualquer um. Ainda sonho em ser uma médica boa o bastante para salvar vidas, dar esperanças, ajudar e acolher o próximo, respeitar a vida, fazer acontecer, desvendar mistérios do nosso corpo, ou seja, ainda sonho em ser uma médica bem sucedida apta a exercer esse precioso título. Como também ainda fantasio conhecer o mundo descrito em "As Crônicas de Nárnia"...



Depois de muita coisa dita, de ter transformado meu texto num mix de monólogo interior, auto-ajuda (gênero que eu nem gosto muito, rs) e até mesmo relatos do cotidiano, termino por aqui. Sinceramente, isso é uma grande e boa terapia, com certeza, a melhor que existe.