sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

De fantasias a sonhos: o mundo do vestibulando...

Deixando meus textos de temas cotidianos generalizados de lado e assumindo uma postura mais pessoal, do tipo "eu-lírico" e específico, vem aí um pouco de lamentações (talvez sejam universais, realmente, não sei)...Mas que poderão ser partilhadas por outras pessoas que já passaram pela mesma situação ou que gostam de analisar a mente humana. Sim, posso servir de experiência (acho cobaia um termo feio! rs).

Desculpem-me por ter ficado longo. Sei que muitos tem preguiça de ler. Assim sendo, de coração, se tiver preguiça não sinta-se obrigado a ler, essa foi mais uma terapia do que qualquer outra coisa. E como cito...às vezes, mais vale o silêncio...

Sabe quando você sente que perdeu o chão? Pois é. Sábio o desconhecido que disse algum dia: "Feliz aquele que não sonha, pois nunca terá desilisões". Essa é a verdade.

Sonhar parece simples, singelo, fácil e belo. Dizem que nos traz alegrias, que ludibriar a nossa mente também é bom. Mas e quando o maior "sonho que a gente sonha" é também um objetivo e, principalmente, corresponde a sua realização pessoal?

Para um sonho ser considerado impossível deve estar exageradamente longe do nosso plano de vivência, daqueles que só se realizarão "em outro mundo". Como exemplo cito o sonho de paz e amor para todo o sempre no universo. Impossível. Estou sendo cética, sem coração, grossa e desumana? Não. Estou falando sobre a realidade em que se encaixa a concepção de vida do ser humano. O homem sempre terá como marca a individualidade, a privacidade (o espaço de cada um muito bem delimitado), as ambições, o preconceito (sim, em pleno século XXI ainda existe e creio eu que nunca acabará de verdade), os 7 pecados - e muitos outros - capitais, não é mesmo? Desde que o homem é homem ele luta pela sua sobrevivência, marca seu território e isso gera intrigas com outros grupos ou outros homens. Vale lembrar alguns de que o homem não passa de um animal, que apenas acredita ter o "poder" de raciocinar melhor que outros animais.

Mas, voltando ao assunto pricipal. Essa de que sonho impossível não existe, "basta acreditar e correr atrás" é uma ideologia de "auto-estima" mal inventada. Lógico que existem. Posso sonhar um dia estar casada com Robert De Niro morando em Hollywood depois de ter ficado famosa por ter ganhado o maior prêmio da loteria de todo os países e comprado uma nave espacial com direito a passeio pela Lua e Marte e, ainda, ter descoberto o elixir da longevidade e ter garantido minha vida imortal. Leu os detalhes? Claro que isso é totalmente impossível, ao menos nesse nosso plano de vivência e no estágio de evolução em que nos encontramos. (Sem contar que até eu ter conseguido todo esse feito, provavelmente Robert na idade em que já se encontra estaria morando debaixo de 7 palmos - não se assustem, morte é algo natural, faz parte do ciclo, rs - e justamente por isso o escolhi como exemplo!). Pois bem, reitero, "sonhos impossíveis são reais". Entretanto, você tem conhecimento disso (ao menos qualquer pessoa em sã consciência teria, rs) e sabe que não passará de um sonho, que na verdade, chega a ser fantasia. Hum! É isso, descobri (Eureka!). As pessoas confundem facilmente sonhos com fantasias. Há um "Muro de Berlim" separando-os (Digo Muro de Berlim porque se for modificado, lapidado aos poucos, poderá transformar uma fantasia em sonho ou vice-versa). Sonhos são possíveis, são reais, almejados e possivelmente concretizados. Fantasias não passam de frutos da nossa imaginação fértil.

Pois bem, depois de deixar as coisas um pouco mais claras na minha mente (sim, vou escrevendo conforme penso, podem acreditar...rs) e acho que no post e na mente dos que me leem. Afirmo, veementemente: Eu sonho. Sou uma sonhadora incostante. E sonho, sonho com tudo o que quero para a minha vida. E desses sonhos, tenho certeza, se eu correr atrás assim como "quem tem boca vai à Roma", posso realizá-los. Então, eis que surgem outros problemas, os que mais assolam minha cabeça, os que dificultam a jornada capaz de transformar o que está na mente em realidade, daqueles que martelam, martelam, martelam e chegam a causar dor, rs. Quando conseguirei torná-lo realidade? Quanto tempo até que eu possa sentir-me realizada? (Se é que realização plena existe, no fundo, acredito que não, sempre aparecerão outros sonhos). Qual o melhor caminho a seguir para que ocorra? Quais as melhores escolhas? Será que estou confundindo sonho com fantasia? Será que eu realmente sou capaz? Sou digna desse sonho? É isso mesmo o que eu quero para a minha vida? Por que não mudar esse sonho ou mudar a minha vida de rumo? E assim, perguntas e mais perguntas vão surgindo, brotando de todos os lados cerebrais e perpetuando, e o pior é que se você não der um "basta" ou "chega prá lá" vão ficar presas à sua mente "eternamente", porque se assim continuar, será uma pessoa "eternamente" insegura e provavelmente sem sonhos realizados, ou seja, frustrada!

Digo tudo isso porque no momento o meu "sonho-mor" é passar no vestibular para o curso mais concorrido de todos os tempos - Medicina - numa universidade pública - Federal ou Estadual. Impossível? Lógico que não. Muitos já conseguiram, por que eu também não conseguiria?. Difícil? SIM! Diria até mesmo dificílimo! rs. E é isso. A dificuldade e as tribulações que passamos pela vida, nos fazem perder o rumo, perder o chão, perder a cabeça, a mente e o coração. Vamos nos fragmentando, deixando pedaços de nós cair por aí e nem mesmo nos importamos, porque nosso pensamento está voltado para nossas lamentações. Você busca alternativas que no futuro poderão te frustrar - como desistir e mudar de curso. Você fica literalmente "imaginando coisas" e impregnando sua mente com pensamentos pessimistas. Na dificuldade o que ocorre com maior facilidade é "abandonar o barco". Pois você pensa "caramba, estudei até 'morrer' um ano inteiro - ou mais de um ano, para quem faz/fez cursinho, como eu - dei o meu máximo, virei noites estudando, tornei-me uma pessoa feia (sim, ficamos horríveis nessa época: emagrecemos ou engordamos, a cara fica cheia de espinhas, gastamos muito dinheiro com doces - principalmente chocolates, sem contar as olheiras horrendas que transformam nossa feição, rs), abdiquei da minha vida social, dos namoros, dei pouquíssima moral aos muitos amigos que já estão na faculdade, enfim, dediquei-me integralmente aos estudos, e eis o resultado: 'desclassificado', 'nota insuficiente'...".  

Como não se sentir mal com isso? Como não se frustrar? Como "ser feliz" num momento desses? Como não se entristecer, chorar, ficar com raiva, discutir, brigar? Nessas horas, simplesmente, não tem como ser forte. Nessas horas você se torna um bebê: frágil, totalmente exposto, com medo, receio, e até mesmo sem perspectivas ou esperanças para o futuro. E para completar, e piorar a situação, ainda surgem aquelas pessoas invejosas, fazendo comentários totalmente indevidos, impróprios, que nos magoam profundamente (Nem se preocupe, sempre tem um desses, até mesmo na família!). Mas também aparecem aqueles carinhosos, prontos a te acolher e cheios de frases de consolo. Entretanto, pode ser pior, sabia? Pois essas frases de consolo são muito clichês, daquelas que todos já estão absurdamente cansados de ouvir e que no fundo muitas não passam de "tentativas de se elevar uma auto-estima ", que, diga-se de passagem, já está totalmente inexistente, e ainda por cima mal elaboradas e mentirosas, podendo até mesmo fazer com que surjam mais perguntas perturbadoras na mente do vestibulando.

Assim sendo, quando for apoiar alguma pessoa numa situação parecida, faça um favor pra você - que não precisará saber lidar perfeitamente com as palavras - e para os sentimentos do outro. Apenas abrace-o, abrece-o o quanto puder e fique em silêncio, deixando que a própria pessoa possa se re-estabelecer, desabafar, chorar, buscar as respostas no seu interior. Pois acreditem, nós só encontramos as respostas dentro de nós mesmos ou nas fontes em que a nossa fé é inabalável.

Hoje, ao escrever esse texto, simultaneamente, fui buscando respostas no meu interior, mesmo que estivessem lá no fundo, abafadas, elas foram surgindo, mostrando-se a mim e me consolando e esclarecendo. Agora eu sei que tudo só depende de mim. Que só depende dos meus estudos. Que só depende das minhas companhias. Que só depende das minhas atitudes. Que só depende da minha sorte. Que só depende da minha fé. Que só depende do que eu almejo para a minha vida. Que só depende do que eu sou capaz de fazer comigo mesmo. Que só depende do que eu sou capaz de enfrentar, viver, aguentar. Que só depende do que se passa na minha mente. Que só depende do que eu aceito quieta ou do que eu contesto bravamente. E assim, dependendo, dependendo, dependendo, resolvi que na verdade, não depende só de mim, depende dos outros também, no fundo depende de tudo. Não posso me culpar por não ter passado por 1,00 ponto ou 2 questões - sim, verdade, não passei por esses míseros números, infelizmente!. Não posso me culpar por atos inesperados e inpensados. Não posso me culpar pelos meus erros, afinal todos estão sujeitos a eles. Não posso me culpar pelo que sei ou não sei, ninguém sabe de tudo. Não posso me culpar pelo o que ainda não aconteceu. Não posso me culpar, é isso. Não posso me culpar. Como fazer para não ficar me martirizando com essas culpas? Ainda não sei, mas já sei que não posso me culpar, e isso é um início. Portanto, se você iniciar, se você for capaz de começar, dar o "ponta-pé inicial" na sua vida, nas suas atitudes, já será meio (ou menos, rs) caminho andado para a realização dos seus sonhos.

Não entendeu? Não se preocupe, talvez nem eu tenha entendido ao certo, mas sei que o certo está dentro de mim e que me fez uma pessoa melhor hoje. Percebi que hoje eu amadureci, simplesmente cresci. E quem desejar, que venha comigo em busca da concretização dos meus sonhos...só não podemos nos esquecer de carregarmos conosco nossas preciosas fantasias, pois elas são capazes de dar um brilho especial à vida de qualquer um. Ainda sonho em ser uma médica boa o bastante para salvar vidas, dar esperanças, ajudar e acolher o próximo, respeitar a vida, fazer acontecer, desvendar mistérios do nosso corpo, ou seja, ainda sonho em ser uma médica bem sucedida apta a exercer esse precioso título. Como também ainda fantasio conhecer o mundo descrito em "As Crônicas de Nárnia"...



Depois de muita coisa dita, de ter transformado meu texto num mix de monólogo interior, auto-ajuda (gênero que eu nem gosto muito, rs) e até mesmo relatos do cotidiano, termino por aqui. Sinceramente, isso é uma grande e boa terapia, com certeza, a melhor que existe.

5 comentários:

  1. Na realidade, o termo correto, usado pela psicologia, seria catarse.

    Sua crônica dá gancho para vários comentários, mas, a princípio, quero me ater aos sonhos. Você definiu muito bem a divisão entre sonho e fantasia, e as impossibilidades que tangem cada um. Porém, há que se ter em mente que o sonho é algo extremamente necessário na vida de alguém. Acredito ser ele a mola mestra que mova a evolução humana. Ele impulsionas as pessoas, faz com que elas almejem algo (não confundir com ganância ou inveja... rsrs).

    A medida em que o tempo passa, substituímos esses sonhos por outros, e notamos que nossas necessidades também mudam. Quando tropeçamos e não conseguimos realizar algo tão desejado ou sonhado, devemos refletir onde erramos. São fatos absolutamente normais, mas que devem ser absorvidos como lições.

    Já quanto àqueles que se aproximam para criticar ou consolar, isso não tem jeito. Cada pessoa assimilará a crítica ou consolo de uma forma diferente. Alguns necessitam do consolo, enquanto outros só reagem mediante a crítica ou quando são desafiados. Fiz isso com eu filho, e ele passou em 3 vestibulares ao mesmo tempo. Questão de jeito e de como agir com cada um. Mas essa é um visão de vida que só o tempo nos ensina: como agir com cada pessoa.

    Medicina? Olha, acho que o jornalismo e a psicologia podem estar na iminência de perder uma grande profissional. Você escreve muito bem, argumenta de forma precisa, e seu texto, apesar de longo, é muito bem escrito.

    Você é uma cronista por excelência, Letícia.

    Meus parabéns. Abraços.

    Marcio

    (perdão pelo comentário quilométrico, mas era muita coisa para comentar).

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  2. Olá Letícia,

    Concordo plenamente com o Marcio Jr:

    "acho que o jornalismo e a psicologia podem estar na iminência de perder uma grande profissional. Você escreve muito bem, argumenta de forma precisa, e seu texto, apesar de longo, é muito bem escrito."


    É com grande prazer que o ECOS DA ALMA convida você para receber o SELO DE QUALIDADE por este blog maravilhoso recheado de palavras, pensamentos intelectuais e encanto...

    Obrigado, Grande abraço!!!

    Link do Selo:
    http://www.ecosdaalma.com/p/selo-de-qualidade.html

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  3. Pois é Marcio, se a crônica já foi grande o comentário está fazendo jus. rs
    Obrigada pelo comentário, foi de grande valia, pode ter certeza. A cada dia aprendo mais nesse "mundo dos blogs", o que é muito bom, enobrecedor, enriquecedor...e concordo plenamente com tudo o que disse.
    Obrigada pelos elogios. Coisa boa é ser elogiada, né?! Só tomo cuidado para não me empolgar muito! kkkk
    Mas, acredita que quando fui decidir o que queria pensei nessas 2 opções - além de muitas outras?!! E não tem jeito, é medicina mesmo! rs Acredito que posso conciliar medicina com "inspirações" filosóficas, psicológicas, jornalísticas e afins! =)
    E quanto a você Sr. Kárcio, muitíssimo obrigada novamente! Adorei o selo, e o recebi com muito carinho. Já postei por aqui!
    De coração, agradeço aos dois pela atenção, apoio, elogios e tudo o mais!
    Abraços!

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  4. Olá, Letícia!
    A priori, parabéns pela crônica, viu?!
    Um texto excelente, cheio de sensibilidade. Algo incomum para uma menina de apenas dezessete anos.
    O grande Márcio JR me indicou seu blog e saiba que foi maravilhoso conhecer o seu trabalho. O Márcio tem faro e se ele te indicou, sem sombra de dúvidas, é por saber que se trata de um grande talento. Voltarei mais vezes para lê-la, ok?
    Um grande beijo no coração e continue tendo essa mente inteligente e brilhante que você tem.

    Vanessa

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  5. Obrigada Vanessa, é um prazer receber sua visita por aqui!
    É o Marcio JR tem sido meio que um "padrinho" do meu blog, rs Tenho muito que agradecer a ele, rs
    Volte sim, espero sempre poder te agradar e estar a altura desses elogios e da mente de cada um que passa por aqui!
    Obrigada novamente pelos elogios,
    Beeijinho, *-*

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Então, o quê você me diz?