quarta-feira, 27 de abril de 2011

História. Realidade. Tragédia.

Consequência de uma pausa...

A partir de 3 aulas recentes pensei nesse post. Uma aula de radioatividade (fissão e fusão nuclear = formação de bombas atômicas - produção de energia), outra de química orgânica com direito a saber dos poderes destrutivos do TNT (trinitroglicerina) e uma proposta de redação a respeito do papel das armas para a humanidade, com um ótimo intertexto com o filme Lord Of War (O Senhor das Armas - 2005). Acredito que vocês já compreenderam do que se trata os meus escritos de hoje, infelizmente, da nossa realidade, da capacidade destrutiva e autodestruição do ser humano.

Não é fácil falar de guerras, bombas, mortes, vidas - inocentes ou não -, desarmamento, armamento, destruição e tristeza. E, essa dificuldade maximiza-se quando, recentemente, uma tragédia ocorreu perto de nós, potencializada pelo uso de armas de fogo por pessoas civis. O infeliz acontecimento na escola Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, fez com que os discursos pró e contra o desarmamento voltassem mais veementes e categóricos. Estamos diante de um impasse, de difícil resolução, é certo alguns se desarmarem e outros não? E o direito a igualdade? Mas, e as mortes, as fatalidades, causadas por armas de fogo empregadas erroneamente? E as crianças que brincam com essas armas e acabam por machucar outras pessoas ou tornando-se mais violentas? E as reações a assaltos que poderiam não terminar em morte? E o direito a defesa que todo cidadão possui? E os bandidos, continuarão armados? O desarmamento, facilitará a ação policial? E aqueles subornos, vamos ficar livres deles? É possível (re)construirmos um país livre de armas de fogo e tudo o que as envolve? Como seria bom se pudéssemos prever o futuro tim-tim por tim-tim e assim evitar erros no presente...

Quanto ao desarmamento e toda a campanha, vale a pena ler pontos de vistas diferentes para que possam chegar a uma conclusão final. Eu prefiro não comentar muito sobre isso agora, se tudo der certo, posteriormente, publico uma dissertação a respeito disso, com a minha opinião, por enquanto, indico dois sites de opiniões opostas a respeito do tema:
Comitê Paz
Desarmamento: A Falácia

É sabido que as bombas atômicas lançadas no Japão pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial não eram necessárias, então, surge outra pergunta, por quê? Simples, demonstração de poder. O ex-presidente norte-americano H. Truman ao ser informado do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima, disse: "Este é o maior evento da história". Já o alto oficial cujo nome em código era Manhattan District Project, afirmou: "Era importante que a bomba atômica fosse um sucesso. Havia-se gastado tanto para construi-la...Todas as pessoas interessadas experimentaram um alívio enorme quando a bomba foi lançada". Assim, essas afirmações são claras demonstrações do significado dessas bombas, ou seja, o governo norte-americano ingnorava os princípios éticos (já que se tratava do fim de uma guerra, em que já se tinha a certeza dos "vencedores e derrotados") para impor a sua primazia político-militar no mundo, que, por sua vez, daria início ao período de Ordem Bipolar, determinado Guerra Fria, onde se contrapunham duas grandes potências mundias: EUA (capitalismo) X URSS (socialista), um período de "equilíbrio do terror" ou, de "guerra improvável, paz impossível".


 "A primeira bomba 'A' da história foi lançada pelos EUA sobre a cidade de Hiroshima no dia 06 de agosto de 1945. A explosão ergueu um cogumelo de devastação de 9000 metros de altura, gerando um calor perto de 5,5 milhões de graus centígrados. Na época, Hiroshima tinha 330 mil habitantes, o bombardeio matou cerca de 130 mil e feriu outras 80 mil pessoas".

Atualmente, as discussões em torno do enriquecimento de urânio e da geração de energia nuclear estão em evidência, principalmente pelo triste ocorrido no Japão. Então, ilustro com outro video a respeito dos testes nucleares, que nos faz imaginar o poder de destruição incrustado nessas bombas, que poderiam até mesmo disseminar a humanidade. O problema é: quando, afinal, o homem vai perceber que as guerras, as bombas atômicas, não passam de armas autodestrutivas incontroláveis? Quando o homem vai usar a ciência envolta nas bombas em favor da humanidade, em prol do bem estar social?




 Detalhe: Einstein no final indica uma expressão de: "como o homem é capaz de desviar progressos da ciência do bem para o mal?!" Já que Einstein era contra os testes nucleares e as bombas atômicas, inclusive, se não me engano, ele chegou a ganhar um Prêmio Nobel da Paz.





O filme O Senhor das Armas se passa nesse período (de Guerra Fria), e, trata sobre a indústria bélica e seus reflexos no mundo. Com uma crítica de alta qualidade, o filme é tanto para quem gosta de cinema e "bons filmes" como para quem gosta de filmes políticos, com vies de engajamento social e duras críticas, que vão desde o alto escalão da sociedade e do governo aos simples cidadãos envolvidos ou não em guerras - ou disputas de poder, mesmo que seja em um bairro ou favela (mais próximo da nossa realidade). Retrata o que se passava por trás das duas superpotências já citadas, suas indústrias bélicas, seus poderios e os efeitos de suas intervenções nos choques indiretos - guerras quentes que ocorreram sobre suas influências em outros territórios.



 


Enfim, a história nos mostra o quanto o progresso nos traz consequências boas e, também, ruins, tudo depende de como o homem irá usar o poder que tem em mãos. O mesmo posso dizer das armas, o homem a tem, só resta saber se vai ou não usa-la em prol do bem estar - por mais difícil que seja imaginar bem estar através de armas de fogo, pois sempre alguém ou algum animal termina machucado. Os filmes ilustram nossa realidade, e, assim, percebemos que vivemos cercados por tragédias. Imaginem quantos casos não noticiados existem a respeito de vítimas inocentes de armas, bombas, guerras e tudo o mais que o homem possui de ruim em seu interior e o externa através da violência, destruição e atos completamente irracionais. Espero que essa postagem de hoje sirva como reflexão para todos os que lerem e, a partir das reflexões, mudanças para o bem, por menores que sejam, ocorram a nossa volta, para podermos (re)construir um país, um mundo melhor, isso é o que verdadeiramente necessitamos!
Boa Quarta a todos!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Outro domingo...de Páscoa!

Consequência de uma pausa...

Confesso que iniciei um post sobre a Páscoa, mas foi ficando muito complexo, minha mente foi pensando a mil por hora, as críticas estavam pesadas (Senhor, perdoa-me! rs) e devido ao tamanho do post e o fato de eu ter que revisá-lo antes de publicar, mudei de ideia e de data para a publicação do mesmo.

Sendo assim, vou manter o ambiente mais leve por hoje, em contraste com meu peso após voltar a comer chocolates. Para quem comia chocolate diariamente, e não se contentava com apenas 30 gramas de chocolate amargo ou meio amargo (de acordo com as recomendações médicas), passar a quaresma e a Semana Santa sem se deliciar com essa "iguaria" foi bastante difícil. Sim, eu sou chocólatra, mas também sei me controlar, e, acho que depois dessa penitência, a ingestão desse produto vai até diminuir.

Não me satisfaz completamente dar margens à minha pressa e à superficialidade, mais uma vez, porém, é o que eu tenho para hoje. Espero, de novo, que não se sintam "desrespeitados" pela minha falta de presença nesse espaço e falta das minhas expressões, opiniões, ou, que seja, dos meus contos e devaneios. Logo, tudo voltará ao normal. Acho que assim que eu entrar nos eixos, o blog volta ao seu eixo também, não vou me prolongar nesse assunto agora, primeiro que não vem ao caso e segundo porque seria mais complexo que explicar minhas opiniões a respeito da Páscoa e de tudo o que a envolve, rs.

Sabe, se tem uma propaganda (das poucas que vejo) que me impressionou nesses últimos dias foi a da Coca-Cola. Já se vão quase 3 anos que eu não bebo refrigerantes, ou, bebidas gaseificadas. Nunca fui muito fã, mas, por fim, ingeria praticamente em todos os finais de semana, coisas de família. Tudo começou com penitência de quaresma que eu decidi prolongar. Aos poucos, percebi que realmente não me fazia falta, e nessa de não me fazer falta também ganhava em saúde, visto que esse tipo de bebida não é saudável, então, decidi parar de vez. Desse modo, posso dizer que hoje valorizo muito mais uma garrafinha de água mineral ou de suco. E, ainda, descobri que a maioria dos meus amigos também decidiram parar de beber refrigerantes ou já não bebiam, ao ponto de combinarmos de sair e 90% das pessoas da nossa mesa estarem bebendo suco ao invés de refrigerante. Enfim, o ponto principal é a maneira como as marcas vão se reinventando, tentam se aproximar dos consumidores, aumentar esse número e, agora, também tentam conscientizar a população para o bem, o que me admira - mas, não me faz voltar a ingerí-la, rs.


A partir da propaganda publicitária...
1. Não precisamos ser sempre negativos, pessimistas. Sempre temos a chance de olhar para o lado e procurar algo de bom, que nos motive, afinal, se tudo a nossa volta nos entristece, há algo de errado nisso aí...
2. As crianças são simplesmente seres divinos, capazes de mudar as atitudes dos pais, de propagar alegria, paz, amor e mudar toda uma história, ou, várias histórias e ambientes.
3. A corrupção deve ser sempre combatida, mas também não podemos nos esquecer de combater as doenças que nos cercam, de combater a falta de consciência das pessoas que tem medo de doar sangue e salvar vidas. Pessoal, doar sangue vai além de "ser furado" e retirarem "algo seu", doar sangue é salvar vidas, é praticar o bem (sem ver a quem), é fazer pessoas e famílias mais felizes, é dar a chance de sobrevivência para alguém, é dar uma segunda chance, é curar, é pensar um pouco mais no próximo e deixar o egoísmo e a ignorância de lado.
4. Destruir a natureza = destruir a si mesmo, pensem nisso. Embora 98% das latinhas de alumínio sejam recicladas, o Brasil ainda está longe do necessário para que o ambiente não sofra demasiado, muitas outras coisas precisam ser recicladas, inclusive, muitas vidas precisam ser recicladas, vidas que se encontraram no lixão, nas ruas, em meio a lixo que também poderia ser reciclado e não será...
5. Guerras são retrocessos, que poderiam ser evitados se soubéssemos viver em sociedade, se soubéssemos diminuir um pouco os interesses capitalistas, egoístas, dominadores e sobrepor os interesses de salvar o mundo do que há de errado.
6. Tá que eu tenho alergia dos bichinhos de pelúcia, mas, eles são fofos, representam coisas boas, marcam bons momentos e relacionamentos, então, que sejam produzidos a todo vapor e substituam as armas...
7. Que o amor seja propagado, disseminado muito mais que o medo, embora este também seja inerente ao ser humano. De qualquer forma, o amor é sublime, nos faz o bem, ajuda a formação de um mundo melhor, ao contrário do medo, que reprime, isola e muitas vezes (não todas) faz mal.
8. Para cada arma vendida, 20 mil pessoas são capazes de compartilhar algo do qual ambas gostam, isso é olhar ao próximo, é compartilhar alegria, mostrar amor, união e o bem.

Com certeza, há razões para acreditar que os bons são maioria. E, há muitas outras razões para acreditar que devemos aumentar o número de bons e disseminar essa maioria mundo afora, para que o bem chegue ao maior número de pessoas possíveis...
Sim, me encantei com essa propaganda da Coca. Que as pessoas não se lembrem só de ingerir a bebida, mas também se lembrem da mensagem que a propaganda passa e pratiquem o bem.

Uma ótima semana a todos que por aqui passarem!

Uma musiquinha para vocês:

domingo, 17 de abril de 2011

É domingo!

7:00 o despertador toca, um barulho incoveniente para muitos, mas que te avisa: "vamos lá! deixa de preguiça! é a sua vida, sua rotina, acorda que já é hora!", e, então me pergunto: "hora de quê mesmo? qual o meu planejamento para hoje?". Bom, comecemos pelo início, já que é o melhor a se fazer. Acordo cedo num domingo, saio à rua e o primeiro local público é a padaria. Agora, exercício de imaginação: você acorda cedo num domingo, veste uniforme, pega seus materiais (uma pasta enorme e pesada de tantas listas e folhas, mais cadernos, estojos e cia) e sai rumo ao cursinho. Passa pela padaria lotada de gente e todos se voltam para você, o centro das atenções que até consegue ler o pensamento das pessoas: "Coitada!", ou, "Nossa, ainda bem que eu já passei dessa fase!", ainda, "É tem que estudar mesmo, ralar, sofrer, a vida não é fácil", e tem mais, "Ainda bem que eu não estou na pele dela!", tem aquele que diz "Nossa, esses cursinhos perderam a noção, aula dia de domingo?!!", e, "Essa é esforçada, nunca que eu ía acordar cedo num domingo para ir ao cursinho!". Depois, passa pelo bar que funcionou a noite inteira, e, agora, fechado, continua com o odor de xixi das pessoas inconscientes, mal-educadas e desrespeitosas. Continua na caminhada e passa no quarteirão do hipermercado, mira a garagem e percebe o quanto ela é assustadora, desértica, com as lâmpadas brancas acesas, e mesmo assim meio escura, na hora você lembra dos "Jogos Mortais I, II, III, IV, V, VI" -- esqueci algum? Avança um pouco mais e vê um pacote vazio de batata Crony (não era Ruffles, por incrível que pareça, para quem não entendeu acabei de pensar no monopólio, rs) que o vento está carregando, tipo "far west", só faltou aparecer um cowboy a cavalo, o que não seria difícil, visto que na noite da véspera uma das maiores festas aconteceu na cidade, tradicional, que todos esperam o ano inteiro pela próxima, para toda a cidade e faz até as boates mais chiques anunciar promoções, a Festa a Fantasia, que lota o Goiânia Arena e dura a noite inteira, portanto, às 7h da manhã ainda tem gente fantasiada na rua, como a policial, a bombeira, os escoceses e mais outras fantasias indefinidas que eu encontrei nos postos lanchando. Chega ao cursinho depois de andar pela cidade deserta, com pouquíssimos carros (o que é impressiontante aqui em Goiânia, uma das cidades que mais tem carros por habitante!). Assiste a aula que te interessava, com um dos melhores professores que existe! 2 horas de aula, de literatura, diga-se de passagem, e você volta para casa depois de se fartar de comer na cantina da escola, conversar com alguns amigos, saber de alguma novidade, dar algumas risadas, para que o domingo não se torne tão domingo. Na volta, já tinham mais carros, passa perto de um clube que também já está mais movimentado (vale ressaltar que no sábado enquanto você estava fazendo simulado das 14:30 às 19:30 lembrava do cara de sunga que você viu ao passar pela porta do clube na hora do almoço - não que ele fosse bonito, sim porque foi uma cena estranha e inconveniente, até mesmo porque as piscinas ficam do outro lado). Passa novamente pela padaria e percebe que tem gente que recém acordou e você já está pensando no almoço! Então, volta para casa, senta para descansar um pouco e, aí sim, percebe que é domingo, mais do que qualquer outro fato dos anteriores, sabe por quê? Porque você simplesmente ligou a televisão. Sim, realmente é domingo! Começa ouvindo a propaganda do "Apracur", ridícula por sinal, eu tinha que comentar, já assistiram? A música é a do Jorge e Mateus - Amo Noite e Dia, maaaaas, modificada, ao invés de cantarem "amo noite e dia", cantam: "apracurado noite dia", gente, por favor né, nem preciso continuar pra vocês entenderem o quanto é tosca! Muda de canal e a TV fica colorida com a banda Restart conversando e dando rata com o Celso Portioli, melhor nem comentar. Muda de canal e percebe que nada te interessa, desliga a TV e vai para o computador, mas, como você não gosta de fazer uma coisa de cada vez, liga a TV enquanto usa o computador, antes do Restart cantar, apresenta-se o Nashville, nessa hora confesso que eu dei um pulo no sofá. Sabe por quê? Porque Nashville é uma banda de sertanejo goiana, que eu já fui em vários shows lá em Goianésia, visto que no início da carreira quase todo mês eles estavam lá, e eu, no auge da pré-adolescência, e por grande influência de supostos amigos, ouvia bastante, mesmo achando ridículo lá no fundo e gostando menos ainda hoje em dia, e surpreende-se mais quando percebe que eles estão cantando a mesma música que você cansou de ouvir há, no mínimo, uns 6 anos atrás (Meu Deeeeeeeus! Eu estou muito velha! O tempo não passa, vooooa, agora eu entendo o significado disso!). Como se não bastasse, nesse mesmo programa tem uma cama elástica enorme, com provas ridículas para competição entre homens e mulheres, que ficam se mostrando, quase nus, e, após tudo isso, quem se apresenta? Restart, até poderia dizer que são legaizinhos, eu sei algumas músicas, mas, convenhamos, a vozinha do menino me irrita, aquelas roupas escandalosas que não possuem um motivo maior ou um significado interessante e uma apresentação de caras e bocas, ah, mas eles são simpáticos, não é mesmo?!. Bom, acho melhor parar por aqui, convenhamos que comentar TV brasileira acaba com o domingo de qualquer um, não é mesmo?! Não resta outra opção a não ser, estudar, acho que até prefiro estudar matemática e física do que assistir a programas de tv aberta no domingo. Sim, é domingo, um dia quase normal!
Bom domingo a todos. Tenham uma ótima Semana Santa! =)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Especial: A suavidade das bailarinas

Consequência de uma pausa...

Hoje, ouvindo Tiê - como sempre -, pensei: "por que não fazer um 'post' relacionado a ela?". Sinceramente, sou uma grande admiradora da bela voz, do talento e do dom que essa moça possui. Não tem como cansar de ouvi-la e não apaixonar pelas músicas, pelos sons. Diante de tantos lançamentos no mundo da música, ela não tem tamanha notoriedade, mas, merecia muito que todos a conhecessem. Uma leveza, uma paz, uma mistura de sentimentos bons que nos é trasmitido, e nem sentimos, só percebemos quando a música acaba e rapidamente colocamos para tocar de novo, o que é muito difícil fazer com o trabalho de alguns artistas mundo afora. Também decidi fazer esse post ao ler o blog da Camila, Delicadas como Flores, que como Tiê apresenta leveza, belas palavras, 'delicadezas' e ótimas mensagens transmitidas. Num momento em que tudo vira sucesso, em que "música", literalmente, perdeu seu sentido e qualquer som é assim considerado, e, pior, faz um sucesso absurdo, Tiê nos faz pensar: "nossa, ainda bem que ela existe!". Posso até estar exagerando, mas, para mim, essa é a verdade, estamos carentes de bons trabalhos, do rock ao mpb - salvo exceções, lógico, sempre tem. Enfim, deixo vocês admirando a Tiê e sua bela voz, com alguns poemas e outras músicas que englobam o mesmo assunto. Espero que gostem - tanto da Tiê como do poema e das outras escolhas!

A Bailarina
Cecília Meireles

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.


Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.


Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.


Não conhece nem lá nem si
mas fecha os olhos e sorri.


Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.


Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.


Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.


Ciranda da Bailarina
Chico Buarque


Procurando bem todo mundo tem pereba,
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira, verruga, nem frieira
Nem falta de maneira ela não tem.


Futucando bem, todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho,
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida, nem dente com comida
Nem casca de ferida ela não tem.


Não livra ninguém,
Todo mundo tem remela quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem.


Medo de subir, gente
Medo de cair, gente, medo de vertigem quem não tem?


Confessando bem,
Todo mundo faz pecado, logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem.


Sujo atrás da orelha, bigode de groselha
Calcinha um pouco velha ela não tem
O padre também pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina.


Reparando bem todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília, goteira na vasilha
Problema na família, quem não tem?


Procurando bem...
Todo mundo tem...
Procurando bem...


Eu nem preciso comentar a composição de Chico, né?! Ela diz tudo, em pormenores, vai da análise psicológica à realidade, simplesmente, mais um trabalho perfeito do Chico, o que não é novidade - ao menos eu, sou grande admiradora dele, também. E, como perceberam, não me contentei somente com a Tiê, então, deixo aqui mais alguns videos dela, que, digo de passagem, vale muito a pena conferir (esqueci, sou suspeita para falar, né?! Mas, tentem acreditar...)!! :)





domingo, 10 de abril de 2011

Mix Dominical!

Consequência de uma pausa...

Pois é, hoje vou tentar falar (ou escrever e pensar) menos e ilustrar mais.

Começo com um video muito lindo e fofo que trata de um assunto muito interessante: amor, e as suas formas de expressão, ou tudo o que esse sentimento envolve, as dúvidas e incertezas, medos e receios, paz e alegria, enfim, amor e seus segredos. Antes, é claro, quero dizer que encontrei o video no blog Uni ver sos, de autoria da Ester. Embora já tivesse assistido há algum tempo, essa semana, quando eu o vi novamente, foi diferente, talvez porque diante de tantos acontecimentos ruins a nossa volta algumas coisas tenham transformado em mim, como dar maior valor à simplicidade e perceber o quanto é importante dizer a alguém muito especial que você a ama, obviamente, sem banalizações e sem "medo de ser feliz". Fico imaginando os pais das crianças assassinadas em Realengo, quantas vezes disseram para seus filhos que os amavam, que os queriam bem? Quantas vezes dissemos a uma pessoa que convivemos, estamos sempre ao seu lado, dia-a-dia, que gostamos dela, que ela é importante em nossa vida? Confesso que para mim não é tão fácil assim falar "ao vivo" sobre essas coisas, acho que é por isso que eu escrevo e que me sinto tão bem ao fazê-lo, porque chega um momento que precisamos "jogar tudo pra fora"....rsrs.

Então, você tem medo de dizer eu te amo?


                                                                              ***

Agora, mudando de assunto...política! Enfim, a "lua-de-mel" chegou ao fim, e, com ela, se passaram 100 dias do governo Dilma. Hoje não estou afim de deixar minha opinião a respeito disso, mas, saibam que ela tem me deixado mais surpreendida do que "revoltada". Na verdade, acho que isso está acontecendo porque independente de quem quer que esteja na Presidência, enquanto o comportamento dos "homens públicos" não passar por uma verdadeira transformação, muita coisa não vai mudar, quase nada muda, assim sendo, como os motivos das minhas revoltas e indignações no ramo político geralmente são pelos mesmos motivos, enquanto "eles" não mudarem, nada muda. Bem como, se a população não mudar, nada muda. Mas, como já disse, hoje pretendo escrever menos, então, aproveitando a ocasião, abro aqui uma brecha para convidá-los a visitar o blog do Marcio JR, Abismo das Vaidades e lerem mais a respeito do "Movimento Abre o Olho Brasil!", de antemão: vale muito a pena ler, participar, disseminar e praticar!

O tema é política e os 100 dias do governo Dilma (estou rindo aqui, quase escrevi 100 anos! - ou será que não tem graça?! hahaha), vou mudar um pouco a maneira da conversa e convidá-los a assistir um video do UOL, intitulado "Top 5 das gafes da Dilma em 100 dias de poder". Faço esse convite porque sei que o que mais encontraremos a respeito desse assunto serão análises políticas que nos levarão sempre para os mesmos assuntos, rumos e etc, etc, etc, então, nada melhor que mudar um pouco o ângulo, e, também, dar um pouco de risada, antecipo que tem nada a ver com "rir da desgraça alheia", é apenas um olhar diferente e humorístico, até mesmo porque, convenhamos, tem como não rir do suposto omelete feito na cozinha da Ana Maria Braga?

                                                                           ***

Então, para terminar, nada melhor que um pouco de música, não é mesmo? Nem preciso comentar o quanto sou apaixonada por músicas, em todos os seus estilos, se tem qualidade, se tem ritmo, se tem letra, estou ouvindo! Hoje, vou compartilhar com vocês músicas da banda Oasis, uma em que participa só a banda e outra com a presença do Coldplay. Espero que gostem! :)

Esse é da música Whatever. Também quero dizer que para quem não está tão bom no inglês assim, vale a pena conferir a letra e a tradução da música, aqui!


O próximo é com a participação do Coldplay:

Finalmente, um ótimo domingo a todos!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nem tudo é perfeito...

...nem tudo é tão maravilhoso quanto parece...

Primeiramente refiro-me à cidade do Rio de janeiro - a célebre "Cidade Maravilhosa" - conhecida internacionalmente pela sua beleza, que recebe milhares de turistas todos os anos e será palco de grandes acontecimentos esportivos. Mas, que ultimamente, também tem ganhado notoriedade pelas atrocidades que acontecem por lá, principalmente no que se refere às favelas, drogas e atos de violência urbana, infelizmente. Eis que a cidade perde, dia-a-dia, seu brilho de maravilhosa...Acredito que todos ficaram chocados, indignados, sensibilizados com o ocorrido na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no RJ. Tenho que confessar que lágrimas escorreram dos meus olhos quando assisti às reportagens nas emissoras televisivas. Arrepiei-me muito quando um menino contou que o assassino estava matando colegas ao seu lado, e, a única coisa que ele fazia era rezar, pedir proteção a Deus, e, enquanto isso o atirador virou-se para ele e disse que se acalmace, pois não atiraria nele e ele ia sobreviver. Fiquei indignada ao ver que as emissoras tiveram coragem de transmitir o sofrimento de uma mãe telefonando ao pai da filha avisando-o da morte da menina, um momento como esse não deve tornar-se instrumento de sensasionalismo, acho que tudo tem limite, posso até estar exagerando, mas, num momento como esse, acredito que o que a família mais deseja é privacidade, ou não, talvez nem pensem nisso diante do tamanho do sofrimento e da dor que as assolam, de qualquer forma, acho errado esse tipo de comportamento por parte das emissoras. Fiquei chocada com a crueldade, com o modo como tudo foi planejado e friamente executado, porém, não gostei quando alguns programas e cia chamarem o atirador de monstro. Sabe, creio que o termo monstro não se encaixe nesse caso, ele era um homem, sim, um homem com problemas psíquicos, patologias mentais, doente, que precisava de ajuda, ele não era um monstro, para mim, monstro são aqueles que tem plena consciência do que estão fazendo, sem vozes falando ao pé do ouvido, e fazem o mal por mero gosto e prazer. Wellington Menezes de Oliveira, ele também tinha um nome, uma cidadania. Acredito, ainda, que de todas as almas, a que mais precisa de orações é a dele, a que mais está sofrendo, é a dele, não é porque ele fez uma atrocidade de tal proporção que devemos esquecer de orar por ele, pelo contrário, é pela dele que devemos dedicar nossas orações - obviamente que não vamos deixar de rezar pelas crianças. Eu lamento muito, muito mesmo, essa tragédia, a morte de crianças inocentes, que não tiveram a chance de se defender, de escolher viver e aproveitar mais do que uma década de vida. Lamento pela história desse assassino, pois foi ela a motivação para que tudo ocorresse. Lamento pela nossa impotência em reconhecer o quanto as pessoas a nossa volta estão sofrendo, estão doentes e, então, não as ajudamos. Lamento que a linha entre morte e vida seja tão tênue e frágil. E, mais, que a vida seja tão imprevisível a ponto de não podermos nos despedir das pessoas que amamos.

"Segundamente", quero dizer que hoje foi um dia muito interessante, e, conforme tudo caminhar, será o marco para o início de mudanças na minha vida. Conheci uma pessoa que logo no início da nossa conversa me disse: "olha só, ninguém é perfeito!". Frase clichê? Talvez. O problema está no fato de que mesmo sabendo disso não nos damos por satisfeitos, não conseguimos nos conformar com essa situação, e, sempre restam dúvidas. Será mesmo que a perfeição é inatingível? Será mesmo que os meus sonhos não podem se realizar? Se ninguém é perfeito, por que alguns julgam-se perfeitos e são felizes? É só questão de auto-estima? Por que para muitos tudo parece tão fácil? Percebo que, às vezes, nos preocupamos demais com o jeito de ser dos outros, com a vida dos outros, afinal, a grama do vizinho é sempre mais verde e bonita, não é mesmo? E, muitas dessas vezes, não nos damos conta do que essas pessoas já passaram para chegarem aonde estão. Prefiro não me estender muito quanto ao sentido de perfeição, porque, na verdade, ainda estou "digerindo" essa ideia e é difícil falar sobre isso, teria que pensar e refletir sobre vários pontos para chegar a uma ideia final, ou não, já que, quando nos referimos a mim, ideia final torna-se um tanto contraditório, rsrs, e, no momento, não estou muito voltada para as respostas, confesso, dá um pouco de medo e receio, e também requer pensamentos profundos, o que vai contra a minha ideia de descansar um pouco a minha mente. De qualquer forma, quem nunca lutou, ou luta, pela perfeição? Quem nunca foi em busca, ou, está em busca dela? A perfeição pode adquirir inúmeras definições, facetas, pode variar de uma pessoa à outra, é simplesmente mutável. Então, como conviver com algo que sofre mutações constantes? É...como perceberam, trago mais dúvidas do que soluções, como disse, ainda acho complicado falar sobre isso, nem sei por que adiantei esse assunto...deve ser porque acho um assunto muito importante, que pode nos ajudar, nos ensinar e, assim, aprendemos a viver melhor nossas vidas, nosso cotidiano. Pois, fiquem com as perguntas retóricas, pelo menos vale a reflexão que advém delas.

Hoje não vou me prolongar - mais - , passei aqui somente porque senti essa necessidade de compartilhar alguns dos meus pensamentos e sentimentos do momento. Também, para deixar uma pequena opinião a respeito do que aconteceu no RJ, até mesmo porque, se eu fosse dizer tudo o que penso e toda a minha análise sobre esse fato, ninguém leria de tão grande ficaria o post, rs. Compreendo que estou longe da perfeição, isso me chateia um pouco - ou muito - , mas, continuo a tentar alcançar o mais próximo disso, - o que eu sei que para muitos pode ser considerado um erro - e, sobretudo, deixar que vocês descubram um sentido para a perfeição de vocês e também iniciem uma busca pelo mais próximo da mesma, se não sentirem necessidade disso, considerem-se grandes sortudos, como já disseram um dia: "Feliz do homem que não espera nada, pois nunca terá desilusões", ou, ao menos saibam - afinal, não quero ser responsável por maiores problemas na vida de alguém, longe disso: "A culpa existencial do homem consiste no seu fracasso em cumprir a exigência de realizar todas as suas possibilidades". - Sim, eu já tinha essa frase na minha cabeça há um tempo, mas, só hoje, diante de alguns ocorridos, dei-me conta do quanto isso é verdade e faz parte da minha vida...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ah, a natureza...

Consequência de uma pausa...

Mais um dos meus "posts rápidos", então, desconsiderem qualquer coisa...

É assim, no dia-a-dia que crescemos, amadurecemos e aprendemos. Posso até dizer que dá para aprender de tudo, bom ou ruim, por vontade própria, influência ou imposição, nós aprendemos inúmeras coisas, úteis ou não. Hoje, entrei para fazer uma pesquisa e, como sempre, abri na página da UOL para ler as últimas notícias, eis que me deparo com um álbum de fotos de teias de aranhas cobrindo as árvores do Paquistão. Exótico, inusitado, inacreditável, fim dos tempos, desequilíbrio, enfim, muitas palavras vem à nossa mente ao lermos e vermos imagens e reportagens como essa, mas, a que mais pesa é adaptação.

Diariamente somos submetidos a situações adversas, não costumeiras, e somos "obrigados" a nos acostumar a elas, ou seja, a nos adaptarmos. Através dessas fotos percebemos o quanto fazemos parte da natureza. A enchente dominou a cidade, deixando-a com poucos, ou nenhum, espaço seco para que as aranhas pudessem armar suas teias, se alimentarem e reproduzirem. Obviamente não foram só elas que perderam seu habitat, as pessoas - e outros animais terrestres - também, e, ao mesmo modo, se viram numa situação "inusitada" em que deveriam buscar outras condições de vida e garantir, assim, sua sobrevivência e a não extinção da espécie.

A adaptação é alvo de muitos estudos e controversias, de seguidores de Lamarck a seguidores de Darwin, principalmente. Para Lamarck a pressão ambiental leva a modificações adaptativas ("Lei do Uso e Desuso") que, por sua vez, seriam características hereditárias ("Lei da Transmissão das características adquiridas"), e, no fim, teríamos a evolução da espécie. Segundo Darwin, as espécies possuem variabilidade biológica, que sofrem efeitos da pressão ambiental e, então, ocorre a seleção natural, garantindo a sobrevivência dos indivíduos mais aptos, que irão reproduzirem-se (perpetuarem-se) e, assim, acontece a evolução da espécie. Essa foi uma breve e super superficial comparação entre as duas linhas de pensamento, o que, de certa forma, nem vem ao caso, mas, eu quis aproveitar enquanto escrevia para estudar um pouco mais de biologia, ou seja, acabei de maximizar meu tempo de estudo, bom, enfim...voltando ao assunto principal...

Ao ver essas imagens (clique aqui caso ainda não tenha clicado acima) e a notícia pensei no quanto o ser humano devia aprender com esse fato. Confesso que eu, a cada dia, tento aprender mais e mais, não só no que diz respeito as matérias escolares, mas também para a vida, como diz uma professora minha: "devemos deixar de ser ignorantes, parar de estudar só para passar no vestibular e começar a estudar para a vida" - sim, ela leciona fisiologia humana e comparada, o básico, ou nem tão básico assim, que todos deveriam conhecer para levar uma vida saudável e salvar outras vidas. Pois bem, essas aranhas nos deram uma verdadeira lição de vida, nos mostraram o quanto somos capazes de nos adaptar, de enfrentar a realidade diante dos piores acontecimentos, não esmorecer perante as dificuldades, e, assim, sobrevivermos. Afinal, muitos dizem que não vivem, e, sim, sobrevivem, não é mesmo?! Portanto, as aranhas também fizeram dessa maneira.

Outro ponto interessante é a maneira como a natureza se re-organiza e, com ela, todo o restante do ecossistema, assim como a população dos mosquitos, que diminuiu. Entre os humanos também é assim, conforme alguém se transforma, muda tudo a sua volta, o seu jeito de ver e enfrentar o mundo e toda a realidade que o cerca, as relações interpessoais também sofrem modificação e, então, uma vida nova começa. E, vale ressaltar, que essa vida nova só foi capaz de se formar porque, antes, transformações ocorreram, e, como o próprio Lamarck já disse um dia: "Em tudo o que a natureza opera, ela nada o faz bruscamente." Desse modo, se olharmos atentamente a tudo o que nos acontece veremos que alguns sinais de mudanças aparecem no decorrer da caminhada...

Concluindo, hoje percebi, mais uma vez, que assim como as aranhas e outros animais, também somos capazes de nos re-fazer, re-construir, re-inventar, re-erguer, como dizem: "levantar, sacudir a poeira e seguir em frente". Independente do que possa ocorrer para nos colocar para baixo, nos diminuir, nos machucar, nos tornar inferiores, somos privilegiados com a racionalidade, com a segunda oportunidade, sendo assim, devemos aproveitá-la e continuar a viver, não como antes, porque "naquela época" o olhar para o mundo e para a vida era outro, era tudo diferente do "agora". Realmente, tudo isso tem muito a ver com a minha vida, comigo, com o modo com eu vejo - ou via - as coisas a minha volta, enfim...não vou prolongar-me mais, rs. Mas, saibam, a vida é imprevisível.

Se me permitem, usarei de citações para ilustrar tudo o que quero dizer:

"Existe em nós a capacidade de realizar e dar vida nova a tudo que nos cerca. Basta querer."

"O problema da vida não é andar, tropeçar, cair...é voltar sempre para o mesmo lugar."

"Quando tudo parece dar errado, acontecem coisas boas que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo". (Renato Russo).

Enfim, em toda nossa vida, nos deparamos com dificuldades impostas por ela, que devem ser superadas. Também devemos passar por esses desafios, faz parte - e que parte! - e, para isso, precisamos tentar, pois se não tentarmos, a vida passará diante de nós, apenas passará...


P.S.: Lado humanitário do post:

Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.” (Martin Luther King).

domingo, 3 de abril de 2011

Somos todos VIPS?

Consequência de uma pausa...

Sábado passado tive o prazer de ir ao cinema e assistir ao filme VIPS (Mais informações - site oficial). Um filme nacional, com Wagner Moura como protagonista, direção de Toniko Melo e baseado no livro “VIPS – Histórias Reais de um Mentiroso” escrito por Mariana Caltabiano. Perdi os minutos iniciais do filme, mas deu para acompanhar normalmente. O final é simplesmente surpreendente, ficam todos olhando uns para os outros e se perguntando "uai, acabou?", "como assim?", "não, calma aí..." e tentando entender (ainda mais que sábado passado foi o dia da “Hora do Planeta” e as luzes ao fim da sessão não foram acesas!). Portanto, mais uma dica minha para essa semana, esse, sem sombra de dúvidas, é um filme que todos deveriam assistir, corram, ainda está nos cinemas, e, vale muito a pena!

Bom, vou tentar não contar muito as cenas do filme, caso alguém que esteja lendo ainda não tenha assistido, e também tentarei não contar o final, o que é extremamente difícil, rs. Mas, posto aqui a sinopse do filme: Desde pequeno, Marcelo Nascimento da Rocha tem muita dificuldade de viver com sua identidade. Seu maior prazer é imitar as pessoas e se passar pelos outros. Alimentando o sonho de aprender a voar e tornar-se piloto como o pai, Marcelo foge da casa da mãe e começa a maior aventura de sua vida, cada vez se passando por uma pessoa diferente. Até dar o maior golpe de sua vida: fazer-se passar pelo empresário Henrique Constantino, filho do dono da companhia aérea Gol, em uma grande festa no Recife.

O filme faz uma análise da crise de identidades que estamos vivenciando no mundo atual. Embora pareça uma frase e um tema clichê é muito interessante. É um exemplo da inversão e deturpação de valores da sociedade atual, como também das patologias mentais que afetam muita gente mundo afora. Fala sobre aquele tema que eu já citei no post intitulado "Abandono", o qual a pessoa habitua-se a mentir e com o tempo ela mesma começa a acreditar nas próprias mentiras. Fala sobre aquela busca eterna pelo "meu eu", pela verdadeira identidade.

Eu sei muito bem que não é fácil “descobrir-se”, até mesmo porque, todos os dias, passamos por inúmeras situações, muitas dessas inusitadas, novas, que nos proporcionam chances de autoconhecimento. Como já disse Clarice Lispector: “Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre...”, ou, “Sou como você me vê, posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de como e quando você me vê passar”. Ao nascermos somos completamente influenciados pela nossa família, pelas pessoas que nos cercam. Inclusive nossa voz depende das pessoas com quem crescemos e o modo como elas se comunicavam conosco. Desse modo, nossa identidade e a maneira como nos vemos também dependem dos outros. No mundo de vestibulandos em que vivo conheço pessoas que dizem prestar vestibular para tal curso somente porque é imposição dos pais, e seus olhos brilham quando falam nos cursos que realmente desejariam fazer. Essa é uma inversão, é uma fuga do que realmente se é. Acredito muito em vocação, é impossível uma pessoa ser feliz e fazer bem seu trabalho caso não goste dele. Portanto, pessoas como essas que eu conheço, que sempre tem alguém para dizer como ser, como agir, e esses “comos” são sempre diferentes do que o interior da pessoa gostaria de ser e agir, serão frustradas, correrão sérios riscos de adquirir doenças e se dar mal na vida. Mais uma vez mostro a importância da família na formação de um indivíduo, ah se todos tivessem consciência disso!

Em VIPS, o Marcelo (Wagner Moura), encanta-se pela atividade do pai, mas, ao contrário de casos da vida real, seus pais não o obrigam a gostar de aviação. É inerente a ele essa vontade de voar, pilotar aviões, conhecer lugares, fazer carreira nessa área. Entretanto, frustrações, fracassos e dificuldades surgem na sua trajetória de vida, mudam seu rumo e tornam a realização desse sonho quase impossível. Já que, no fundo, ele nunca será como seu pai. Aquela máxima de que mostramos quem realmente somos a partir das nossas ações e escolhas correspondem ao que o filme mostra, visto que a partir do momento em que o personagem toma uma única decisão sua vida muda completamente. E, a partir dessa decisão, ele se encontra em um mundo que até então ele desconhecia e que precisa mentir para poder continuar a viver. E, é assim que ele segue “ganhando” a vida.

No fim, ele começa a assumir, de modo literal, a identidade de outras pessoas. Nem mesmo se reconhece como Marcelo Nascimento da Rocha. A história é simplesmente fantástica, surpreendente. O olhar do diretor, o modo como o enredo é construído, a interpretação do Wagner Moura (de quem eu sou uma super fã) e como tudo toma seu rumo, as pessoas com as quais ele cruza pelo caminho, tudo perfeito, em harmonia. Confesso que demorei a perceber o quanto esse filme é bom, denso e tudo o mais. Só no outro dia fui capaz de tirar algumas conclusões, fazer algumas interpretações e compreender fatos, inclusive do nosso cotidiano.
O filme é um traço da realidade. As pessoas, aos poucos, vão deixando de ser quem realmente são para irem à busca de fama, sucesso, dinheiro, reconhecimento, e, ao seguirem nesse caminho se perdem, esquecem-se da própria essência, do que já foram um dia, do que já aprenderam, dos valores passados pelos pais – ou não. Por fim, Marcelo é Constantino. Para ele, é como se sempre tivesse sido assim, como se fosse uma verdade absoluta (embora eu esteja de acordo com os sofistas, mais ainda Protágoras, de que verdade absoluta não existe e etc, mas, isso não vem ao caso), e, pior, os outros acreditavam facilmente nisso. Para completar a história, a mulher considerada louca, drogada, sempre excluída, criticada e infeliz, foi a única a ver o quanto Marcelo era “bom ator” (segundo ela, porque para ele, não era uma interpretação, estava sendo apenas ele mesmo – sim, é um pouco complicado explicar essa confusão, e aí, imagino a confusão na mente do Marcelo, rs). Enfim, só ela percebe que o que ele tem é patológico, não é uma mera “brincadeira”, farsa, ou, mais um golpe na elite. Também vale ressaltar que o clímax se passa em época de carnaval, o que tem muito a ver com as fotos no salão da mãe, inclusive com uma das fotos da mãe do Marcelo, isso eu deixo para vocês verificarem e tirarem suas próprias conclusões ao assistirem ao filme, aviso com antecedência, é “pesado” o que se pode inferir.

No fundo acredito que todo mundo já mentiu, brincou de imitações, fingiu ser quem não era numa situação que poderia terminar em “tragédia”, enfim, todo mundo já teve “seu lado Marcelo”. Porém, quero muito acreditar que nunca ninguém que esteja lendo tenha tornado isso uma verdade. Como já disse outras vezes, não dá para fugirmos do que somos, ninguém é feliz dessa maneira, sem contar que não é certo, de forma alguma, fazer algo do tipo. O maior erro que podemos cometer não é enganar aos outros, porque com os outros podemos nos reconciliar, pedir perdão, perdoar, mostrar que mudamos através de gestos, mas, o maior erro que podemos cometer é enganarmos a nós mesmos. Esse erro não tem volta, vai sempre pesar na nossa consciência, nos piores momentos virá à tona e pode acabar com nosso interior, nossos sentimentos e com tudo o que já construímos, inclusive, nossa formação como indivíduos, nossos valores.

Finalizando, o filme mostra muito mais do que escrevi aqui. Não tem como eu escrever tudo aqui porque perderia a graça para os que ainda não assistiram ao filme. Então, fico nessa superficialidade mesmo, só postando como dica, porque vale muito à pena. Mais um filme nacional que merece prestígio. Se desejarem mais um motivo para assistir, podem ir com a certeza de que ouviram uma trilha sonora ótima e darão algumas boas risadas. De qualquer maneira, quem nunca quis ser um VIP? Quem nunca foi ou é um VIP? Pois sim, se ainda não somos VIPs, seremos...

O filme nos pergunta: "Quem você quer que ele seja?". Mas, ao sair do filme, nós nos perguntamos: "Quem realmente eu sou?". Ou, "como eu mudei", "como eu tenho fugido do que realmente eu sou". Assim, ele também serve de autoavaliação, o que fica a critério de cada um.

Como devem ter percebido, eu gostei bastante do filme, assim como em Cidade dos Anjos há muito que se analisar, há uma grande carga psicológica, tanto que no site oficial do filme vocês poderão encontrar mais sobre essa análise psicológica, com a participação de psicanalistas e etc.

Aqui deixo o trailer para aguçar - ou não - ainda mais a vontade de vocês:



sexta-feira, 1 de abril de 2011

"Cidade dos Anjos" e o ser humano

Consequência de uma pausa...

Sim, hoje, em plena sexta-feira, tirei uma folguinha, e que folguinha, diga-se de passagem. Parei apenas para tomar um sorvete e sentir-me um pouco mais refrescada diante do calor infernal que está fazendo em Goiânia, e, enquanto isso, comecei a mudar os canais na tv aberta (vale ressaltar que fico a maior parte do tempo mudando de canal, é difícil encontrar algo que me satisfaça, a não ser minhas séries prediletas e filmes em geral, rs) e me deparei com o início de um filme no SBT (por incrivel que pareça, assisti SBT, rs). Li o título: "Cidade dos Anjos" e comecei a assistir, fui assistindo, assistindo, assistindo e me interessando cada vez mais. Numa sexta-feira, praticamente 18h uma emissora de tv transmitir um filme com carga psicológica tão densa como esse é quase inacreditável. Imagino que muitos assistam devido ao romance, mas, confesso, uma das características do filme que menos me chamou a atenção foi justamente o romance (como sempre, eu, vendo tudo com olhar extremamente racional...).

Antes de opinar mais gostaria de deixar bem claro: ASSISTAM AO FILME, é simplesmente perfeito, vale muito a pena! (City of Angels. 1998. Romance. EUA. Direção de Brad Silberling. Com Nicolas Cage, Meg Ryan, Andre Braugher, Dennis Franz)

Continuando...No início você não dá muita atenção ao filme, ao tema central e chega a imaginar: "ah, vai ser só mais um daqueles filmes românticos clichês..." e, então, se você continuar verá o quanto estava enganado. O filme vai além de qualquer mera perspectiva, ele analisa os sentimentos humanos e a falta dos mesmos, analisa o sentir, os gestos, a ânsia do homem de ter o que o outro tem, de quer experimentar o que o outro experimenta, de querer provar de tudo na vida, analisa a invisibilidade social, os dilemas a que o ser humano é exposto no decorrer de toda a vida, bem como o peso e as dificuldades das escolhas, o comportamento humano diante do livre-arbítrio, a função do homem na sociedade, a fé, a vida, a morte, o sobrenatural e as dúvidas constantes.

Um anjo (Nicolas Cage) que não pode sentir a dor, o calor, o vento em seu rosto, o toque na pele ou o sabor dos alimentos, mas, que se sente atraído pela médica cirurgiã (Meg Ryan) e seu sofrimento ao perder um paciente - que o anjo teve a obrigação de levar "dessa para melhor" -  na mesa de cirurgia. Um ser, de certa forma sobrenatural, imperceptível e invisível aos olhos de quem não está a beira da morte, mas que com sua função gera o sofrimento e a dor nos outros. Bom, o resto da estória, o clímax e o desfecho não vou contar, visto que muitos podem ter anotado para assistir e se eu contar perde a graça. Porém, posso dizer que o filme é perfeito nas ilustrações dos dilemas humanos.

A médica deixa de ser totalmente racional e científica e passa a acreditar em algo superior, passa a acreditar que a vida não está só nas mãos dela, que algo de outro nível interfere na "nossa dimensão", passa a se perguntar o poder que ela possui para salvar vidas, a função que ele deve exercer na sociedade e até aonde ela pode ou é capaz de ir na sua profissão. Surge aí o confronto entre a fé e a razão, o real e a crença, a vida e a morte e quem detem o poder de tudo isso. Até que ponto devemos procurar por algo ou alguém para culpar de uma ação desastrosa? O tema de redação dessa semana foi sobre crendices populares e superstições e eu terminei o meu artigo de opinião analisando justamente essa pergunta, que é muito pertinente, mas não vem ao caso, é apenas mais uma pergunta retórica.

O anjo percebe-se amando uma mulher mortal, de "outra dimensão", que pode chorar, rir, sentir o vento ao andar de bicicleta, sentir a areia, as ondas e o gosto salgado do mar, tudo o que ele não é capaz. Permanece invisível diante do mundo, a exemplo de grande parte da população que por quesitos financeiros, estereótipos, culturais, sociais e etc também são invisíveis, inúmeras pessoas cruzam seus caminhos, entretanto, não fazem o mínimo esforço para olhá-las e lhes direcionar ao menos um "bom dia". Quanto custa ser sociável, simpático, educado, demonstrar um pouco de bondade e bom humor? De acordo com o que vejo, custa muito, muito caro. Assim, a condição de invisibilidade do anjo mostra, contraditoriamente, o quanto ele se sente mal, inferior, mesmo que seja imortal e, talvez, esteja em um "nível superior" aos "reles mortais". Ele começa a se perguntar: por que não aparecer? Por que não aparecer para ela? E, desse modo, aproxima-se ainda mais do mundo terreno.

No filme, é claramente perceptível a questão e as dúvidas em torno do livre-arbítrio a que somos submetidos no dia-a-dia. Todo homem tem esse direito, acontece que nunca tivemos aulas para aprender a lidar com ele, cotidianamente não recebemos bons exemplos, não somos bem instruídos e, portanto, não sabemos nos relacionar com ele, o que nos torna passíveis de manipulação e totalmente frágeis. O livre-arbítrio nos leva a fazer escolhas próprias que gerarão consequências imediatas ou futuras. E é assim que vivemos toda a nossa vida, escolhendo, sendo escolhidos e sofrendo as consequências. O anjo tem que fazer escolhas que poderão mudar totalmente sua história e a "história do céu", sendo que só ele tem esse poder de decisão. A médica faz decisões dede quando nasceu (qualquer semelhança conosco é mera coincidência, rs) e continua a fazer na profissão e na vida pessoal, são decisões que como as do anjo podem mudar totalmente a sua vida. Dessa forma, dilemas a respeito desse tal livre-arbítrio são constantemente debatidos no decorrer do filme, com exemplos de outros personagens que também tiveram que decidir o rumo da vida, o que os levarão a uma redefinição do seu papel no mundo. (Como já disse, não vou explicitar quais seriam essas decisões e quais as mudanças, visto que quando assistirem ao filme irão compreender perfeitamente o que estou escrevendo).

Enfim, não posso e não devo prolongar-me nessas discussões, uma vez que além de polêmicas requereriam tempo e vocês ainda vão assistir ao filme, caso ainda não o tenham feito. Resumindo, o filme trata de assuntos polêmicos, que nós enfrentamos no dia-a-dia, mas, que muitas vezes nem mesmo reparamos ou paramos para pensar e refletir. A fé é colocada em evidência diante da morte, impossível de ser revertida pela razão e a ciência, ambas formadas em séculos de estudos. Além disso, achei perfeita o modo como esse conflito foi explorado, num ambiente hospitalar e na mente de uma médica cirurgiã. O homem assume inúmeras funções no meio social e tudo depende do livre-arbítrio, essas funções, portanto, podem ser modificadas constantemente. As dúvidas são inerentes ao ser humano, não tem como fugirmos delas, e, também, são perfeita e peculiarmente apresentadas no filme. O modo como devemos lidar com as emoções, os sentimentos, as sensações, a vida, a morte e a "possível ressurreição" (como estar a beira da morte e salvar-se, ou, recomeçar a vida, com modificação da sua função, dos hábitos, etc) são frisadas brilhantemente. O modo como o homem sempre acha que o que é do outro é melhor, que deve sentir todas as emoções e passar pelo maior número de experiências que nos cercam. A impotência de alguns perante as atitudes do próximo, que não possuem maiores problemas para realizarem o que bem entenderem, também é bem retratada.

Dizem que o homem é o produto de suas escolhas, o que eu concordo pefeitamente, e, o filme nos ilustra. O filme é tão bom que o invisível torna-se visível, o imortal torna-se mortal, o mortal torna-se imortal, o sobrenatural se sobrepõe ao real, as dúvidas geram mais dúvidas, os sentimentos afloram num ser que não pode sentir e, no fim, o medo de viver, de fracassar, de sentir, de mudanças, do novo, não interferem nas escolhas dos personagens, porque, para eles, o que importa é viver, apenas viver e sentir todos o maior número de momentos possíveis, até mesmo porque, como seria viver sem sentir ou sentir sem viver todas as emoções? (Nesses momentos imaginei o coração de um cego, um surdo, um mudo, um aleijado, um paraplégico, um tetraplégico, e por aí vai...ao assistirem ao filme...sem mais comentários!).