quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Dezembro

Consequência de uma pausa...
(Detalhe para o fato de que comecei a escrever esse texto há mais de quinze dias, sou o exemplo de muita coisa que digo abaixo, a verdade é que todos nós sempre temos o que melhorar e o que mudar, como também, o que continuar a fazer e aprimorar...)

Eis que chega o mês de dezembro. Acredito que não há quem não pare para pensar o que fez nesses últimos meses, ou deixou de fazer. É hábito pararmos um pouco para refletir, como também o é quando encontramos conhecidos e comentamos: "nossa, como o ano passou rápido, não é mesmo?", e todos são unânimes quanto à resposta: "sim, com toda certeza!". Os mais velhos ainda complementam dizendo: "parece que antigamente não passava tão rápido assim, quanto mais velho fico, mais rápido o tempo passa..." - invariavelmente com lamentação e tristeza estampadas no rosto, afinal, ninguém quer envelhecer "mais rápido do que antes".

Essa sensação de passagem do tempo ocorre porque cada vez mais deixamos de lado o que nos dá prazer - mesmo as coisas mais simples do dia-a-dia - para focarmos no que é necessidade e nem tão prazeroso como gostaríamos. Quem nunca deixou de ir a uma festa porque no outro dia tinha que trabalhar ou estudar? Será que não é possível irmos à festa, nos divertirmos um pouco, beber menos, comer menos e voltar mais cedo? Ou, por que tanto medo de enfiar o pé na jaca um dia ou outro? Lógico que todos nós temos nossas responsabilidades e devemos nos dedicar a elas, mas um dia ou outro que arriscarmos (na verdade, não é porque vamos a uma festa que devemos beber todas ou amanhecer, podemos nos divertir com mais moderação para estarmos inteiros e dispostos a assumir as responsabilidades no outro dia) não nos fará mal, como dizem por aí, "ninguém é de ferro"! Isso faz um sentido maior ainda quando vamos escolher nossa profissão, cada vez mais creio que realmente devemos optar pelo que mais se aproxima às nossas aptidões pessoais, ao nosso jeito, aos nossos planos, para podermos trabalhar mais felizes e não tornar uma obrigação o que deveríamos fazer com prazer e um sorriso no rosto - óbvio que, invariavelmente, ficamos cansados e temos vontade de jogar tudo para o ar, mas no fim, se for o que verdadeiramente gostamos, vamos voltar atrás e confirmar que é aquilo mesmo que queremos. E quanto aos idosos, conforme vão envelhecendo, vão perdendo um pouco dos sentidos, ficam um pouquinho mais surdos, não enxergam bem, os alimentos já não têm o mesmo sabor, os cheiros se confundem, os músculos fraquejam...dessa forma, o ato de viver torna-se complicado e a presença da morte mais próxima, às vezes a própria vida perde o sabor. Embora alguns consigam postergar um pouco seu fim, seja através da tecnologia, seja por meio de hábitos melhores,  seja por atitudes favorecedoras ao longo da vida ou, simplesmente, pela vontade, ânsia de viver, apenas isso: querer viver - o que eu acho mais bonito, além da naturalidade.

Aquela famosa desculpa da "correria cotidiana" também entra nos motivos de sensação de passagem do tempo. É trabalho, é estudo, é academia, é família, é obrigação, é responsabilidade, é dever, é isso, é aquilo, é aquilo outro... No fim, sempre temos do que nos lamentar...poderia ter estudado mais, ter dado maior atenção a algumas coisas ou pessoas, ter trabalhado menos, ter viajado mais, ter me esbaldado naquela festa, ter esquecido o regime naquele dia, ter feito mais regime, ter praticado exercícios físicos, ter amado mais, ter estressado menos, ter aproveitado aquela chance, etc. Mal percebemos que fazendo tudo, simultaneamente fazemos nada, afinal, distribuir nosso tempo de forma igualitária é impossível. Ao contrário, é possível nos dedicar mais àquilo que estamos fazendo, de forma que enquanto trabalhamos, vamos só trabalhar e só pensar nisso, enquanto estamos com a família, vamos viver aquele momento em função tão somente dela, sem pensar em outras coisas. Ou seja, é preciso otimizar o tempo que temos, proporcionando a nós mesmos uma vida mais prazerosa. Além disso, é incrível a capacidade que temos e toda a energia que perdemos nos lamentando, ao invés de pensarmos no que aconteceu de bom ou o quanto somos capazes de melhorar o que foi ruim.

Não sou muito a favor de planos, listas e coisas do tipo "para o ano que vem..." ou "no próximo ano..." ou "em 2012 vou...". Será mesmo que isso adianta? Acho que se adiantasse não seria necessário fazê-los todos os anos, até mesmo porque já saberíamos como agir com base no último. A verdade é que cada momento é único, não tem como prever o que vai acontecer, de forma que não é possível adiantar como iremos agir - antes de tudo, é preciso nos conhecer um pouco mais, ir a fundo dentro de nós mesmos. Obviamente que sempre temos o que melhorar, o que "arrancar" de nós, o que fazer, o que deixar de fazer...mas tudo isso podemos fazer a qualquer momento - basta querer! -, as promessas não são necessárias em todos os finais de ano. Quem nunca fez promessas e listas e mais listas para o próximo ano? Agora eu pergunto: quantas você conseguiu cumprir satisfatoriamente? Difícil não é? Acho, inclusive, que isso nos deixa pior, pela pressão ou obrigação de ter que cumprir todos aqueles planos, alguns até mesmo frutos de pura ilusão e utopia. Com certeza tem o lado que diz que é necessário traçar metas e planos, no entanto, isso não se refere à todas as áreas da vida, muito menos a todos os momentos.

Dessa forma, creio que o único pedido que tenho a fazer para 2012 se resume em uma única palavra: equilíbrio. Quando se tem equilíbrio nos relacionamentos, na área financeira, na profissão, tudo se encaminha como deve ser. Por vezes alguns obstáculos aparecerão, mas, se estivermos focados e nos conhecermos bem, teremos força o suficiente para nos desviarmos ou enfrentá-los. Além de tudo isso, temos que ter em mente o poder da espiritualidade, em seu sentido amplo. Seja você protestante, católico apostólico romano, católico ortodóxico, espírita, budista, islamista, umbandista...não importa a religião, o que é interessante, nesse caso, é estar de bem com quem você acredita ser o "Ser Supremo", compreender sua alma e a alma do próximo, praticar o bem, seguir uma vida de paz, harmonia, equilíbrio e bem estar. Acho de extrema importância nos conectarmos com o que acreditamos, com aquele que cremos existir, com aquele que rege nossas vidas e possui capacidades extraordinárias, principalmente de fazer o bem independente de qualquer outra coisa. Apesar de muito estressada, ansiosa, nervosa e coisas do gênero, existe um lado dentro de mim que expressa o oposto, gosta muito de deixar algumas coisas acontecerem naturalmente, acredito no poder do tempo e creio em Deus e suas "façanhas". De modo que fazer listas não adiantam muita coisa, já que no fim, sempre vou "deixando a vida me levar", vivo bastante o presente (sem me esquecer das lembranças do passado e dos meus objetivos para o futuro).

Como é fácil falar, né?! Bom seria se soubéssemos um jeito de fazer tudo perfeito, porque a prática, ó céus, como suga nossas energias! Mas, se não tentarmos, não experimentarmos mudanças e aprimoramentos, o tempo passa, o mundo a sua volta se transforma, e você permanece, parado no tempo, no espaço, nos sentimentos, na vida. E o que resta? A lamentação ou inquietude (principalmente dos que estão ao seu redor) de estar no presente e viver no passado. Ao mesmo tempo, penso que se tudo fosse perfeito nada teria a mesma graça, seria tudo muito certinho, no lugar, e assim não haveria espaço para fatos bizarros, engraçados, inesperados, surpresas, vitórias e derrotas, como iríamos aprender, adquirir conhecimento e experiência ao longo da vida? De qualquer forma, como a perfeição é algo inalcançável (e como eu sofro por isso, pois confesso que às vezes a minha busca pela perfeição é algo surpreendente!), vamos lutando dia-a-dia para sermos melhores. Se não deu hoje, quem sabe amanhã, afinal, a vida segue! Os planos, as metas, os objetivos existem dentro de nós e devemos fazer o possível para alcançá-los e nos sentirmos inteiros, completos, porém, por que deixar para 2012? Vamos fazer hoje, agora, que tal, vai arriscar? Vamos ser um pouco mais ousados e ter mais coragem! Como disse no início, o tempo passa e, pior, cada vez mais rápido, então, não vamos desperdiçar o tempo que temos hoje, até mesmo porque a saudade é um sentimento sempre presente em nossas vidas - e saudável -, de maneira que seria bem melhor sentir saudade do passado, ao contrário de arrependimento ou más lembranças.

Embora o texto do vídeo não pertença à Clarice Lispector, e sim à Maria Eugênia de Viveiros, é muito bonito, não perde o brilho. (Como hoje em dia está confusa essa história de autores e suas citações, frases, textos, crônicas, não é mesmo?)