Primeiramente gostaria de me desculpar com meus queridos leitores, esporádicos ou não, a minha ausência desse espaço. Infelizmente tenho problemas com horários, acredito que 24 horas tem sido pouco tempo para que eu complete minhas tarefas, mas também imagino que se o dia tivesse mais horas ainda assim não daria tempo, fazer o quê, não é mesmo?! Acontece que quando não estou estudando, estou me alimentando, dormindo, indo ao cinema (uma das únicas "tarefas" que tem me relaxado, realmente feito bem...) ou indo a missa. E, levando em consideração que todas as vezes que eu entro no blog demoro bastante visitando outros e escrevendo no meu, então, nesses últimos dias me afastei um pouco, para que não perdesse muito tempo e prejudicasse meus estudos, que agora são prioridade. Entretanto, sinto muita falta de escrever, de me deixar levar pelas letras, pelos pensamentos, de desabafar (como faço às vezes), enfim, sinto muita falta de entrar no Pausadamente e me libertar de todas as amarras do dia-a-dia...
Hoje, acordei pensando em "abandono", em todos os inúmeros sentidos que essa palavra pode expressar. Pode ser que o fato de eu ter abandonado o blog por uns dias tenha pesado na minha consciência...Então, elegi o tema abandono para essa volta, que espero poder escrever ao menos umas 3 vezes por semana, se não der, no domingo já tá bom. Voltarei com vários temas "Bloggable", desculpa gente, mas não resisti em escrever essa palavra, aprendi ela hoje, sei, sei, estou parecendo aquelas criancinhas vislumbradas com algo, mas, achei interessante, essa palavra já está fazendo parte do dicionário Oxford, leia aqui!
Não raro, muitas pessoas, incluindo este ser que vos escreve, gostaria de abandonar a vida. Naqueles momentos profundos de dor, sofrimento, angústia, nostalgia, impotência, incompetência e todos esses sentimentos nada bem vindos para quem é sensível, para quem a alma faz a diferença, desponta uma vontade de sumir, fugir, esconder, esquecer, desaparecer e, também, por mais triste que seja, morrer. Quando era menor ficava pensando e me perguntando o que leva uma pessoa a cometer suicídio...ainda não tenho essa resposta e acho impossível alguém tê-la, porque tirar a própria vida vai além de qualquer mera análise que eu, ou qualquer outra pessoa a não ser a que se matou, possa fazer (ou poderia, rs). Assim sendo, apenas imagino, e nessa de ficar imaginando, imagino que a dor e o sofrimento transformam a vida do indivíduo, que o amor em falta a sua volta faz muita diferença, que a falta de compreensão e apoio interferem bastante, que a falta de diálogo poderia ter mudado muita coisa, que o amor próprio e a fé (nas suas várias formas) podem salvar vidas sim. O suicídio é incompreensível, já vi casos de pessoas que pareciam estar felizes, trabalhavam, tinham vida social e num dia (não um dia qualquer, imagino) suicidou-se, como explicar? Lógico, surgem inúmeras fofocas, mas apenas a pessoa poderia explicar - ou não - o que a levou àquilo. (Como já diria Carlos Drummond de Andrade: "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.")
O abandono não está só no abandono da vida em si, também está no abandono da alma. Aquele negócio super clichê que dizem por aí sobre "fugir da sua essência" ou "deixar de ser quem você realmente é", enfim, isso também é um abandono. Esse tipo é um abandono da verdade, viver uma vida (tá, redundante, desconsidere, é para dar ênfase mesmo) de mentiras. Também fico me perguntando como uma pessoa é capaz, ou suporta, viver 24 horas por dia mentindo, fingindo, isso é patológico, só pode, ela se acostuma tanto com as mentiras que na cabeça dela já tornaram-se verdades absolutas (se é que verdade absoluta existe...). Gostaria de dizer que nem sempre os fins justificam os meios. Valorizo muito mais uma verdade, mesmo que dita de modo ruim, do que uma mentira, mesmo que essa mentira possa me fazer feliz - até que eu descubra a verdade. O abandono da alma é próprio de pessoas perdidas, confusas, sem uma boa referência e que não se conhecem. Essência, alma, jeito de ser, cada um tem o seu. E pelo jeito, mentiras e verdades, também funcionam assim, cada um com as suas. O problema é quando elas esquecem do que é seu e se apropriam do que é do outro. Por exemplo, mães que instigam crianças a serem como celebridades, no modo de vestir, de se "apresentar", de falar, de ser...só me diz uma coisa, o que esse pequeno ser irá ganhar com isso?
O abandono é um tema muito apropriado para falar de amores e família. Todo mundo conhece alguém, ou já passou por essa experiência, de ser abandonado por outrem. Às vezes acontece de a outra pessoa estar ao nosso lado, mas indiferente, isso também é abandono. Afinal, quem disse que o abandono é só uma barreira física entre os amores ou familiares? Muitos pais por aí dão de tudo aos seus filhos, cheios de presentinhos, fazem as refeições juntos, mas, esquecem-se do fundamental, o amor acompanhado de diálogo. Como também existem muitos enamorados que saem para se divertir, por exemplo, e esquecem-se de que possuem acompanhantes, nem se importam com a pessoa que está ao seu lado. Percebe-se que o abandono está em tudo, penetra nos mais variados atos cotidianos. Pode acontecer de um dia ou outro nós abandonarmos algumas pessoas, isso é culpa dos pensamentos, da "correria", porém, não é abandono quando isso ocorre somente algumas vezes e quando não ocorre somos capazes de expressar os melhores sentimentos por essas pessoas, dar atenção e estarmos de corpo e alma presentes.
Poderia ficar muito, muito e muito tempo por aqui falando das várias vertentes que o termo abandono engloba. Tudo levando em consideração que esse tema está sempre presente em nossas vidas ou nas notícias que nos cercam. O que dizer de uma mãe que abandona um filho no lixo, no rio, no estacionamento e etc? O que dizer de um suicídio? O que dizer de uma pessoa que se diz ser amiga e não demonstra? O que dizer de uma pessoa que diz te amar e as atitudes se contradizem? O que dizer daquele ser que finge ser quem não é? O que dizer de uma "pseudo" blogueira como eu que abandona seu blog? (hahahaha) O que dizer de alguém que abandona as prioridades que alguém deve ter na vida, que abandona os valores para se viver em sociedade, que abandona o que pode existir de mais importante - como os sentimentos que os outros podem ter em relação a esse alguém? Por fim, o que dizer do abandono? Abandono é abandono, pode abrir inúmeras brechas para explicações, como também pode ter explicação alguma. Abandono pode ser traição, como também pode ser um amadurecimento do outro, uma inversão de valores do outro. Abandono pode ser tanta coisa, que eu chego a me abandonar nos meus pensamentos...
O abandono não encontra redenção em nenhuma teoria. Não sucumbe à insensibilidade. Na mente, uma definição doída: a fotografia da indiferença jogada ao relento.
ResponderExcluirLetícia, o trecho acima eu retirei de uma crônica que publiquei faz um tempo no meu blog (ABANDONO). Vi uma reportagem sobre uma senhora que vive na praça da rodoviária de BH e fui lá conferir, pois ela é de minha cidade. Peguei a foto do jornal, pois não a encontrei. Levei para ver se alguém se lembrava dela, mas não consegui. Segundo consta, ela tinha dois filhos e uma condição econômica que não exigia que fosse viver nas ruas. No depoimento ela se recusou a dizer os motivos que a levaram sair de casa e morar na rua. Então eu fiz texto, pois fiquei muito tocado com a situação.
Concordo com tudo o que você disse, a gente teria muitas e muitas páginas para abordar esse assunto tão incômodo.
Um abraço. paz e bem.
Você se abandonar dos seus pensamentos? MAS NEM BRINQUE COM ISSO... rsrsrs.
ResponderExcluirAlgumas coisas acontecem a nossa revelia, Letícia. Veja o seu caso, por exemplo. Você não quis abandonar o seu blog, pelo contrário. Você se obrigou a fazer isso. Alguns "abandonos" são assim, acontecem por força das circunstâncias.
No entanto, alguns outros são ocasionados pelo próprio ser humano e suas inseguranças, por suas incertezas, por suas fraquezas de caráter, e por vários outros motivos.
Um ponto interessante que você citou é o suicídio. E nem sempre ele tem relação com o abandono causado por pessoas de fora. A própria pessoa "se abandona". Junto a isso, ou até mesmo antes, a depressão ataca violentamente. E essa dita cuja é silenciosa. quando a pessoa se dá conta, ou alguém que esteja perto nota os sintomas, já é um tanto tarde.
Esse tema é extremamente desafiador, e dá margem para discutirmos durante horas por aqui. E a sua abordagem já esmiuçou quase tudo de forma maravilhosa.
Também ando "abandonando" me bloguinho, mas por motivos de saúde. Então, para terminar meu comentário, só quero citar algo que você mesma escreveu, lá no comecinho:
"Entretanto, sinto muita falta de escrever, de me deixar levar pelas letras, pelos pensamentos, de desabafar... enfim, sinto muita falta de entrar no Pausadamente e me libertar de todas as amarras do dia-a-dia..."
Você será uma excelente médica, mas esse teu lado voltado para a comunicação fala alto, e como fala... rsrsrs.
Bjs, Letícia.
Marcio
Oi Letícia, fantástico seu texto! A parte em que você descreve sobre pessoas que tem o hábito de mentir então, me vi ali, dentro de certas coisas que aconteceram em minha vida. O fato de passar por coisas difíceis me deu desesperança, mas não sei de onde tirei forças para continuar. E mesmo que a gente pudesse fugir de tudo, nós nunca poderíamos largar o coração e a mente pra trás, né? Bom te ler, beijo!
ResponderExcluirOlá Cacá!
ResponderExcluirOlha, pode ter certeza, assim que eu puder irei ler essa crônica, que, vinda de você, deve ser maravilhosa, se é que pode-se falar em maravilhosa dada essa relação ao tema, então, consertando, bem escrita! rsrs
Abraços!
Márcio, quanto tempo! Melhoras pra você, viu?! Que logo, logo, você possa voltar a esse "mundo paralelo" em que nos "vemos"! :)
Há eu quis dizer na última frase abandonar-me em meus pensamentos, não deixá-los para trás, afinal, o que seria de mim na ausência deles?
Eeeita Marcio, mais uma vez você usando provas que eu mesma "fabrico" para levar-me ao mundo da comunicação, mas não tem jeito, o que eu sinto é voltado pra medicina mesmo. E outra, tenho tantos exemplos de médicos-escritores-jornalistas...vou ser uma dessas!
Obrigada pelo apoio de sempre, você é um verdadeiro ser humano!
Beijos!
Oi Camila!
Obrigada pelo adjetivo! ^^
É, vivemos rodeados de mentiras, a vida é assim, nós mesmas já mentimos algumas vezes, com certeza! rs
São nos piores momentos que descobrimos o quão forte somos!
Não dá para nos esquecermos do coração da mente, impossível! rs
Beeijos,
Letícia Cunha.