quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De cabeça vazia a análise do comportamento social

Hoje resolvi tirar um tempinho e dar uma atualizada por aqui. Mas então, eis que minhas ideias fogem da minha mente. Por que as coisas são assim, né?! Ontem estava com um monte de coisas na minha cabeça e não tinha tempo, além das preocupações que me ocupam muito também. É, percebi que errei, deveria ter anotado, hoje minha cabeça está vazia. Depois dessa análise, fiquei até com receio, afinal, dizem que "cabeça vazia é oficina do diabo".

Entretanto, não devo ficar com medo, minha cabeça está apenas vazia de boas ideias dignas de um post para iniciar o mês de dezembro, tão esperado por tanta gente. Esperado anciosamente pelas crianças com a possibilidade de abraçarem e agradecerem o "Papai Noel" pelos presentes. Esperado pelas crianças um pouco mais velhas ou esclarecidas e pré-adolescentes para a recepção dos presentes, já que elas descobriram a verdade de que papai noel não existe. Esperado pelos jovens para poder entrar de férias, se livrar das provas e etc, ganhar algum reconhecimento dos seus pais e receber presentes e poderem viajar e "curtir a vida". Esperado pelos adultos para poderem tirar uns dias merecidos de descanso e poderem realizar alguns planos, alguns sonhos, viagens. Esperado pelos pais para verem a felicidade dos seus filhos e a família reunida, como poucas vezes acontece. Esperado por inúmeras pessoas que acreditam que poderão haver mudanças em suas vidas, que ainda tem esperança de que o mundo vai ser melhor e de que só coisas boas acontecerão, que sonham em um dia ganhar presentes que nunca tiveram a chance, que esperam pelas bençãos de Deus e de todo o céu para poderem viver mais um ano que logo chegará.

De certa forma, há algumas atitudes nesse mês que me irritam, magoam, chateiam. A hipocrisia, por exemplo, daqueles que só ajudam o próximo nessa época, só agora lembram-se de que existe gente necessitada morando ao seu lado, só agora percebem que famílias inteiras passam fome, só agora enxergam que a carência nem sempre é de comida mas também de amor, carinho, afeto, dignidade, cidadania, e então, só agora fazem doações de cestas básicas, só agora fazem uma "visitinha", só agora levam "algo de bom" para uma ou duas famílias no máximo, afinal, "tenho que guardar dinheiro para minha viagem a Dubai, a Australia, a NYC, não é mesmo? Já esgotei minha cota de boa-ação esse ano! Já fiz demais por esses coitados!".
Dessa forma, ser uma boa pessoa em um único mês é como se valesse para o ano inteiro, o que não é a realidade. E essas pessoas, geralmente, ainda acham que já estão fazendo demais por outros que nem mesmo são da família.

Também tem aqueles que fazem essas ações apenas por questão de status social, para mostrar à sociedade o quão dinheiro e poder tem, o quão é uma "pessoa solidária", e tudo não passa de uma cena teatral muito mal feita, nem mesmo ensaiada.

Outra atitude que me deixa intrigada é o papel da imprensa, da mídia. Com seus verbos no modo imperativo, influenciam as pessoas a consumirem cada vez mais, até mesmo acima do que suas contas bancárias suportam, e assim, terminam um ano endividadas e sem a esperança de que o próximo seja melhor. Não sei quanto por cento "off", liquidações, promoções, ganhe prêmios, compre e concorra, tal celebridade compra aqui venha você também...enfim, inúmeras chamadas, que acabam entrando na cabeça de cada um e influenciando o comportamento das pessoas. É a mídia que diz o que é certo ou errado, que dita a moda do verão, que te "aconselha", que te avisa de que chegou a hora de comprar uma cesta básica -inclusive mais cara- no supermercado e levar àquela mulher do bairro da sua empregada que tem 5 filhos e passou o ano inteiro desempregada. A mídia que lembra que agora é época de "renovar as esperanças", de "esperar por um futuro melhor", de "pensar positivo", de "esperar que seus sonhos se realizem", de "fazer pedidos que serão atendidos". A mídia que te avisa de que é bem visto pela sociadade ir até uma agência de correios e "adotar" uma cartinha de uma criança e realizar o sonho dela, fazer ao menos um dia da vida dela feliz. Claro, é no fim do ano que as pessoas se tornam boas, solidárias, carismáticas, felizes...

Ainda tem o fato da distorção dos símbolos natalinos, do verdadeiro sentido do Natal. Todo mundo sabe que é Natal, que é fim de ano, mas diante de tantas exposições, influencias, publicidades, regras, esteriótipos, a maioria esquece que o Natal é uma época de comemorar a presença de Jesus, de Deus em nossas vidas. Época de agradecer pelo ano que se finda. Portanto, não é apenas a época em que deve-se fartar de comida, engordar kilos e mais kilos, reunir parentes - muitos até então desconhecidos, aproveitar as férias e fazer uma doação.

Mas, para deixar bem claro, sempre há exceções, e qualquer um pode fazer parte delas. Todo dia é dia de parar um pouquinho e olhar para o lado, para ver se tem alguém, conhecido ou não, precisando de apoio. Acredito que muitas vezes o apoio financeiro ou de necessidades supérfluas não supera o apoio emocional que cada um tem condições de dar ao próximo. Dar um pouco do seu tempo para ouvir, aconselhar, alegrar, conversar, rir, brincar. Atenção é o que mais faz falta para a grande maioria. A solidão e a individualidade é um dos grandes males do nosso século. Um ato afetuoso e a partilha de sentimentos verdadeiros podem fazer mais diferença do que R$1,00 entregue no sinaleiro para uma criança. Assim, reitero que o Natal não é a única época em que se deve agir a "favor de toda a sociedadee principalmente dos miseráveis", e sim, todos os dias, até mesmo porque ninguém vive só em época de Natal, vivemos o ano inteiro.

by: Google
 Obs.: Ao pesquisar imagens para colocar na ilustração me deparei com ínumeras contendo neve junto. Foi até difícil escolher uma imagem "bonitinha", bem apresentável que não estivesse com neve. Lembrei-me do quanto somos influenciados também pela cultura norte-americana. Aqui não tem neve no fim do ano e mesmo assim muitas pessoas insistem em enfeitar suas casas, escritórios, etc, com papeis brancos, espumas brancas, bonecos de neve pendurados em árvores de natal, representando a neve. Qual a necessidade e o fundamento disso? Onde está o patriotismo, o reconhecimento da cultura brasileira?

6 comentários:

  1. Estou incomensuravelmente impressionado com a qualidade dos textos dessa menina (é vc mesma Letícia Cunha ) Pensa numa criatura inteligente!!!

    Letícia virei teu fã de primeira vista, ops! de primeira leitura kkkkkkkk

    Obrigado por visitar o PALCO DA MENTE e principalmente por ter me dado a chance de conhecer essa maravilhosa, inefável e sápida sopa de letras intelectuais e bem temperadas que é esse seu blog.

    Parabéns!!!

    Acesse também:
    www.ecosdaalma.com
    www.psycotube.blogspot.com

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  2. HOLA, BONITA. ESTOU MIRANDO TU BLOG (PERDONA MI MAL PORTUGUES) INVITO A VOçÉ A Q' ME VISITES EM "VERSOS NEGROS" CREO Q' TE VA A AGRADAR. SIGO MIRANDO.. LUEGO TE CUENTO..
    BEIJO..

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  3. Noooossa, eu que fico lisonjeada com tantos elogios assim! Não esperava mesmo! Muitíssimo obrigada, de coração!
    Essas palavras bonitas, Kárcio - dignas de um daqueles discursos de político que pouca gente entende mas acreditam que ele seja confiável apenas por falar bem, rs - me impressionaram e encantaram, acho que eu vou ter que começar a acreditar também, kkkk
    Pode não parecer, mas sim, sou eu mesma quem escreve aqui, rs. Comecei com o blog porque muita gente falava que eu escrevia bem, achei legal a ideia, funciona como uma válvula de escape e uma forma de expressão, porque eu fico exageradamente indignada com muita coisa que acontece a minha volta, e essa é uma chance de compartilhar com mais alguém.
    Aah, e eu adorei seus blogs Kárcio, virei sua fã de primeira leitura também! =]
    Obrigada novamente!
    E ambos saibam que irei acessar todos os blogs de vocês sempre que puder!
    Beeijos
    *-*

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  4. Oi Letícia
    Gostei muito do texto sobre comportamento .
    Um momento oportuno quando comemoramos o Natal que possivelmente muita gente desconhece o verdadeiro significado.
    Boas consideraçoes sobre como enfeitamos nossas casas e como nao valorizamos o que temos de lindo por aqui.
    Volto com mais calma pra ler posts anteriores.
    abraços

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  5. adorei seu texto, páh. de verdade. agora eu espero uma história inspirada em mim, :P

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  6. Oiie Lis,
    Seja bem-vinda e volte sempre que lhe der na telha!
    Espero que meus textos sejam cada vez mais agradáveis à sua mente! ^^
    Beeijinho, *-*

    ................................................

    Páh! Que bom ter sua presença por aqui!
    Mesmo com estilos diferentes, só nós sabemos o quanto nos entendemos e temos conexão, não é mesmo? Seja sempre bem-vindo por aqui também!
    E pode deixar, vou escrever um conto nesse final de semana em sua homenagem, mas no meu estilo, kkkkk

    Beijos, beijos, *-*

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Então, o quê você me diz?