segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Papai Noel existe!

Dia 24/12 saímos de casa um pouco antes da ceia, eu e meus dois irmãos, o mais velho e o mais novo, fomos à frente tagarelando. Um pouco depois meus pais entraram no carro em que a gente estava esperando. Fomos à reunião, jantamos, conversamos, e fizemos todas aquelas coisas que se faz numa festa natalina. Voltamos para casa. Eis que uma grande surpresa ocorre. Papai Noel passou na minha casa. Sim, a melhor expressão da noite foi a frase do meu irmãozinho gritando e andando pela casa avisando: "Mãe, Papai Noel existe de verdade, quando a gente saiu de casa tinha nada, nenhum presente, agora quando a gente voltou tem esse tanto de presente aqui! É sério mãe, existe de verdade, eu falei!". E melhor ainda foi ver a alegria, a felicidade, a surpresa e a admiração estampadas num dos sorrisos mais alegres e lindos que eu conheço. E então a noite foi encerrada surpreendentemente com a frase, a surpresa e a alegria do meu irmão, visto que o Papai Noel se lembrou dele e comprou quase todos os brinquedinhos que ele tinha pedido, "do jeitinho que eu queria mãe, igualzinho!". Ah! Estava esquecendo, depois perguntou se o Papai Noel também passava na "Alemanha, na Itália, nos Estados Unidos e nesses outros....[não lembrou a palavra países, rs] é, isso mesmo"

Como se percebe, a tradição ainda persiste aqui em casa, visto que as crianças precisam de um pouco de magia e fantasia para se sentirem felizes e viverem como simples crianças mesmo, como dizem, "tudo ao seu tempo". Imagina se desde cedo uma criança fosse posta num mundo real de verdade, sem sonhar com os presentes que o Papai Noel vai dar de acordo com o comportamento, com o tanto de moedinhas que a Fada dos Dentinhos vai trocar pelos dentes perdidos, com as pegadas que o coelhinho da Páscoa deixou ao fazer a entrega dos ovos de Páscoa, enfim, como seria viver sem essas fantasias se até mesmo muitos adultos preferem continuar a "acreditar" e a sonhar com todas essas "invenções" humanas?

Nesse contexto o que mais me surpreendeu foi a facilidade com a qual meu irmão ainda aceitou a existência do Papai Noel, mesmo diante das contestações de alguns coleguinhas. Desde cedo meu irmão é um símbolo da precocidade e da admiração de muita gente que se surpreende com a inteligência que ele possui, com a facilidade que ele se comunica com qualquer um que disponha de tempo para “bater um papo” com ele, com a quantidade de informações que ele carrega consigo, com a ótima memória que ele tem, e tudo isso sem deixar a inocência e o jeito criança de ser. Acredito que isso seja conseqüência da criação dele, sendo a “rapinha do tacho” ou o “temporão” ou como ele mesmo se intitula “o mais amado e querido” da casa – ele afirma isso por ciúmes, a explicação é que meu irmão mais velho tinha só meus pais para amá-lo (2 pessoas), quando eu cheguei além dos meus pais tinha o mais velho (3 pessoas) e quando ele nasceu além dos meus pais tinham também os dois irmãos (4 pessoas). A convivência diária com pessoas mais velhas, tagarelas, estudiosas, trabalhadoras, com vida social ativa, etc. o fez crescer em meio a muitas informações, misturas culturais e tecnologia. O modo de vida influencia totalmente na educação, na formação de um ser humano, por isso não deve ser deixado de lado. Mas, continuando...ele me surpreendeu com essa atitude, e só então percebi que ele ainda é uma criança pequena, mesmo com atitudes dignas e jeitinhos dignos de pessoas adultas – como a capacidade de construir textos corretos de acordo com a norma culta da língua portuguesa, tudo em completa concordância, ao contrário de muitas crianças que foram criadas com os pais as tratando com aquelas vozinhas melindrosas, falando errado, somente só porque são crianças e eles acreditam que elas “ainda não entendem das coisas e depois irão aprender tudo na escola”.

Mais uma vez digo o quanto a simplicidade é bonita. Meu irmãozinho deu mais um exemplo disso ao abrir o “porquinho” dele, um cofrinho. Aquele tanto de moedinhas, contadas uma a uma por ele mesmo, que no final deram uma boa grana resultaram em simples pedidos de brinquedos: “quero mais vaquinhas, boizinhos, cavalinhos e hominhos para brincar no meu curral e uns carrinhos da hot weheels”. Deixou a mim, meu irmão e minha mãe boquiabertos, pois achávamos que ele iria pedir um daqueles brinquedos exorbitantes, caros e cheios de “nove horas”, mas não, pediu brinquedos baratinhos, simples. Percebi que as crianças são felizes com aquilo que as satisfazem, independente de qualquer outra coisa, e que se não for possível realizar algum desejo podemos conversar e fazer trocas por outros, mostrarmos a elas as vantagens e desvantagens e explicar a situação. Antes eu tinha a idéia de que lidar com criança era mais difícil, de um tempo para cá venho percebendo que não, é um “milhão de vezes” mais fácil, o difícil é ter o “jeitinho” certo e saber lidar com os pais das crianças.

Criança é sim a expressão da verdade, da ingenuidade, do homem puro. A maioria – como já disse depende da criação e da condição da família – não se importa com os presentes e muito menos com os valores dos mesmos, mas se importam com o amor, com o carinho, com o afeto, com as histórias por trás de tudo. A criança é sim capaz de se contentar com simples presentes, não precisa ser um daqueles de propagandas televisivas – enganadoras, diga-se por passagem – basta um que ela possa brincar, se divertir, que a influencie positivamente, que ela possa extravasar as energias, ao contrário do pensamento de muitos pais, que gastam fortunas e viram o ano endividados para agradar um filho com um presente caríssimo mostrado numa propaganda, que logo depois pode estragar ou ser deixado de lado porque já lançaram outro mais atraente. Lógico que não posso deixar de falar que muitos presentes caros e cheios de “nove horas” por aí também são bem vindos e muito divertidos, vai da condição e dos gostos de cada família. Só quero atentar para o fato de que uma criança é verdadeira, inclusive nos sentimentos, então dar presentes para compensar a falta de presença e de amor no dia a dia é pior do que não presentear, e que se endividar para agradar também não é uma boa idéia, afinal, estará ensinando à criança que mesmo que não tenha dinheiro pode gastar e deixar para pagar “depois”, é de criança que se começa a aprender o valor de um papel chamado real. Além disso, uma criança simples, humilde e verdadeira é muito mais bonita do que aquelas que gostam de esbanjar, de humilhar, de abusar da falsidade ensinada pelos próprios pais. Elas podem não saber o valor ao certo de uma nota de dinheiro ou de uma moedinha, mas sabem que para se conseguir é preciso trabalhar – e muito! E para completar, os pais sempre farão de tudo e mais um pouco para agradar aos filhos.

O espírito natalino, tão falado, também está presente na alma das crianças. Elas esperam ansiosamente por esse dia, em que o Papai Noel deixa sua fábrica de brinquedos e viaja a noite inteira entregando os presentes encomendados nas cartinhas ou falados para os pais, “os mensageiros do Papai Noel”. Nessa simplicidade encontram espaço para inúmeras perguntas, divagações, fantasias a respeito desse “bom velhinho”, e a medida que crescem vão percebendo a realidade, alguns acredito que até mesmo se sentem frustrados, mas depois, no embalo da compra de presentes – que é sempre bom – esquecem até mesmo da figura do Papai Noel e do que significava o Natal antes. Acho que olhar o dia 25/12 da maneira como as crianças o fazem é melhor que agora, depois de compreender que Papai Noel não existe e que o comportamento não mede nada, já que teimando ou não, tendo dinheiro, você ganha do mesmo jeito. Entretanto, enxergando de outra maneira, basta saber o significado do Natal e se deixar levar por toda a beleza e o espírito dessa época que ele continua sendo uma data bonita e especial, e por que não continuar a acreditar que Papai Noel existe? Não custa fantasiar um pouco e viver no mundo infantil.

Enfim, ver aqueles olhinhos brilhando, aquele sorrisão alegre estampado no rosto do meu irmão e aquelas frases ingênuas e verdadeiras me fez acreditar que Papai Noel existe, mesmo que não seja uma pessoa concreta, ele é um símbolo, é uma maneira de ser que pode ser encarada por qualquer um e que faz bem a todos que estão a sua volta. Ver as pessoas felizes, alegres, se divertindo, com otimismo é muito bom. O clima natalino deveria estar presente todos os dias, se não o é, não é porque o Papai Noel está de férias, ou está trabalhando na fábrica, é porque simplesmente não queremos ou não permitimos que isso aconteça. Às vezes, possuir o olhar ingênuo e ter as acepções da nossa volta com simplicidade, ao modo infantil, é melhor e de mais valor do que do “jeito adulto de ser”. Portanto, acreditem, sim, Papai Noel existe!

4 comentários:

  1. É, Papai Noel existe, e creio que nada é mais importante para um coração puro que um pouco de magia para enfrentar um mundo tão fútil. Não, perdoe-me, não é o mundo que é fútil. É um mundo de pessoas vazias. E isso é triste demais para qualquer um que se disponibilize a sentir um pouco disso tudo. Mas quem sabe, um dia, Papai Noel traga, numa noite de Natal, um pouco da felicidade de que precisamos?! Enquanto isso, viveremos só de esperança. E não, isso não é ruim. Adorei seu texto rs. Amanda Lino.

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  2. Ahhhhhhhhhhhhhh... me deu o maior nó na garganta... isso é Natal! Quem dera se essa noite se repetisse em todas as noites de todos os anos!

    Feliz 2011 com muito amor e saúde!

    Um beijo carinhoso.

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  3. q coisa mais linda, Lêlê!!!

    eu amooo Natal, e como fui uma criança "abobada" (e assim continuo seguindo), sempreeeeeeee acreditei em papai noel.

    depois q descobri q ele não trazia meu presente na noite do Natal... descobri q ele gera uma esperança e uma renovação na fé das pessoas que é um presente impagavel!!!

    beijo e otimo 2011

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  4. Ah Minha Buchecha prediletaa, você por aqui?! : ) Então, temos o mesmo pensamento...Obrigada pelo carinho! Beijinhos,

    É teca, seria ótimo que tudo se repetisse sempre, sempre sim! Obrigada, Feliz 2011 pra você também, tudo de bom! Beijinhos,

    Aah, adorei o Lelê, porque por aqui quase ninguém me chama assim, ao contrário do meu convívio social e da minha família, onde todos me chamam por diversos apelidos - com exceção dos meus pais,kkkkk! Com certeza, de qualquer maneira o Papai Noel traz muita felicidade e esperança para todos os lares e isso já é um grande presente! Beijinhos, Feliz 2011, tudo de bom!

    Letícia *-*

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